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22 de abril de 2024

22 de Abril 2024 | Dia da Aviação de Caça

Foi realizada, nesta segunda-feira (22), a cerimônia militar alusiva ao Dia da Aviação de Caça. Na Base Aérea de Santa Cruz, localizada no Rio de Janeiro (RJ), a solenidade contou com a presença do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, de representantes do Alto-Comando e de oficiais-generais da Força.


Uma homenagem aos militares que morreram no combate foi realizada no Monumento do P-47, em frente ao túmulo do Brigadeiro do Ar Nero Moura, comandante do 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA) durante a campanha na Itália.



O Dia da Aviação de Caça é celebrado em 22 de abril em alusão à mesma data em 1945, quando uma grande ofensiva do 1º GAVCA contabilizou 44 decolagens em 11 missões em um único dia.



Ao todo, o Grupo destruiu mais de 100 alvos.

Foi o maior número de missões de combate despachadas em um mesmo dia durante a participação da FAB na Segunda Guerra Mundial.

O dia da bravura


Saiba por que o 22 de abril marca a história da Aviação de Caça.

Capitão Horácio, Tenente Lara e Tenente Lima Mendes: há exatos 70 anos, em 22 de abril de 1945, os três realizaram um sacrifício até hoje lembrado pelos militares da Força Aérea Brasileira. Em um só dia, cada um cumpriu três missões de combate contra alvos nazistas no Norte da Itália. Para se ter uma ideia do imenso esforço, a cada missão realizada a bordo dos caças P-47 Thunderbolt, os pilotos chegavam a perder até 2 quilos, em razão do forte calor e do desgaste físico. Eles também enfrentavam a morte, que poderia vir dos disparos da incansável artilharia antiaérea inimiga. Naquele 22 de abril, Horácio, Lara e Lima Mendes decolaram às 8h, 11h40 e 16h. Lançaram bombas e metralharam alvos inimigos, sobrevivendo às três missões consecutivas, separadas por pouco tempo de descanso em solo.


“Só quem esteve em combate sabe o que é voar mais de uma missão no mesmo dia”, escreveu o Major-Brigadeiro do Ar Rui Moreira Lima, em seu livro “Senta a Pua!”. Ele mesmo, na época Tenente, também fez parte daquele dia histórico para a FAB: um grupo de apenas 22 pilotos realizou 44 voos, com onze esquadrilhas de quatro caças P-47 fustigando alvos entre as 8h e 17h. Em todos os ataques, os brasileiros lançavam bombas em pontos estratégicos e passavam, no retorno à base, a procurar novos alvos, como blindados e caminhões. Apenas uma baixa aconteceu, e já na última missão: o Tenente Coelho mergulhou sobre um alvo e, atingido, precisou saltar de paraquedas. Internado em um hospital alemão, dias depois recebeu a rendição de um oficial inimigo e a tarefa de proteger a vida dos feridos até o fim da guerra. 

Recorde


Engana-se quem pensa que o esforço acabou ali. Por mais três dias, depois de 22 de abril, os pilotos brasileiros voaram o suficiente para colocar dez esquadrilhas no ar diariamente. No mês de abril, eles quebraram recorde de missões na campanha da Itália: 135 em apenas 30 dias, o equivalente a 31% dos seis meses anteriores. Entre 6 e 29 de abril de 1945, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça realizou 5% das missões de ataque dos países aliados na região na Itália, mas foi responsável por 15% dos veículos inimigos destruídos, 28% das pontes atingidas, além de 36% dos depósitos de combustível e 85% dos depósitos de munição danificados.

Naquele mês, dois de seus pilotos foram feridos: Capitão Pessoa Ramos e Aspirante Diomar Menezes. Os Tenentes Marcos Coelho de Magalhães, Armando Coelho e Goulart saltaram de paraquedas sobre território inimigo e só retornaram ao final do conflito. Já o Tenente Dornelles acabou abatido e faleceu em seu caça P-47 apenas nove dias antes do término da guerra. Conhecido pela bravura, ele realizou 89 missões de combate.

