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Mesmo com o L’Adroit atracado no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, é impossível não se impressionar com suas linhas futuristas. |
No dia 10 de fevereiro de 2016, foi aberto à visitação da imprensa o
moderno Navio-Patrulha Oceânico francês L’Adroit (P725).
Trata-se de um sofisticado navio projetado e construído pela DCNS, que
inclui uma série de características de projeto e equipamentos que lhe conferem
flexibilidade e capacidade de realizar diversas missões, entre elas: vigilância
marítima, proteção da Zona Econômica Exclusiva, combate à imigração
clandestina, pesca ilegal, narcotráfico, pirataria, infiltração e exfiltração
de forças especiais, remoção de nacionais em zonas de conflito, etc. Embora
pertencente À DCNS, o navio tem tripulação militar da Marine Nationale, devido
a um inovador acordo sobre o qual falaremos mais adiante.
A imprensa foi recepcionada pelo comandante do navio (Capitão-de-Fragata
Nicolas Guiraud ), o Embaixador da França no Brasil (Laurent BILI), o Adido de
Defesa da França em nosso país (Capitão-de-Mar-e-Guerra Yannick Rest), e o
representante da DCNS, Philippe Missoffe.
Já à primeira vista, é evidente a aparência futurista do navio: convés
“limpo”, a vante e a ré, monobloco da superestrutura a meia nau, costados e
laterais inclinados para diminuir a seção radar (possibilitando um certo grau
de furtividade), passadiço panorâmico (permitindo visão de 360 graus) e ausência
de chaminé “convencional” (os gases de descarga dos motores são conduzido por
dutos à ré da superestrutura, sendo então lançados na atmosfera — esse sistema
ajuda também a diminuir o retorno de radar).
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Essas duas tomadas mostram um dos RHIB Zodiac armazenados na popa do navio, vendo-se logo atrás as portas que são abertas para possibilitar seu lançamento. |
Deslocando 1.450t a plena carga, o navio tem comprimento de 87m, boca de
11m e calado de 3,3m. A propulsão é pelo sistema CODAD (Combined Diesel and
Diesel), a cargo de dois motores diesel de 6MW, acionando dois eixos com
hélices de passo controlável. A velocidade máxima (com os dois motores em linha)
de 21 nós, a autonomia normal é de aproximadamente três a quatro semanas, e o
alcance a 12 nós chega a 14.800km. O L’Adroit é guarnecido por aproximadamente
30 pessoas, mas pode acomodar outro tanto, de acordo com a missão ou em caso de
necessidade (forças especiais, fuzileiros, destacamento aéreo, operadores de
ARP, etc.).
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A imagem revela a porta do hangar e, acima, as janelas da parte traseira do passadiço de 360 graus. |
O navio é armado com um canhão F2 de 20mm/90cal na proa, podendo ser
montada uma metralhadora M2HB de 12,7mm e uma de 7,62mm ou 5,56mm em cada bordo
— além de dois canhões d’água. O espaço disponível, principalmente na proa,
torna possível a adição de outras armas (como canhões de maior calibre ou até,
em teoria, mísseis antinavio MM40 Exocet, embora esses não sejam normalmente
cogitados quando se trata de NPaOc). O convoo pode receber um helicóptero de
até 10t (NH90, Super Puma, Sea Hawk), e o navio pode hangarar e dar suporte a
um helicóptero de até 5t (Panther, Lynx); os helicópteros podem, é claro, ser
armados com torpedos, mísseis antinavio, canhões, etc. As operações aéreas são
possíveis até com mar no estado 5, graças ao sistema passivo de estabilização
de que dispõe o navio.
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A imagem revela a porta do hangar e, acima, as janelas da parte traseira do passadiço de 360 graus. |
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Esse ângulo acentua mais ainda a percepção da inclinação das paredes da superestrutura. |
O L’Adroit possui um radar de busca de superfície Terma Scanter 6002
(banda I), um de busca combinada Terma Scanter 4102 (banda I) —com antenas no
interior do mastro integrado —, dois pequenos radares Themys de navegação e um
sistema optrônico Sagem EOMS (Eletro-Optical Multisensor System) NG, acima do
passadiço.
O EOMS combina capacidade de busca e acompanhamento por
infravermelho (IRST) com direção de tiro eletro-ótica. O sistema de combate é o
Polaris, e o navio é dotado de um sistema de medidas de apoio à guerra
eletrônica Thales Vigile LW Radar Electronic Support Measures (R-ESM) e um
sistema de inteligência de comunicações Thales Altesse Communication Electronic
Support Measures (C-ESM), além de um sistema de lançamento de despistadores
Lacroix Sylena, na proa, com um lançador óctuplo em cada bordo. Outro sensor
embarcado é uma torre FLIR Talon, integrada com o Polaris, capaz de detectar e
identificar embarcações e outros objetos pequenos em alcances maiores que
10km.O Talon pode incluir imageador térmico, câmera colorida, iluminador laser,
e telêmetro laser.
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Em que pese seu porte relativamente pequeno, o L’Adroit é um navio bastante sofisticado. O arco de visão a partir do passadiço é impressionante. |
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Vista de um dos lançadores óctuplos de despitadores, próximos à proa |
Na popa, o navio possui portas por onde pode lançar e recuperar, em
movimento, até dois botes rígidos infláveis (RHIB) Zodiac Hurricane 935 ou
similares, ou ainda veículos submarinos autônomos Zodiac Sirehna; outro RHIB
adicional pode ser transportado na superestrutura. A partir do convoo, podem
ser operados ARP (Aeronaves Remotamente Pilotadas) de asa fixa ou rotativa.
Para sua atual comissão, o L’Adroit deixou a França em janeiro; após a
visita ao Brasil, se dirigirá ao Uruguai, Argentina, África do Sul e
Moçambique, retornando à França em maio. É interessante observar que o L’Adroit
é parte do Projeto Hermes, que objetivava a construção pela DCNS, com recursos
próprios, de um NPaOc demonstrador, para ser operado pela Marine Nationale por
um espaço de tempo pré-determinado, a custo zero ( anão ser os operacionais,
como combustível, etc.). Entre os objetivos estava o recolhimento de
informações que validassem certos aspectos do projeto das variantes maiores
(corvetas/fragatas) da “família Gowind” (da qual o L´Adroit é o primeiro
membro). A DCNS, diga-se de passagem, já comercializou dez corvetas “Gowind”
(quatro para o Egito e seis para a Malásia).
Assim, a DCNS construiu o L’Adroit e o lançou em 18 de maio de 2011, com
as provas de mar sendo iniciadas em 27 de julho do mesmo ano; em novembro de
2011 foram conduzidos ensaios com a ARP não tripulada Schiebel S100, de decolagem
vertical. O navio, incorporado em 19 de março de 2012, já operou no mar
Mediterrâneo e nos oceanos Índico, Pacífico e Atlântico. O período de cessão à
Marine Nationale será encerrado em 31 de julho de 2016. Não foi divulgado ainda
o que acontecerá a seguir, mas uma das possibilidades é a venda do navio,
principalmente levando-se em conta o fato de que ele foi mostrado a diversos
países durante esse longo tempo de navegação.
Artigo originalmente publicado na pagina oficial Revista Segurança & Defesa.
( http://segurancaedefesa2.provisorio.ws/L'Adroit_Rio.html )
( http://segurancaedefesa2.provisorio.ws/L'Adroit_Rio.html )
(Fotos Segurança & Defesa/Ricardo Pereira)
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