Em entrevistas exclusivas para a Sputnik Brasil, o especialista em
Segurança Pública e ex-oficial do Batalhão de Operações Especiais (BOPE-RJ),
Paulo Storani, e o coronel reformado da Polícia Militar do RJ, criador do
Batalhão de Operações Especiais (BOPE) e também especialista em Segurança
Pública, Paulo César Amêndola, mostram visões contrárias sobre a confiabilidade
do esquema de segurança divulgado, que tem o dobro do efetivo usado nos Jogos
de Londres, em 2012.
Paulo César Amêndola acredita que os efetivos determinados para o
patrulhamento dos Jogos são satisfatórios, com agentes qualificados para esse
tipo de ação. “O efetivo que vai atuar na segurança é bem expressivo, muito bem
dimensionado pelos planejadores. Eu creio realmente que vai funcionar muito bem
com este número. Nós já temos experiência aqui no Brasil de cobertura de
grandes eventos envolvendo efetivos militares e policiais, tipo Copa do Mundo,
em que deu tudo certo.”
Amêndola destaca que sempre que há uma competição em nível internacional
no país, o Brasil busca informações e exemplos de países que já foram sede das
competições, para estudar o planejamento, o efetivo empregado e os problemas
ocorridos, a fim de adequar as situações ao Brasil. O especialista acredita que
para os Jogos do Rio 2016 com certeza os exemplos dos Jogos Olímpicos de
Londres, em 2012, e os Jogos Olímpicos de Inverno, na Rússia, em 2014, foram
estudados.
“O Brasil trouxe farto material informativo dos eventos em Londres e na
Rússia, e o material deu lastro para efetuar esse planejamento muito bem
elaborado, detalhado, prevendo todas as possibilidades de ocorrências,
inclusive até na possibilidade, que pode ser pequena mas foi considerada também
no planejamento, que é a questão de atos de terrorismo e a ação reativa.”
Já o especialista em Segurança Pública e ex-oficial do Batalhão de
Operações Especiais da PM-RJ, Paulo Storani, pensa que o megaefetivo policial
mostra que o Brasil não investe em segurança preventiva.
“Essa é a resposta brasileira, quando você não investe em tecnologia e
em prevenção. É você atuar na resposta, na reação a um fato.”
Segundo Paulo Storani, de acordo com o discurso que vem sendo feito pela
Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da
Justiça, fica claro que a mobilização do efetivo trata de responder a fatos que
ocorram, e que todas as medidas de prevenção que poderiam ter sido feitas não
foram implementadas e serão tomadas apenas um mês antes das Olimpíadas.
“A ocupação de território é uma filosofia eminentemente militar, onde se
previne o problema, diminuindo a oportunidade do acontecimento. Estamos falando
de delitos em que possam ocorrer grandes concentrações de pessoas, como esses
grandes eventos. Contudo, a grande ameaça é terrorista, que muitas vezes se
vale da concentração de pessoas para que a pessoa que for perpetrar o ato terrorista
possa dissimular, se perder na massa e acabar alcançando o seu objetivo. E aí,
sim, você vai ter uma resposta por parte dos 85 mil homens.”
Paulo Storani afirma de modo crítico que essa mobilização e o
acompanhamento do terrorismo já deveriam estar sendo feitos desde os Jogos de
Londres, em 2012. “Mas se apenas se mobilizar em julho, um mês antes, você pode
ter certeza de que não vão conseguir identificar células terroristas e
movimentação de recursos financeiros, de materiais e de pessoas que possam
realizar um atentado terrorista, e esse é o grande risco.”
Para Paulo Storani, a organização da segurança em relação a ações
terroristas para os Jogos no Brasil deveria ter sido iniciada desde a escolha
do Rio de Janeiro como sede do evento.
“Como não temos uma legislação sobre isso, eu creio que agentes da
Polícia Federal já deveriam estar acompanhando a organização dos Jogos de
Londres, estarem lá no momento em que aconteceu. E ao término, com todo o
conhecimento da inteligência que foi montada, deveriam dar continuidade a um
processo, com a criação no Rio de Janeiro ou em Brasília de um escritório para
monitoramento desse movimento, a ligação com os serviços de inteligência dos
países que colaboraram com Londres, para que nesse momento se conheçam exatamente
as possíveis ameaças em um evento como esse.”
Sputnik News
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