Esforço


A história de heroísmo começou com a recusa dos brasileiros em abandonar o combate. Após quatro meses, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça teve de desativar uma de suas quatro esquadrilhas, por falta de pilotos. A unidade tinha agora metade do efetivo de aviadores que desembarcaram em Nápoles no ano anterior. Mortes e baixas por saúde exigiam cada vez mais empenho e dedicação. A situação preocupou o comando das forças aliadas. Foi sugerido que a unidade, a única de caça da FAB em combate, fosse desativada. Seu efetivo seria distribuído nos grupos de outros países. Os brasileiros se recusaram. Na prática, a resposta brasileira significava voar mais, com maior frequência, arriscando a própria vida num esforço físico cada vez maior.

Essa história de heroísmo aconteceu no contexto da grande ofensiva aliada já perto da rendição dos nazistas, ocorrida dia oito de maio. A todo custo, os aliados tinham de dominar a região do Vale do Pó para impedir que o exército nazista, em retirada, formasse uma nova linha de resistência. Já experientes, os pilotos tinham a exata noção das consequências da decisão de voar mais. A maioria dos brasileiros chegaria ao final da guerra com mais de 50 missões. Para se ter uma ideia, um piloto americano retornava aos Estados Unidos depois de 35 missões, ficando fora de combate por seis meses, ou voava até completar, no máximo, cem missões, quando encerrava sua participação na guerra. Entre os brasileiros, o Tenente Alberto Martins Torres alcançou a marca de 100 missões de combate na Itália.

Reconhecimento


Em 1986, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça, unidade da FAB ainda ativa, sediada no Rio de Janeiro (RJ) e equipada com caças F-5, se tornou a terceira unidade não pertencente às Forças Armadas Americanas a receber a Presidential Unit Citation, comenda do governo dos Estados Unidos. A recomendação foi do Coronel Ariel Nielsen, comandante do 350th Figther Group, unidade a qual os brasileiros estavam subordinados durante a campanha na Itália. Em sua recomendação, ele escreveu::

“Nas perdas que sofreram nessa ocasião, como também em muitos ataques anteriores, tiveram seu número de pilotos reduzidos à metade em relação às unidades da Força Aérea dos Estados Unidos. Porém, realizaram um número igual de surtidas, operando incansavelmente e além do normal no cumprimento do dever. A manutenção dos seus aviões foi altamente eficiente, a despeito das avarias sofridas pela antiaérea e o desgaste despendido na recuperação dos aviões. Este grupo entrou em combate na época em que a oposição antiaérea aos caças bombardeios estava em seu auge. Suas perdas têm sido constantes e pesadas e não têm recebido o mínimo de pilotos de recompletamento estabelecido. Como o número de pilotos cada vez diminuía mais, cada um deles teve que voar mais de uma missão diária, expondo-se com maior frequência. Em muitas ocasiões, como Comandante do 350th Fighter Group, fui obrigado a mantê-los no chão quando insistiam em continuar voando, porque eu acreditava que eles já haviam ultrapassado os limites de sua resistência física.”


Decolagens das missões do dia 22 de abril de 1945:

8h - Capitão Horácio, Tenente Lara, Tenente Lima Mendes e Tenente Canário
8h05 - Capitão Pessoa Ramos, Tenente Rocha, Tenente Perdigão e Tenente Paulo Costa
8h40 - Tenente Dornelles, Tenente Eustórgio, Aspirante Poucinha e Aspirante Pereyron
9h45 - Tenente-Coronel Nero Moura, Capitão Buyers, Tenente Neiva e Tenente Goulart
10h55 - Tenente Rui, Tenente Meira, Tenente Coelho e Aspirante Tormin
11h40 - Capitão Horácio, Tenente Lara, Tenente Lima Mendes e Tenente Canário
12h40 - Tenente Dornelles, Tenente Eustórgio, Tenente Torres e Aspirante Poucinha
13h45 - Capitão Pessoa Ramos, Tenente Rocha, Tenente Perdigão e Tenente Paulo Costa
14h45 - Tenente-Coronel Nero Moura, Tenente Neiva, Tenente Goulart e Aspirante Pereyron
16h00 - Capitão Horácio, Capitão Buyers, Tenente Lara e Tenente Lima Mendes
15h45 - Tenente Meira, Tenente Keller, Tenente Coelho e Aspirante Tormin

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