“O Brasil não é apenas visto como um bom parceiro comercial, mas
entendido como o principal pólo tecnológico da América do Sul”. Essa é a
avaliação do Vice-Presidente Executivo da Associação Brasileira das Indústrias
de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE), Carlos Afonso Pierantoni Gambôa,
responsável pelo Pavilhão Brasil da FIDAE 2016.
Em parceria com a APEX-BRASIL (Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos) e apoio do Ministério da Defesa, a ABIMDE,
juntamente com o CECOMPI (Brazilian Aerospace Cluster), coordenou a exposição
de mais de 60 empresas que compõem a BID (Base Industrial de Defesa) para
apresentarem seus produtos, novidades e, acima de tudo, para terem a
oportunidade de iniciar novos negócios com o mercado internacional.
“Nosso maior objetivo aqui na FIDAE é propagar para o Mundo, e
especialmente para nossos vizinhos latino-americanos, a concepção de que nós já
dominamos muitas das tecnologias que são comumente buscadas na Europa e nos
Estados Unidos”, explica Carlos. Segundo ele, as empresas brasileiras testam e
aprovam os produtos, que possuem ainda um diferencial: “Nossa linguagem é a
mesma. Não há conflito de interesses e nosso princípio básico é pelo respeito à
soberania. Por isso, fica difícil não considerar nossos produtos a melhor opção
para o país quando os apresentamos”, conclui.
Segundo dados da ABIMDE, as empresas que integram o Projeto Setorial
ABIMDE/APEX-Brasil exportaram juntas cerca de US$ 4 bilhões em 2014, o que
equivale a 90% das exportações brasileiras do setor de defesa e segurança.
Deste montante, US$ 2,4 bi referem-se a produtos de alta tecnologia. “O Brasil
passa por uma crise econômica, mas, que como todas as crises, são passageiras.
E uma das soluções possíveis está na exportação. É a nossa meta: fomentar o
mercado por meio da consolidação do nosso espaço no exterior”, elabora o
vice-presidente.
A idéia também é compartilhada pela Secretária de Produtos da Defesa, do
Ministério da Defesa, Perpétua Almeida. Primeira mulher a assumir a pasta,
Perpétua assumiu o objetivo de desenvolver uma política industrial e de
inovação para o setor, especialmente pelo investimento nas exportações. “No que
diz respeito ao mercado externo, precisamos ser mais ousados, como são nossos
concorrentes. Temos alguns gargalos a superar, como a inexistência de um
sistema de inteligência focado em oportunidades de vendas e a fragilidade das
amarrações institucionais para promover as exportações. Estamos trabalhando em
ambas as linhas”, ressalta.
A FIDAE é considerada o primeiro passo para as exportações de produtos e
serviços relacionados à defesa e segurança, e o mercado da América do Sul.
Dentre as áreas potenciais para negócios estão: radares, armas não letais,
aeronaves de treinamento, sistemas de simulação, proteção cibernética, mísseis,
aviação militar, embarcações de patrulha e veículos blindados, entre outros.
FIDAE
A FIDAE é um dos principais destinos para aqueles que desejam investir
em negócios de Defesa e Segurança. Com mais de 35 anos de existência, o evento
reúne expositores e possíveis parceiros em potencial, vindos dos cinco
continentes. Estreitar o contato com tais empresas e representantes
governamentais é o grande objetivo dos empresários brasileiros.
Entre as empresas brasileiras participantes estão desde o BNDES, que
apresenta as principais ferramentas de apoio à exportação, à gigante EMBRAER,
passando por dezenas de pequenos e médios negócios, aliás, foco atual da
ABIMDE. “O crescimento da indústria nacional também está aliado diretamente ao
investimento e ao apoio às pequenas e médias empresas. Precisamos fortalecer a
cadeia de fornecimento. São as pequenas empresas que constituem a base para um
projeto efetivo de longo prazo para o Brasil. Ainda temos muita margem de crescimento.
Precisamos apenas investir de maneira criativa, correta e estratégica.”,
garante o vice-presidente da ABIMDE. “Nossos planos e metas são grandes e
queremos cumpri-los. Um deles é justamente chegar à vigésima edição da FIDAE,
em 2018, com o KC-390 entre nossas atrações, pronto e operante”.
Gripen
Um sucesso garantido em muitos eventos da sueca SAAB, inclusive na FIDAE
2016, é o mockup do Gripen NG, caça multifuncional adquirido pela Força Aérea
Brasileira (FAB) que está em fase final de montagem e com previsão de voo ainda
para este semestre. Projeto estratégico para a FAB, a aquisição da aeronave
representa ainda a aquisição de conhecimento e vários outros benefícios diretos
para o Brasil.
“Um dos maiores retornos para o Brasil nessa parceria é o capital
humano. Temos atualmente 55 engenheiros trabalhando conosco na Suécia. Em duas
semanas, outros 30, além de suas famílias, seguem para o país. No total, serão
350 brasileiros até o final do processo do desenvolvimento conjunto em
Linköping”, contabiliza Andrew Wilkinson, Diretor Gripen Brasil.
Empresas como Embraer, AEL, Akaer, Atech, Inbra e Mectron devem enviar
engenheiros para a sede da Saab em Linköping. Eles vão atuar no desenvolvimento
da aeronave, gerenciamento de projeto, desenvolvimento de simuladores e
certificação, dentre outras atividades. Com status de parceiro no projeto
Gripen NG, o Brasil terá papel de protagonista no desenvolvimento da versão
para dois pilotos e nos primeiros estudos de viabilidade do Sea Gripen, modelo
com adaptações necessárias para operar a bordo de porta-aviões.
Após a temporada no exterior, esses engenheiros trabalharão em um prédio
em Gavião Peixoto (SP), onde ficará a sede da SAAB no Brasil. A previsão é que
tudo fique pronto em junho e que em novembro de 2016 já esteja em pleno
funcionamento.
Em 2019, sairá da fábrica na Suécia a primeira aeronave para o Brasil.
Das 36 unidades adquiridas, quinze serão produzidas no Brasil, com a última
prevista para entrega em 2024. A Força Aérea da Suécia já encomendou outras 60
unidades do modelo. Ao todo, são 96 encomendas firmes, e a expectativa é
aumentar os números com novas exportações.
Esquadrilha da Fumaça
Entre as atrações da indústria brasileira durante a FIDAE 2016, a
EMBRAER promoveu o portfólio de peso, com o KC-390, nova aeronave de transporte
tático/logístico e reabastecimento em voo da FAB, que está em fase de testes;
e, principalmente, o A-29 Super Tucano, caça desenvolvido pela empresa que
cumpre na Força as missões de defesa aérea, treinamento avançado, ataque leve,
escolta, patrulha aérea de combate e na formação de líderes da aviação de caça.
A aeronave turboélice incorpora os últimos avanços em aviônicos e
armamentos e foi concebido para atender aos requisitos operacionais da Força
para uma aeronave de ataque tático. Outros países como Estados Unidos, Angola,
Colômbia e Chile também operam o A-29. O Super Tucano foi, inclusive, o cartão
de apresentação da Esquadrilha da Fumaça, já tradicional no evento, mas que
realizou neste sábado (02), pela primeira vez em solo internacional, um show
aéreo com a nova aeronave.
Agência Força Aérea
Nenhum comentário:
Postar um comentário