No
ano passado, quase metade da receita da Embraer veio de novos produtos ou produtos
significativamente melhorados. "Para manter-se competitiva, a Embraer tem
de ser inovadora o tempo todo", afirma o vice-presidente-executivo de
operações, Mauro Kern Jr. Para isso, a companhia aplica 5,6% do faturamento em
P&D, o que representa cerca de R$ 1,13 bilhão por ano. "Temos uma
equipe de engenheiros cujo papel é olhar 15 anos à frente", explica Kern.
Para
2016, a empresa, que tem 90% da produção vendida ao exterior, quer investir até
R$ 2,12 bilhões em atividades inovadoras, quase o dobro de 2015.
"Perseguimos o investimento de 10% do faturamento global." disse
Kern.
A
Embraer foi apontada como a empresa mais inovadora do país na segunda edição do
anuário "Valor Inovação Brasil", produzido pelo Valor em conjunto com
a consultoria Strategy&. Com o objetivo de estimular o desenvolvimento de
tecnologias e reconhecer esforços de companhias que investem em inovação, o
anuário, que circula hoje, listou as cem empresas mais inovadoras do Brasil.
As
dez primeiras do ranking e as 17 líderes em cada setor foram premiadas ontem à
noite em São Paulo, num evento que reuniu mais de 400 pessoas. Foi quase o
dobro do número de presentes ano passado, durante a primeira edição do prêmio.
"E ano que vem vai dobrar de novo", brincou Henrique Luz, vice-presidente
da PwC, controladora da Strategy&.
A
maioria dos executivos das empresas vencedoras destacou que já sente sinais de
melhora na confiança e que, nas companhias em que atuam, os investimentos em
inovação não têm sofrido com a crise econômica.
Para
Jorge Lopez, presidente da 3M, multinacional que ficou em segundo lugar no
ranking geral da premiação e líder do segmento Indústria Química e de
Transformação, os meses de abril e maio "foram complicados", mas há
expectativa de melhora a partir do segundo semestre. "Nossas projeções
indicam que a economia começa a avançar a partir de junho com um segundo
semestre mais favorável ", disse Lopez."Já tivemos alguns sinais na
economia que estamos indo melhor do que já passamos e isso é fundamental",
disse André Fachetti, gerente-geral de gestão tecnológica do Centro de
Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras. De acordo com o executivo, a empresa
tem mantido o investimento em inovação mesmo diante do cenário de crise e dos
ajustes na companhia.
Os
investimentos da companhia estão atrelados às regras do setor de petróleo, que
exigem aporte de 1% da receita bruta em projetos de pesquisa e inovação. Ele
explicou que houve pequena queda nos valores em dólar por conta da variação
cambial e da queda do valor do petróleo, mas a Petrobras redirecionou esforços,
focando-se em questões que afetam a companhia como um todo e projetos com
impacto no longo prazo.
Segundo
Alfredo Miguel Neto, diretor de assuntos corporativos para América Latina da
fabricante John Deere, primeira colocada na categoria Veículos e Peças, a
economia vai levar mais tempo para retomar um ritmo mais intenso de
crescimento. "Vemos expansão a partir do segundo semestre do ano que vem,
começo de 2018. Se você vislumbra que o mercado volta em dois anos, e não se
prepara, não tem produto adequado." A John Deere tem buscado fazer
investimentos de pesquisa com recursos próprios, sem depender de linhas de
financiamento públicas.
Márcio
Estefan, diretor comercial da Algar Telecom, inovadora campeã do setor
Telecomunicações, diz que vê recuperação da economia a partir do ano que vem.
"Em tempos de crise, é preciso ter organização na busca por recursos e
calibrar bem o risco. O resultado é que os clientes nos procuram, não retraímos
nosso investimento. Prova disso foram as aquisições de empresas de fibra ótica
no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em novembro do ano passado.
"Nascida
no mundo digital, a varejista Netshoes tem a inovação como parte do dia a dia,
disse Graciela Tanaka, diretora de operações da companhia. "A idade média
na empresa é de 27 anos, são pessoas que querem fazer diferente. Pode ser uma
coisa simples, uma mudança de processo que faça a diferença para a empresa",
disse.
O
representante da campeã do setor Farmacêuticas e Ciências da Vida, Stephani
Saverio, diretor de novos negócios, parcerias e internacionalização da Aché,
informou que a meta de investimento em inovação da companhia está entre 8% e
10% do faturamento líquido. "Foram R$ 200 milhões no ano passado e
queremos estar dentro dos 10% este ano.
"Para
Saverio, "a questão política é importante, atrapalha a economia no curto
prazo, mas mantemos as previsões de investimento porque entendemos que os fundamentos
macroeconômicos estão mantidos, apesar da política".
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