A
partir de janeiro, serão ativados COMPREP e COMAE, em substituição ao COMGAR e
COMDABRA, respectivamente
Afinal,
o COMAR vai virar Ala ou é a Base Aérea que vai ser a Ala? O que existe de
diferente entre COMGAR, COMDABRA, COMAE e COMPREP? O objetivo deste artigo é
explicar essas novidades de forma didática para todo o efetivo.
Na
realidade, a substituição de Bases Aéreas e Comandos Aéreos Regionais (COMAR)
por Alas não é uma simples mudança de nomes. Do mesmo modo, o Comando de
Preparo (COMPREP) e o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) serão
organizações diferentes dos atuais COMGAR e COMDABRA. Tudo isso faz parte de
uma transformação na estrutura organizacional da Força Aérea Brasileira. Uma
mudança com foco operacional.
Cada
Ala será uma organização operativa de nível tático, comandada por um Brigadeiro
do Ar ou Coronel-Aviador, com responsabilidade focada tanto nas atividades de
preparo quanto nas ações de emprego da Força, quando assim for determinado. Em
outras palavras, as Alas, distribuídas pelo território nacional, serão o
símbolo de uma Força Aérea focada em sua missão fim.
A
razão de ser do comandante da Ala é a atividade operacional, ou seja, treinar
ou empregar os esquadrões subordinados, de acordo com as diretrizes e os planos
emitidos pelos escalões superiores. Ele não terá grandes preocupações com
atividades administrativas, mas deverá coordenar com os órgãos especializados
todo o apoio necessário para que seus comandados alcancem os padrões
previamente definidos, de forma segura, eficaz e eficiente.
Atividades
rotineiras como aquisições de materiais e serviços, pagamento de diárias, conservação
e reforma de instalações, fornecimento de alimentação, manutenção de viaturas e
atendimento a pensionistas, que antes eram de responsabilidade de um comandante
de um COMAR ou de uma Base Aérea, por exemplo, passam a ser executadas por
órgãos especializados, subordinados aos Órgãos Setoriais de Logística, Pessoal
e Administração. Em outras palavras, segregamos as atividades-meio no COMGAP,
no COMGEP e na SEFA e abrimos o caminho para as modificações operacionais.
Para
cumprir sua missão, a Ala será constituída basicamente por esquadrões aéreos,
além de grupos, esquadrões e esquadrilhas especializados em manutenção de
aeronaves, suprimento de aviação, armamento aeronáutico e segurança e defesa.
COMPREP
O
COMPREP, a ser ativado no início de 2017, será responsável pelas atividades
permanentes de preparo das Alas – a organização, o adestramento, a avaliação
operacional e a geração de doutrina - , bem como a integração desse treinamento
com as demais Forças Armadas brasileiras e Forças Aéreas de países amigos. Na
prática, o COMPREP irá aglutinar parte das atribuições e tarefas atualmente
praticadas no Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR) e nas quatro Forças
Aéreas (FAE).
COMAE
O
COMAE, que também entrará em operação no início de 2017, será o Comando
Operacional Conjunto, permanentemente ativado, responsável pelo planejamento,
coordenação, execução e controle das operações aeroespaciais, tanto recorrentes
quanto eventuais. Esse novo comando abarcará as atividades de defesa aérea e
antiaérea desenvolvidas pelo Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro
(COMDABRA), conjugando ainda as ações de Emprego da Força Aérea anteriormente
conduzidas pelo COMGAR e pelas quatro FAE, como o transporte aerologístico, a
busca e salvamento e a patrulha marítima, além das operações conjuntas
determinadas pelo Ministro da Defesa. Nesses casos, o COMPREP, sob orientação
do Comandante da Aeronáutica, adjudicará meios de uma ou mais Alas ao COMAE
para que sejam realizadas as ações necessárias ao cumprimento da missão que lhe
foi atribuída.
Reestruturação
Esse
novo modelo promove uma particularização de preparo e emprego em diferentes
comandos, o que é uma prática utilizada por diversas forças armadas ao redor do
mundo.
