As Forças Armadas têm sido “duplamente atingidas” pelas restrições orçamentárias impostas pelo governo, disse nesta quinta-feira (7) o ministro da Defesa, Aldo Rebelo, em audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Em primeiro lugar, observou, seu ministério sofre de forma imediata os cortes impostos também a outras pastas. Em segundo, disse ele, os cortes aprofundam uma tendência histórica de diminuição comparativa de investimentos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).
— As Forças Armadas do Brasil têm recebido uma média de recursos
inferior à de outros países do Brics [grupo que também inclui Rússia, Índia,
China e África do Sul] e da América do Sul. Estamos buscando contornar o
contingenciamento de recursos de forma a retirar a parte que se destina a
programas estratégicos — informou Rebelo.
A redução de recursos destinados à defesa nacional foi um dos principais
temas do debate entre o ministro e os parlamentares da comissão. Primeira
parlamentar a se manifestar, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) ressaltou
o papel “fundamental” das Forças Armadas na região amazônica, apesar do
orçamento “extremamente insuficiente”. A senadora Ana Amélia (PP-RS) alertou
para o risco de os cortes orçamentários virem a prejudicar não apenas os
projetos estratégicos dos militares, mas os próprios gastos de custeio das
Forças Armadas.
Amazônia
Em sua exposição inicial, Aldo Rebelo observou que o Brasil tem mais de
17 mil quilômetros de fronteiras a serem defendidas, além de um espaço aéreo de
dimensões continentais e uma “gigantesca” geografia marítima. Ele ressaltou o
papel estratégico da defesa da região amazônica, onde se encontra a maior faixa
de fronteira com os demais países da América do Sul. A região, disse o
ministro, tem “vulnerabilidades diversas” em função da grande expansão
territorial, da baixa densidade demográfica, do baixo índice de desenvolvimento
e da presença do crime transnacional.
— Só reduziremos as vulnerabilidades da Amazônia e a sua exposição aos
riscos do crime organizado se a região for beneficiada por medidas de caráter
mais ousado e ambicioso de todo o país. Se não oferecermos à Amazônia apoio e
solidariedade, temo que os laços de identidade que ligam aquelas populações à
nacionalidade possam conhecer um processo de fragilização — advertiu o
ministro.
Olimpíadas
Em relação à segurança dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro,
tema mencionado pela senadora Ana Amélia (PP-RS) e pelo senador Tasso
Jereissati (PSDB-CE), Aldo Rebelo procurou tranquilizar os parlamentares
informando que os recursos para a proteção do evento não foram contingenciados
pelo governo.
O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) ressaltou a necessidade de garantir
a independência tecnológica das Forças Armadas brasileiras. Ele também defendeu
a expansão do serviço militar obrigatório, para garantir boa formação aos
jovens e evitar que muitos deles venham a participar do crime organizado.
A segurança pública também foi tema da manifestação do senador Antonio
Anastasia (PSDB-MG). Ele informou que a violência tirou a vida de 58 mil
pessoas no país em 2014, mais do que em diversas guerras que acontecem pelo
mundo. O senador também demonstrou preocupação com a continuidade dos
investimentos na produção de helicópteros e veículos blindados em Minas Gerais.
Alcântara
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) — que dividiu a presidência da reunião
com o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) — manifestou preocupação com a retomada do
projeto de lançamento de foguetes da base de Alcântara, no Maranhão, lembrando
que recentemente o governo brasileiro rompeu acordo com a Ucrânia nesse
sentido. Ele recordou ainda que um acordo semelhante a esse foi feito com os
Estados Unidos, mas não obteve aprovação do Congresso Nacional. Em resposta, o
ministro informou que visitou os Estados Unidos no ano passado, ainda como
ministro de Ciência e Tecnologia, e que nesse encontro os dois governos
manifestaram disposição de retomar o debate sobre o acordo de salvaguardas para
permitir o lançamento de satélites em Alcântara.
Ministro das Relações Exteriores
Ao final da reunião, Aloysio Nunes informou que foi remarcada para 12 de
maio a participação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em
audiência pública da comissão.
Agência Senado
Nenhuma observação sobre os vencimentos e o PL 4255?
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