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Traficante aponta fuzil para
viatura da PM que trafega pela Linha Vermelha, rota das delegações olímpicas na
chegada ao Rio(Reprodução/VEJA)
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Por: Leslie Leitão, do Rio de Janeiro
Na
Linha Vermelha, principal via de acesso ao aeroporto do Galeão, um traficante
aponta um fuzil para motoristas e viaturas da PM. A foto postada nas redes
sociais mostra que, a menos de dois meses do início da Olimpíada, o Rio de
Janeiro continua refém dos criminosos
Para
quem não está familiarizado com o tema, a foto pode parecer, numa primeira
olhada, a imagem de um desses joguinhos de guerra que viraram febre mundial nos
videogames. O fuzil AR-15, calibre 5.56, está apoiado em uma parede de tijolos.
Na mira holográfica, o alvo é um carro da Polícia Militar que trafega pela
Linha Vermelha, às margens do Complexo da Maré. O criminoso não atirou porque
não quis. O mais assustador, no entanto, é que, a menos de dois meses para o
início dos Jogos Olímpicos, a via expressa sitiada por traficantes armados até
os dentes é trajeto quase que obrigatório das mais de 200 delegações e 80
chefes de Estado que desembarcarão no Aeroporto Internacional do Galeão para o
maior evento esportivo da história do país.
O
site de Veja procurou especialistas em segurança que são unânimes em dizer que
o território precisa ser ocupado, diante do risco iminente registrado na foto.
"Ele não matou os policiais porque não quis", diz Vinícius
Cavalcante, diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança.
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Nas margens da Linha Vermelha, a
casa utilizada por um criminoso para fazer a imagem ameaçando a
polícia(Reprodução/VEJA)
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Apesar
de não falar oficialmente sobre a questão, a previsão das autoridades é de que
o Complexo da Maré - onde três facções criminosas disputam as bocas de fumo
espalhadas por 16 favelas - não será ocupado novamente, pelo menos não nos
moldes da ocupação que ocorreu entre abril de 2014 e junho de 2015, numa
operação das Forças Armadas que custou mais de 600 milhões de reais. Além do
custo elevado, o Exército sofreu com os tiroteios constantes que custaram a
vida do soldado Michel Mikami e que deixaram outros 27 soldados feridos. Para
se ter uma ideia, entre 2004 e 2015, o Exército teve apenas oito de seus homens
baleados em dez diferentes missões de paz da Organização das Nações Unidas
(ONU) pelo planeta, entre elas no conflagrado Haiti.
A
crise financeira, de fato, é um problema. Não apenas visando a Olimpíada, mas
especialmente no pós-Jogos. O governo do Rio de Janeiro adiou a implantação das
famigeradas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) por tempo indeterminado, a
ponto de a própria Secretaria de Segurança estar devolvendo 2,5 milhões de
reais emprestados pela Assembleia Legislativa (Alerj) para a construção de uma
delegacia na região, o que não tem previsão para acontecer.
Apesar
de a PM informar que a imagem não é recente, ela começou a percorrer em grupos
de WhatsApp de policiais como novidade. E foi através dela e do Google Street
View que os próprios policiais do batalhão da área (localizado a cerca de 500
metros) identificaram a casa utilizada pelo traficante para fazer a foto. Ela
fica na Favela Parque União, dominada pelo Comando Vermelho.
A
mira holográfica utilizada pelo criminoso é importada e custa cerca de 1.500
reais. O acessório, que só pode ser comprado com autorização do Exército, é
utilizado pelas principais forças de combate do mundo. "O enquadramento do
alvo é rápido, porque a mira fica alinhada ao cano do fuzil. Marcação é somente
no visor. É um item muito bom para combate aproximado", afirma Cavalcante,
lembrando que o fuzil da foto é similar ao AR-15 utilizado pelo terrorista que
invadiu uma boate e matou 49 pessoas no fim de semana passado, em Orlando, na
Flórida.
Revista
Veja
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