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AFP / MAHMUD TURKIA,
STR
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Esta
intervenção americana poderia ajudar as forças do GNA a retomar o controle de
Sirte, principal reduto do EI na Líbia, mas também poderia complicar a situação
nesse país mergulhado no caos.
Quem
combate o EI em Sirte?
Além das
milícias da cidade de Misrata, os melhor armados do país com aviões MiG,
helicópteros de ataque e tanques, várias outras milícias baseadas no oeste do
país participam desde 12 de maio na ofensiva para retomar Sirte, bem como
instalações militares e instalações petrolíferas.
Estas
milícias são formadas principalmente por ex-rebeldes que derrubaram o regime de
Muammar Khaddafi em 2011 e que, em seguida, se recusaram a depor suas armas.
Sob um
comando comum, com base em Misrata, aliaram-se ao GNA, a autoridade reconhecida
pela comunidade internacional e com sede em Trípoli.
E desde
segunda-feira, os aviões de combate americanos realizam ataques na região.
Como os
ataques americanos ajudam o GNA?
Embora
tenha aeronaves que realizem ataques contra EI, as forças pró-GNA, que perderam
mais de 300 homens desde o início da ofensiva de Sirte, não têm armas de
precisão e não podem importar em razão do embargo imposto pela ONU à Líbia
desde 2011.
Com
veículos 4x4 equipados com metralhadoras e DCA e alguns tanques, entraram nos
combates de rua com os extremistas, que dispõem de franco-atiradores e minas
terrestres colocadas entre as casas, e que recorrem frequentemente a atentados
suicidas.
"Armas
eficazes e precisa vão provavelmente ajudar a ganhar a batalha", indica à
AFP Reda Issa, um porta-voz das forças do GNA, referindo-se aos ataques aéreos
americanos.
Mas de
acordo com Patrick Skinner, especialista em assuntos da Líbia na empresa de
consultoria Soufan Group, os ataques americanos - oito desde segunda-feira -
"não mudaram as regras do jogo, mas seria interessante ver se eles vão
continuar."
Por que
os Estados Unidos?
Os
Estados Unidos, que atacam o EI no Iraque e na Síria desde 2014, afirmaram
repetidamente o seu compromisso de "destruir" este grupo, responsável
por atrocidades em áreas sob seu controle e ataques mortais especialmente em
países do Ocidente.
Além de
suas enormes capacidades militares, as forças dos Estados Unidos também contam
com informações preciosas sobre as táticas e movimentos do EI, obtidas por meio
de suas relações com os serviços de inteligência regionais.
Segundo
Mattia Toaldo, pesquisador do Conselho Europeu de Relações Exteriores, os
pró-GNA "lutam contra o EI em sua fortaleza, e é normal que (o presidente
Barack) Obama concorde em ajudá-los".
No âmbito
doméstico, o GNA "quer mostrar às demais forças líbias, particularmente
aquelas estabelecidas no leste, que também mantém boas relações com as
potências estrangeiras", declarou em alusão ao governo paralelo com base
em Bayda, que denunciou a intervenção americana.
No final
de julho, o GNA havia acusou a França de "violação" do território,
após o anúncio por Paris da morte de três de seus soldados que realizavam uma
missão de inteligência junto com as forças ligadas às autoridades de Bayda, que
governam as regiões de leste.
Quais as
consequências para a Líbia?
Desde a
queda de Muammar Khaddafi em 2011, a Líbia é atormentada por disputas de poder
e violência, que favoreceram o estabelecimento do EI no país.
Depois de
muitos protestos na Líbia contra a presença militar francesa no leste, a
intervenção dos Estados Unidos poderia, por sua vez, agravar a crise política
no país.
Para
Skinner, o GNA vai aproveitar a ajuda militar americana "a longo
prazo", mesmo que apenas por ter "aberto canais de comunicação"
com Washington.
Também
poderia contar com o apoio americano para desviar a atenção da grave crise
econômica, com uma escassez de liquidez e serviços públicos ineficientes, de
acordo com Toaldo.
A intervenção
americana "desagrada as autoridades do leste, que há muito lutam contra os
extremistas", acrescenta.
A mais
alta autoridade religiosa do país, o controverso Dar al-Iftaa, também
considerou que o apoio dos Estados Unidos "rouba" o show das forças líbias.
Líbia, um
novo front?
Ainda não
é certo se outros membros da coalizão internacional que combate o EI no Iraque
e da Síria vão estender sua luta para a Líbia.
Obama
defendeu a intervenção na Líbia, afirmando que derrotar a organização extremista
era uma questão de "segurança nacional" para o seu país e seus
aliados europeus.
O
Pentágono sugeriu, por sua vez, que os ataques vão continuar "durante
semanas, não meses".
"É
muito cedo para dizer se essa operação vai continuar", de acordo com Toaldo.
"Quantas alvos você pode atingir em uma área que não excede 20 km2"?
Agence
France-Presse (AFP)
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