A base, administrada pelo Instituto
Antártico Argentino e pela Direção Nacional do Ártico, é a única da região
dotada de câmara hiperbárica e capaz de promover mergulhos de pesquisa no
Estreito de Bransfield para estudo da vida marinha.
Atualmente trabalham na
base 37 pesquisadores argentinos, quatro alemães, três italianos e um espanhol
que estudam o impacto do aquecimento global nos glaciares, além de outros
aspectos do ecossistema, da fauna e da flora locais.
A base Carlini também integra a rede
de cooperação científica que o Brasil mantém com outros países na Antártida. A
base brasileira, a Estação Comandante Ferraz, encontra-se ainda em fase de
reconstrução, após ter sido destruída por um incêndio em 25 de fevereiro de
2012, no qual morreram dois militares.
Segundo informou o Centro de
Comunicação Social da Marinha à Rádio Sputnik, após o incêndio, foi realizado
um complexo planejamento logístico-operacional, de modo a atender à
continuidade das pesquisas, que contou com pesquisadores, militares e civis,
além do emprego de cinco navios, para instalação dos Módulos Antárticos
Emergenciais (MAE) que permitiram a permanência brasileira na Antártida.
Segundo o diretor do Centro de
Comunicação Social da Marinha, contra-almirante Flávio Augusto Viana Rocha, as
obras da reconstrução foram iniciadas em dezembro de 2015. A nova estação
contará com 17 laboratórios e terá capacidade para abrigar até 64 pessoas. A
conclusão da obra e a inauguração estão previstas, no contrato, para março de
2017, desde que não ocorram fatos supervenientes que atrasem a obra.
A empresa vencedora da licitação foi
a chinesa Electronics Import and Export Corporation. Quanto ao pagamento
decorrente da reconstrução, consta, na Lei Orçamentária Anual de 2016, recursos
orçamentários (ação da Marinha do Brasil para reconstrução), o valor de R$
137,5 milhões. Os valores para pagamento para 2017 serão de R$ 120 milhões e,
para 2018, de R$ 180 milhões, que estão previstos no Plano Plurianual
2016-2019.
A Marinha lembra que, nas suas três
décadas, o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) pôde realizar uma média
anual de 20 projetos de pesquisas nas áreas de Oceanografia, Biologia, Biologia
Marinha, Glaciologia, Geologia, mudanças climáticas, Meteorologia e
Arquitetura.
O Brasil está na Antártida desde
1982, quando foi iniciada a missão voltada para pesquisas científicas. Foi
apenas em 1975, porém, que o país passou a fazer parte do grupo de países
signatários do Tratado da Antártida, firmado em 1959, por 12 nações, e que hoje
conta com 48 integrantes. Desses, 28 são membros consultivos (incluindo o
Brasil), participando da tomada de decisões do grupo sobre a realização de
pesquisas científicas relevantes no continente antártico.
A Marinha inicia, anualmente, no mês
de outubro, a “Operação Antártica”, que consiste no apoio logístico-operacional
à Estação Antártica Comandante Ferraz. São empregados nessas tarefas
basicamente duas embarcações da Marinha: o Navio Polar “Almirante Maximiano” e
o Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel”.
Os navios executam tarefas de apoio
logístico aos MAE e também auxiliam projetos de universidades brasileiras nas
áreas de Oceanografia, Hidrografia, Biologia, Geologia, Antropologia e
Meteorologia, realizando levantamentos oceanográficos, coletas de amostras de
água e solo marinho, estudo das aves, pesquisas geológicas nas ilhas do
arquipélago das Shetland do Sul e península antártica, além de observações
meteorológicas e do comportamento das massas de água na região, que tanto
influenciam o clima do planeta.
O contra-almirante Viana Rocha lembra
que, para cumprir tais tarefas, os navios transportam helicópteros modelo
Esquilo e Destacamentos Aéreos Embarcados (DAE), composto por militares do
Primeiro Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1).
Contam, também, com o apoio de
equipes de mergulhadores, oriundos da Força de Submarinos da Esquadra
Brasileira, aptas a realizar suas tarefas nas geladas águas antárticas.
Os voos de apoio à “Operação
Antártica” são realizados junto com a Força Aérea Brasileira, para abastecer a
estação com material necessário para a sua manutenção e funcionalidade. A
aeronave utilizada é o Hércules C-130, um avião de transportes de cargas, que,
durante o inverno, realiza o reabastecimento dos suprimentos por meio de
lançamento de paraquedas, tendo em vista que a região é inacessível aos navios
nesse período.
Essas missões de apoio à estação
brasileira são organizadas pela Marinha do Brasil por meio da Comissão
Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) que, além da parte logística e
operacional prepara, também, o cronograma de revezamento dos pesquisadores ao
longo da operação.
As pesquisas são concentradas no
verão quando, anualmente, cerca de 200 pesquisadores realizam suas atividades.
Os cientistas poderão ficar alojados a bordo dos navios, na estação e, ainda,
há aqueles que ficam em acampamentos, dadas às características de seus
projetos, que exigem localização específica. O Proantar dispõe também de quatro
refúgios, pequenas instalações capazes de abrigar até seis pessoas.
Quanto ao intercâmbio científico do
Brasil com outros países, o contra-almirante explica:
“Há cooperação em pesquisa regular com a Argentina e o Chile. Transportamos, normalmente, pessoal e carga de diversos países, entre os quais Alemanha, Bulgária, Peru, Polônia e Portugal. No momento, se encontram na estação brasileira chineses trabalhando na reconstrução, um pesquisador colombiano dentro do projeto de mudanças climáticas e um italiano trabalhando na pesquisa sobre a ionosfera.”
Todo esse trabalho exige disposição,
pois o clima da Antártida é caracterizado por temperaturas extremas nas
altitudes centrais. Na Estação Russa de Vostok, situada a 1.240 quilômetros do
Polo Sul geográfico, foi registrada a temperatura mínima de menos 89º C. Nas
altitudes mais baixas, próximo ao litoral e com a influência das águas, a
temperatura média anual é de menos 10º C. Fortes e frequentes ventos, com
intensidade de até 100 nós, afetam a sensação térmica e as condições
climáticas, no conjunto, contribuem para a rarefação da vida natural terrestre.
Dentro da estação brasileira, em
função do aquecimento e do conforto, o regime de trabalho é de oito horas por
dia. Entretanto, algumas atividades são ininterruptas (24 horas/sete dias por
semana) como coletas de dados para pesquisas, geração de energia e outras.
Os 15 militares selecionados compõem
o Grupo Base que permanece na estação pelo período de um ano, realizando
atividades de logística, apoio e manutenção.
Sputnik News
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