Do
G1 Ma
Nesta
segunda-feira (22), o maior acidente da história do Programa Espacial
Brasileiro completa 13 anos. Três dias antes do lançamento, o Veículo Lançador
de Satélites (VLS) passava por ajustes finais da Torre Móvel de Integração
(TMI), no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), norte do Maranhão, quando
uma ignição prematura de um dos motores resultou na explosão do protótipo de 21
metros de altura e na morte de 21 tecnologistas do Departamento de Ciência e
Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
A
causa apontada pelo relatório final de investigação, concluído pelo Comando da
Aeronáutica em fevereiro de 2004, foi um ‘acionamento intempestivo’ provocado
por uma pequena peça que ligava o motor.
A
comissão de investigação descartou a possibilidade de sabotagem, de grosseira
falha humana ou de interferência meteorológica, mas apontou ‘falhas latentes’ e
‘degradação das condições de trabalho e segurança’, entre eles saídas de
emergência que levavam para dentro da própria TMI, além de estresse por
desgaste físico e mental dos tecnologistas.
O
acidente, também uma das maiores da corrida espacial, chamou a atenção de todo
o mundo, e foi acompanhada de perto pelos repórteres da TV Mirante. O Repórter
Mirante de agosto de 2013 relembrou os 10 anos da tragédia e trouxe depoimentos
de quem sentiu de perto os impactos da explosão.
A
explosão assombrou os nativos da península, removidos pelo governo federal em
março de 1983 para instalação do CLA e transferidos para sete agrovilas,
localizadas a 14 km do município de Alcântara.
“Ouvi
um ‘booooooommm’. Eu olhei e perguntei: meu Deus, o que é que está acontecendo?
Foi uma explosão e foi para o rumo do quartel. Depois olhamos a fumaça. Com
poucas horas soubemos da notícia. Foi horrível”, relatou a trabalhadora rural
Leandra de Jesus Silveira.
“Foi
uma explosão assim tipo um trovão. Sabe quando dá um trovão mesmo temeroso? Foi
assim que deu. Poucos minutos depois a gente saiu da casa e olhou a fumaceira”,
recorda o pescador José Louziano.
Famílias
das 21 vítimas
Todos
os anos, parentes e amigos homenageiam os 21 engenheiros e técnicos do DCTA de
São José dos Campos, com uma queima de fogos – às 13h23, horário do acidente –,
seguida do oração.
Nova
TMI
O
acidente levou à adoção de novas medidas de segurança no centro de lançamento.
Inaugurada em 2012, a nova TMI promete ser mais segura. Ao redor da torre de 33
metros de altura e mais de 380 toneladas, uma extensa fiação garante corrente
elétrica para um dos estágios da plataforma do veículo lançador de satélites.
A
área foi projetada e construída com concreto armado, tudo para evitar problemas
como o que ocorreu em 23 de agosto de 2003, quando houve um incêndio plataforma
e, em menos de dez segundos, a temperatura chegou a quase 3,5 mil °C.
Novo
acidente
Em
novembro de 2015, um novo acidente assustou moradores de Alcântara. Um foguete
suborbital modelo VS-40M V3, construído no DCTA de São José dos Campos,
explodiu no momento do lançamento.
Todo
o foguete foi perdido e a estrutura de lançamento danificada. O lançamento
fazia parte da Operação São Lourenço.
A
plataforma levaria ao espaço um componente do Sistema de Navegação (Sisnav),
denominado Sistema de Medição Inercial (Sismi), acompanhado de um GPS de
aplicação espacial desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN) – em cooperação com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e
apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) –, ainda em fase de qualificação.
Centro
de lançamento
Unidade
da Força Aérea Brasileira (FAB) no Maranhão, o CLA foi construído para ser
ponto de lançamento de foguetes científico-tecnológicos pela localização
geográfica estratégica, já que não era possível a ampliação do Centro de
Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) de Natal (RN), que sofria processo de
expansão urbana na época. A fundação ocorreu no dia 1º de março de 1983,
assinada por João Figueiredo.
A
escolha da cidade histórica de Alcântara foi motivada pela proximidade com a
Linha do Equador, que catalisa o impulso dos lançadores, economizando
combustível utilizado nos foguetes.
Até
o desenvolvimento do VLS, foram necessários 20 anos de pesquisa e
aprofundamento. Nos últimos anos, a retomada do desenvolvimento do veículo
espacial que coloque um satélite nacional na órbita do planeta Terra com o
impulso de parcerias internacionais foi acelerada.
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