Colisão resultou em desaparecimento
de aeronave e piloto no mar do RJ.
Rebeca Nascimento
Do G1 Região dos Lagos
O piloto de caça da Marinha que
sobreviveu a uma colisão há duas semanas no litoral de Saquarema, na Região dos
Lagos do Rio, viu a outra aeronave cair "de barriga" na água, mas não
viu se o piloto dela conseguiu ejetar, segundo informações do Capitão de Mar e
Guerra Fonseca Júnior, Chefe de Estado Maior do Comando da Força Aeronaval. Na
primeira entrevista após o acidente, concedida nesta terça-feira (9) na Base
Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, o capitão relatou o que a instituição já
sabe sobre a queda do caça e sobre o desaparecimento do piloto.
"O outro piloto viu a
aeronave caindo na água. A aeronave entrou basicamente de barriga na
água", explicou o comandante, que também disse não acreditar que a
aeronave tenha se partido em vários pedaços. "Ela pode ter partido alguma
parte dela, mas ter se desintegrado totalmente eu não acredito", disse.
Questionado se o piloto sobrevivente conseguiu ver o outro se ejetar, o comandante
respondeu: "Ele não conseguiu ver (se o outro piloto se ejetou)".
Segundo Fonseca Júnior, a Marinha
sabe do ponto exato onde o AF-1 Skyhawk caiu e conta com equipes de busca por
terra e mar, além de mergulhadores e dos navios de Socorro Submarino “Felinto
Perry” e de Pesquisa Hidroceanográfico “Vital de Oliveira”, especializados em
buscas. Mesmo com o efetivo, o comandante explica a dificuldade em conseguir
sucesso nas buscas, que seguem sem interrupções.
"São as características do
mar, as condições de ressaca que por determinados momentos dificultam um pouco
as ações de buscas, mas o processo está andando de uma maneira normal",
disse Fonseca Júnior.
O acidente aconteceu na tarde do
dia 26 de julho, durante um treinamento padrão de ataques a alvos de
superfície, que estavam em uma embarcação. As duas aeronaves estavam realizando
a aproximação para o início dos ataques quando houve a colisão e o caça AF-1
Skyhawk caiu no mar. Nesta terça, a Marinha também confirmou que dois pneus da
aeronave que caiu no mar foram encontrados em Cabo Frio e Arraial do Cabo. O
comandante mostrou uma aeronave do mesmo modelo que caiu no mar (foto abaixo).
Além do ponto onde a aeronave
caiu, a Marinha também tem pontos específicos possíveis, apontados pelos equipamentos
de sonda. Esses pontos são vistoriados pelos mergulhadores. No local, segundo o
comandante, o fundo do mar é cheio de sedimentos, o que dificulta a
visibilidade.
Equipamentos e procedimentos
estavam regulares
Segundo o Capitão de Mar e Guerra
Fonseca Júnior, todo o equipamento da aeronave estava funcionando
perfeitamente, até mesmo os dois localizadores que estavam na cadeira e no
colete do piloto. Nenhum deles foi ativado.
"As investigações estão
sendo conduzidas para que todos esses fatores contribuintes que aconteceram no
acidente possam ser elucidados. [Os localizadores] estavam instalados na
aeronave e em perfeitas condições de uso. Os voos sem equipamentos de
localização são proibidos", garantiu.
Mesmo com o acidente, o
comandante diz que a instituição não pensa em rever os procedimentos. Além da
aeronave estar em situação regular, os pilotos que participavam do treinamento
eram experientes e capacitados para o equipamento, continua o comandante, tornando
o que ele definiu como uma "missão rotineira".
"Os procedimentos se
manterão. Essa aeronave possui os equipamentos que são preconizados pela norma
e os procedimentos que estavam sendo adotados são procedimentos consagrados
mundialmente e tudo continuará como vem sendo feito, obedecendo os critérios de
segurança".
As aeronaves envolvidas no
acidente foram projetadas em 1950, foram construídas em 1979 e foram comprados
pelo Brasil do Kuwait após a Guerra do Golfo. A Marinha do Brasil possui 23 exemplares
do Skyhawk da versão A-4KU. O processo de modernização inclui 12 delas. Apenas
duas já estavam com o processo concluído: as duas envolvidas no acidente.
Investigações do acidente
Até o momento, duas investigações
correm sobre o caso. No dia seguinte ao acidente, a Marinha abriu um Inquérito
Policial Militar, para apurar as causas do choque entre os dois caças. O prazo
para a apresentação de um parecer é de até 60 dias. Uma Comissão de
Investigação de Acidentes Aeronáuticos (ComInvAAer) também foi estabelecida,
ainda no dia 26, com o objetivo de identificar os fatores que contribuíram para
o acidente e visando prevenir novas ocorrências. Ao final da investigação, será
emitido um relatório.
Os dois pneus encontrados no
litoral de Cabo Frio e Arraial foram os primeiros componentes da aeronave
encontrados. Segundo o comandante, eles foram encontrados nos dias 28 e 30 de
julho, mas a informação só foi divulgada nesta segunda (8) para que fosse
comprovado que eles faziam parte do caça.
A Marinha revelou na terça-feira
(2) que a aeronave era vista nos radares do mapa aéreo brasileiro e sumiu no
ponto da queda, em Saquarema. Atualmente, as buscas se estendem da Praia de
Geribá, em Armação dos Búzios, até o litoral de Maricá. A instituição preserva
o nome dos pilotos envolvidos no acidente.
Ex-militar opina sobre o caso
Para o especialista Alexandre
Galante, ex-militar da Marinha e consultor em assuntos militares, defesa e
acidentes aéreos, o caça pode ter se desintegrado ao se chocar contra a água,
dificultando a localização das partes da aeronave. Na entrevista desta terça o
comandante Fonseca Júnior rechaçou esta possibilidade. Alexandre, que também é
piloto virtual (pilota simuladores), conversou com o G1 por telefone
diretamente do Texas, no Estados Unidos, onde mora atualmente.
Confira a reportagem completa.
http://g1.globo.com/rj/regiao-dos-lagos/noticia/2016/08/piloto-que-sobreviveu-viu-caca-caindo-de-barriga-na-agua-diz-marinha.html
Fato muito triste este ocorrido.
ResponderExcluir