Da mesma forma que a humanidade deve a um brasileiro o pioneirismo do primeiro voo em um "engenho" mais pesado que o ar, os brasileiros devem à sua Marinha o reconhecimento pelo significativo esforço por ela realizado, para a implantação da aviação no nosso país. Cinco anos após o voo pioneiro de Santos Dumont, ou seja, em 1911, dois fatos já mostravam o interesse da Marinha sobre as aeronaves, em uma visão prospectiva das potencialidades do seu emprego no campo militar. Tais fatos foram: a 29/04/1911 recebia o seu "brevet" de piloto, na França, o Tenente da Marinha JORGE HENRIQUE MOLLER, primeiro militar brasileiro a receber tal qualificação; e a 14/10/1911 era fundado o Aero Clube Brasileiro, tendo como seu primeiro presidente o Almirante JOSE CARLOS DE CARVALHO.
A
história da Aviação Naval Brasileira se inicia a 23 de agosto de 1916, com a
assinatura, pelo Presidente Wenceslau Braz, do Decreto de criação da Escola de
Aviação Naval, primeira escola militar de aviação do país e, portanto, o berço
da nossa aviação militar e o marco de nascimento da Aviação Naval.
De
suas instalações iniciais na carreira do antigo Arsenal de Marinha, a Escola de
Aviação Naval passou depois para a ilha das Enxadas, e posteriormente para a
ponta do Galeão, onde funcionou até 1941, quando, em função da criação do
Ministério da Aeronáutica, a Marinha se viu privada do seu componente aéreo.
Este
período inicial de vinte e cinco anos - 1916 a 1941 - conhecido como a primeira
fase da Aviação Naval, registra a ocorrência de diversos fatos marcantes, pelo
pioneirismo das atividades desenvolvidas, tais como: realização dos primeiros
"raids" aéreos entre as cidades do Rio de Janeiro e Angra dos Reis, e
entre o Rio de Janeiro e Campos; transporte da primeira mala aérea civil e da
primeira mala aérea militar; primeiro voo de Santos Dumont, como passageiro, em
uma aeronave militar brasileira; primeiro voo de um Presidente da República em
uma aeronave militar brasileira; e a participação de aviadores navais
brasileiros em operações reais de patrulha, durante a Primeira Guerra Mundial,
integrando o 10° Grupo de Operações de Guerra da Royal Air Force (RAF).
Com
a extinção da Aviação Naval em 1941, a Marinha participou da Segunda Guerra
Mundial sem o seu componente aéreo orgânico, componente este que se mostrou
indispensável para a condução das operações de guerra no mar, como a história
daquele conflito tão bem demonstrou.
Somente
em 1952, portanto após um intervalo de onze anos, ressurge a Aviação Naval,
dando início à sua segunda fase com a criação da Diretoria de Aeronáutica da
Marinha, prevista na Lei nº1658, de 04 de agosto de 1952, que estabelecia uma
nova organização administrativa para o Ministério da Marinha. Mais do que uma
simples ação de reestruturação ditada apenas por questões administrativas,
aquela Lei na verdade refletia o reconhecimento da necessidade da Marinha
voltar a possuir a sua Aviação Naval Orgânica. Somente em 1958 a Marinha
receberia suas primeiras aeronaves e em 1961 chegaria ao Brasil o NAeL
"Minas Gerais". Até então não havia na Marinha um Comando Operativo
Superior que centralizasse as tarefas inerentes à Aviação Naval. Esta falta foi
suprida, quando em 5 de junho de 1961, pelo aviso Ministerial nº1003, foi
criada a Força Aérea Naval. Por este aviso, o Comandante em Chefe da Esquadra
exercia cumulativamente, o Comando da então Força Aérea Naval, ficando sediado
a bordo do NAeL "Minas Gerais".
Esta
segunda fase se estendeu até 1965, quando, por força de Decreto Presidencial, a
Marinha ficou restrita às aeronaves de asa rotativa, os helicópteros.
De
1965 até o 1998 a Aviação Naval viveu a sua terceira fase, e o fez com muito orgulho,
pois a Marinha do Brasil é uma das poucas marinhas do mundo que opera com
helicópteros embarcados, inclusive no período noturno, em navios de porte
relativamente pequeno.
A
partir de 08 de abril de 1998 com a assinatura do Decreto Presidencial nº 2538;
começamos a viver a quarta fase da Aviação Naval, passando a Marinha a ter a
capacidade de operar aeronaves de asa fixa.
Mais
uma vez pode a Marinha contar com o idealismo e a abnegação de uma nova geração
de pioneiros, que partindo praticamente do nada, construíram as bases sólidas
da estrutura técnico-operativa de que hoje dispõe a Aviação Naval. A criação e
a construção do Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN) em um
terreno no quilômetro 11 da Avenida Brasil; a formação de pessoal; a construção
do Complexo Aéreo Naval em São Pedro da Aldeia, para onde foi posteriormente
transferido o CIAAN; a criação de unidades aéreas; a incorporação do NAeL
"Minas Gerais" e posteriormente do NAe “São Paulo”, são apenas alguns
poucos exemplos do muito que foi feito.
Atualmente,
a Aviação Naval é composta, basicamente, da Diretoria de Aeronáutica da
Marinha, do Navio Aeródromo São Paulo e do Comando da Força Aeronaval, que se
encontra sediado em São Pedro da Aldeia, à qual estão subordinadas a Base Aérea
Naval de São Pedro da Aldeia, o Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval
Almirante José Maria do Amaral Oliveira, a Policlínica Naval de São Pedro da
Aldeia, o Centro de Intendência da Marinha em São Pedro da Aldeia, cinco
Esquadrões de Helicópteros e um Esquadrão de Aviões; de mais três Esquadrões de
Helicópteros sediados em Manaus, subordinado ao Comando do 9º Distrito Naval,
em Ladário, subordinado ao Comando do 6º Distrito Naval e em Rio Grande,
subordinado ao Comando 5º Distrito Naval.
Além
dos exercícios operativos que realizam com os nossos fuzileiros navais ou
embarcados nos navios da Esquadra e das Forças Distritais, os nossos
helicópteros também participam de comissões hidrográficas em navios da
Diretoria de Hidrografia e Navegação, nas Operações Antárticas e, ainda, em
diversas missões de apoio, destacando-se as de caráter humanitário, tais como
as de busca e salvamento, as de transporte em programas sociais do governo
federal e as de assistência hospitalar as comunidades ribeirinhas.
A
sua Aviação Naval está, portanto presente sobre a imensidão azul dos nossos
mares, no mundo verde da Amazônia, no Continente Branco, no Pantanal, e em
qualquer outro cenário onde a sua atuação se faça necessária.
Missão
"Proporcionar
o apoio aéreo adequado aos Comandos Operativos no desempenho de suas tarefas, a
fim de contribuir para a realização de operações navais e operações terrestres
de caráter naval."
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