"A
partir de novembro, os dias serão mais longos”. Assim o Exército alemão anuncia
Die Rekruten (os recrutas), uma série feita para a web no modelo reality show,
lançada na terça-feira (01/11) como parte do esforço da corporação para promover
a própria imagem no país.
O
objetivo, segundo os militares, é desmistificar alguns clichês associados às
Forças Armadas. E o público alvo é a geração que atingiu a maioridade depois
que a Alemanha extinguiu o serviço militar obrigatório, em 2011.
Na
série, 12 jovens – dez homens e duas mulheres – são enviados para o norte do
país por três meses para um treinamento militar. As imagens são em grande parte
feitas pelos próprios participantes. A produção custou cerca de 1,7 milhão de
euros – e gerou críticas.
"A
campanha é profissional, mas não propaga necessariamente a imagem de um
Exército, onde se precisa também lutar e matar", disse o militar da
reserva e especialista em relações públicas Sascha Stoltenow, ao jornal Die
Welt. "A impressão deixada é que o Exército alemão é um grande parque de
diversões."
Alguns
políticos criticaram o projeto, dizendo ser um desperdício de dinheiro e de
recursos. Hans-Peter Bartels, comissário parlamentar para as Forças Armadas,
questionou a utilidade da série e disse que as Forças Armadas precisam de
investimentos importantes em equipamentos.
"A
atual situação de segurança exige que as decisões sobre estes investimentos não
sejam empurradas com a barriga”, disse Bartels, do Partido Social-Democrata
(PSD), sigla que governa em coalizão com a União Democrata Cristã (CDU) da
chanceler Angela Merkel.
O
partido A Esquerda também criticou a série, a qual classificou como
"baboseira”. "Não precisamos de propaganda para morrer no exterior”,
afirmou o legislador estadual Peter Ritter, segundo o jornal Göttinger
Tageblatt.
A
série estreia pouco depois de a chanceler federal Angela Merkel anunciar planos
para expandir as Forças Armadas. Entre as medidas, o fim do teto de 185 mil
soldados em serviço, com a perspectiva de recrutar mais de 14 mil novos
militares até o ano de 2023.
A medida representa uma guinada de tendência na Alemanha, onde as Forças Armadas têm diminuído desde a Reunificação. Em 1990, o número de soldados chegava a 550 mil; em maio passado, havia 177 mil alemães servindo o Exército.
A
expansão militar vem à luz de novos desafios, como a crise migratória – mais de
1 milhão de migrantes entraram na Alemanha em 2015 – e as missões no exterior.
O país envia, por exemplo, cada vez mais soldados à base turca de Incirlik para
apoiar o combate ao "Estado Islâmico".
Sob
pressão dos EUA, que pediu mais de seus aliados da Otan, Merkel anunciou em
outubro que aumentaria o orçamento da Defesa até 2020 de 39,2 para 60 bilhões
de euros. "No século 21, não receberemos tanta ajuda como recebemos no
século 20”, disse a chanceler alemã na ocasião.
Deutsche
Welle
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