Roberto
Godoy O Estado De S. Paulo
O
avião de ataque leve A-29 Super Tucano, da Embraer, está sendo utilizado há
pouco mais de dois meses pela aviação militar do Afeganistão para bombardear
posições dos movimentos extremistas Taleban, Al-Qaeda e Estado Islâmico. A
primeira missão do turboélice brasileiro na guerra ao terror foi na noite de 15
de abril, em Badakhshan, no nordeste do país, contra o abrigo onde estava um
comandante local de forças radicais.
Nos
dias seguintes, operações foram realizadas no vale do Rio Khostaki e no
distrito de Jurm. A região abriga uma poderosa base de insurgentes. Três
líderes locais morreram nos bombardeios. Autoridades afegãs não revelaram suas
identidades. Um deles era do Tajiquistão e foi morto com outras 12 pessoas. O
Taleban publicou em seu site que entre as vítimas, “da mesma família”, havia
mulheres e crianças não militantes.
As ações, sempre noturnas, atingiram um campo de treinamento, provavelmente do EI, segundo um oficial do Exército. Dois depósitos - um de munições e armas, outro de equipamentos de comunicações - foram destruídos. Um comboio que levava rebeldes a um refúgio no Vale do Kuran foi interceptado a tiros pelos A-29.
A
Força Aérea do Afeganistão (FAA) emprega oito Super Tucanos. Os primeiros 4, de
um lote de 20 unidades, chegaram ao país em janeiro. O segundo esquadrão foi
recebido em março. Os 12 aviões que completarão a frota serão agregados à frota
da FAA até 2018. O contrato de fornecimento, firmado em 2012, no valor de US$
428 milhões, inclui peças, componentes, material de suporte e treinamento.
O
cliente pagador é o governo dos Estados Unidos que, por meio da Força Aérea
(USAF) negociou o pacote com a Embraer Defesa e Segurança (EDS), e com sua
parceira americana, a Sierra Nevada Corporation. Os aviões são montados na
fábrica que a EDS mantém em Jacksonville, Flórida, onde atua um pequeno número
de brasileiros. Após a integração dos sistemas eletrônicos com as asas e a
fuselagem, cada aeronave é recebida pelo 81.º Esquadrão da USAF, na Base de
Moodys, no Estado da Georgia. É lá que os pilotos afegãos são preparados.
O
comandante da aviação do Afeganistão, general Abdul Wahab Wardak, quer montar
uma força com 150 aeronaves, entre as quais uma divisão inteira de helicópteros
“e mais 20 ou 30 Super Tucanos”. A encomenda suplementar dos A-29, em discussão
de prazo aberto com o Departamento de Defesa dos EUA elevaria o acordo da
Embraer para US$ 850 milhões.
O
grupo que voa os turboélices brasileiros cumpriu um breve ciclo de instrução. A
partir da base anexa ao aeroporto internacional de Cabul, os oito pilotos e
seus técnicos cuidaram da patrulha armada, vigilância e reconhecimento de
terreno. Na segunda quinzena de março começaram os ensaios de lançamento de
bombas, guiadas e ‘burras’, de queda livre, lançamento de foguetes de 70
milímetros e tiros com as metralhadoras .50 fixas, orgânicas do avião. Logo em
seguida, fogo real. O time de aviadores terá, talvez, uma oficial combatente. A
capitã Niloofar Rahmani, de 24 anos, está inscrita no ciclo preparatório para
comandar um Super Tucano. Niloofar pilota cargueiros C-130 Hércules.
Os
aviões vão à luta com avançados sistemas de armas da classe JDAMS, para cumprir
missões de bombardeio de precisão, segundo o coronel Mike Lawhorn, porta voz do
programa Apoio Decisivo, de cooperação entre a Otan e o Afeganistão. Cada kit
conta com um dispositivo de direção laser e mais os sensores para lançamento
das novas SDB (Small Diameter Bombs), bombas inteligentes, mais leves que as da
geração anterior, mas sem perda do poder de destruição e com alcance na faixa de
50 km. Atacar os redutos dos extremistas islâmicos é uma tarefa complicada. Os
rebeldes constroem refúgios subterrâneos sob 10 metros de rochas nas montanhas
escarpadas. O acesso é difícil. A tarefa dos Super Tucanos será a lançar as
cargas explosivas nos pontos de acesso a essas cavernas.
A arma correta para este ambiente montanhoso do Afeganistão.
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