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29 de abril de 2024

Exército Brasileiro escolhe o Atmos como seu futuro obuseiro auto-propulsado sobre rodas

A utilização da inteligência artificial nas atividades administrativas do Exército Brasileiro


As organizações militares contemporâneas enfrentam um volume considerável de tarefas administrativas, que consomem tempo e os recursos humanos disponíveis. Há um contingente significativo de profissionais, da linha de ensino bélico, que estão imersos em procedimentos administrativos repetitivos, embora devessem estar engajados em atividades de adestramento e treinamento militar. No entanto, a evolução recente da Inteligência Artificial (IA) trouxe consigo a possibilidade de criação de sistemas de IA altamente especializados, por indivíduos sem profunda expertise em programação. Em 2022, a era da IA foi marcada pela introdução de Modelos de Linguagem de Grande Escala (LLM), que, após serem treinados com vastas quantidades de dados públicos, demonstraram habilidade em interagir com humanos e gerar textos de alta precisão. Em 2023, um dos modelos de destaque, o ChatGPT, permitiu que usuários leigos treinassem a IA para criar serviços customizados, com base em informações e documentos fornecidos.[i] É neste cenário que se desenha um horizonte de oportunidades para o Exército Brasileiro (EB) na adoção dessa tecnologia em funções administrativas, desde que tais aplicações não envolvam dados sensíveis ou que possam afetar a segurança nacional. Um exemplo é o desenvolvimento, por este autor, de uma solução para auxiliar na preparação para o concurso da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Em menos de três dias, a ferramenta foi configurada utilizando como base os baremas de correção de provas anteriores, exames de treinamento e o material de apoio disponibilizado pelo site da ECEME, resultando em um assistente inteligente, capaz de esclarecer dúvidas sobre metodologia de redação, corrigir avaliações e sugerir planos de estudo personalizados. Destaca-se que o objetivo da ferramenta não é substituir a equipe de instrução, mas sim ampliar o treinamento a um maior número de militares, utilizando menos recursos humanos. Além disso, a IA já se faz presente no ensino, conforme exposto pelo Cel Angelo André da Silva em um artigo para o EBlog, abordando a implementação do TROM, um chatbot criado pelo CEADEx para atuar como assistente virtual[iii]. Adicionalmente, a IA tem potencial para revolucionar a gestão de recursos humanos, automatizando e refinando processos de confecção de alterações, identificando mudança de comportamentos, adequando a escala de serviço às atividades e férias, bem como no apoio a procedimentos como sindicâncias e inquéritos policiais militares. No âmbito logístico, um sistema de IA poderia melhorar a eficiência de licitações e contratos, manutenção de veículos e controle de armamentos, contribuindo para uma administração mais ágil e menos suscetível a erros. Outro fator que otimizaria o gasto com munições seria a identificação antecipada da necessidade de revalidação e/ou manejo de munições entre as diversas Organizações Militares de acordo com o ciclo de adestramento e até mesmo com base em mudanças climáticas. Nas seções de operações, poderia auxiliar na seleção de militares para cursos e estágios e na administração de testes físicos, assegurando conformidade e precisão. Um modelo para treinamento e avaliação física poderia assessorar na criação de treinamentos personalizados, na interpretação da legislação, bem como na identificação de possíveis lesões em cursos operacionais. A saúde da família militar também se beneficiaria com a adoção de IA, otimizando o planejamento de recursos financeiros e humanos, identificando demandas em hospitais e contribuindo no diagnóstico de enfermidades[iv]. A identificação antecipada de enfermidades geraria uma grande economia nos gastos com saúde, bem como impactaria positivamente na moral da tropa. Portanto, considerando as múltiplas aplicações da IA em atividades administrativas, urge a necessidade de investigar e implementar soluções de LLM que maximizem a eficiência do tempo e dos recursos em atividades de suporte. Isso liberaria ativos valiosos para serem reinvestidos no aprimoramento e na prontidão operacional da Força Terrestre. As sugestões apresentadas são viáveis em curto prazo e prometem melhorar significativamente o bem-estar da comunidade militar. O Exército Brasileiro está sempre atento às inovações e se prepara para integrar soluções tecnológicas avançadas em sua rotina, evidenciando sua constante evolução e a atenção aos avanços disruptivos da ciência e tecnologia. [i] https://tecnoblog.net/noticias/2023/11/06/openai-lanca-ferramenta-para-criar-versao-personalizada-do-chatgpt/ [ii] https://chat.openai.com/g/g-KRgx0JNLz-assessor-de-preparacao-para-o-concurso-da-eceme [iii] https://eblog.eb.mil.br/index.php/menu-easyblog/trom-inteligencia-artificial-a-servico-da-educacao-militar.html [iv] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9885935/

Atualmente, o Tenente-Coronel Regueira é assessor de defesa cibernética na Junta Interamericana de Defesa. Formado na Academia Militar das Agulhas Negras, em 2022, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais no Brasil e nos Estados Unidos e a Escola de Comando e Estado-Maior. Possui as especializações militares em Operações na Selva Cat “B” e Guerra Cibernética. Possui ainda, o curso de Desenvolvimento de Políticas Cibernéticas pelo Instituto Perry Center (EUA) e o Coalition C4/Cyberspace Operations Planners CourseCoalition da OTAN. Atuou como oficial de planejamento e operações no CDCiber e instrutor no CIGE.
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