Serão
criadas 15 Alas que serão sediadas nas seguintes localidades: Anápolis, Belém,
Boa Vista, Brasília, Campo Grande, Canoas, Galeão, Manaus, Natal, Santa Cruz,
Santa Maria, São Paulo, Porto Velho, Recife e Salvador. As Bases Aéreas de
Fortaleza, Santos, Florianópolis e Afonsos, que serão Bases de Desdobramento,
sem esquadrões aéreos permanentemente sediados, serão subordinadas diretamente
ao Comando de Preparo (COMPREP).
Uma
só Força Aérea
Ao
analisarmos os modernos conceitos de emprego da arma aérea, constatamos que os
diferentes tipos de “aviação”, como Busca e Salvamento, Caça ou Reconhecimento,
na maioria das vezes, trabalham de forma integrada, constituindo um corpo único
de emprego. Esta mudança foi determinada pela própria evolução do Poder
Aeroespacial e tem sido corroborada pelas experiências em exercícios como
CRUZEX, RED FLAG, MAPLE FLAG, SALITRE e CEIBO, que mudaram, significativamente,
as táticas e as técnicas de Emprego da Força Aérea. Por exemplo, a aplicação
das aeronaves em
Missões
Aéreas Compostas – os “voos em pacotes” – mostrou-nos o valor de combinar
distintos meios aéreos para alcançar melhores resultados em uma operação
militar.
Além
disso, os diversos tipos de sensores que equipam as aeronaves da FAB permitem a
execução de variados tipos de ações até mesmo em um único voo. Por exemplo, o
P-3AM, ligado à “Aviação de Patrulha”, tem capacidade de executar um variado
rol de ações, e suas tripulações devem compartilhar táticas, técnicas e
experiências utilizadas pela “Aviação de Reconhecimento”. De maneira
semelhante, a próxima aeronave de combate da Força Aérea, o F-39 Gripen, terá
uma incrível capacidade multiemprego, inclusive a possibilidade de reconhecer
objetivos específicos enquanto realiza engajamentos com alvos pré-designados.
Enquadrar essas aeronaves como parte dessa ou daquela “aviação” seria limitar
suas potencialidades.
Deve-se
considerar, ainda, que os cenários vislumbrados para o Emprego da Força Aérea -
combate além do alcance visual, comunicações por enlace de dados, operação de
aeronaves em rede, artilharia antiaérea de médio e longo alcances, influência
dos ambientes cibernético e espacial – apontam para a obrigação de integrar
cada vez mais o adestramento dos Meios de Força Aérea entre si e com os meios
das demais Forças Armadas.
Dessa
forma, a segmentação dos esquadrões de voo em diferentes “aviações” é imprópria
para o Emprego da Força Aérea e, consequentemente, para o preparo de suas
estruturas operativas e de seus recursos humanos. Este é um dos motivos de
termos em uma mesma Ala diferentes tipos de “aviações”.
É
bom lembrar que o planejamento e o controle centralizados e a execução
descentralizada das ações configuram-se como um fundamento crítico para o
efetivo emprego de Poder Aeroespacial, maximizando esforços, oferecendo
coerência às operações e resultando em uma considerável otimização dos meios.
Sinergia
entre comandos
Na
nova estrutura organizacional da Força Aérea, os processos de trabalho estão
agrupados em atividades operacionais e administrativas. Entretanto, as
organizações operativas e de apoio não podem agir isoladamente. Ao contrário,
devem atuar em conjunto para atender aos interesses comuns da Força Aérea.
Um
comandante de Ala, por exemplo, não tem sob seu comando todas as Organizações
de Aeronáutica da sua localidade, como um hospital de área ou um destacamento
de infraestrutura. Contudo, os comandantes, chefes e diretores dessas
organizações, apesar de estarem subordinados a outros Órgãos de Direção
Setorial, devem congregar esforços para apoiar o comandante da Ala no
cumprimento de sua missão.
Esse
modelo já está vigorando desde 2015, quando foram criados os primeiros
Grupamentos de Apoio (GAP). A partir de janeiro de 2017, os GAP, que serão
subordinados à SEFA, prestarão apoio de licitações, tesouraria, subsistência e
gestão de pessoal, entre outras atividades, aos comandantes das Alas e demais
organizações da FAB na localidade, que terão mais tempo para se dedicarem às
suas atividades principais.
Por
fim, concluo que as transformações em curso no Comando da Aeronáutica resultam
de rigorosos estudos e planejamentos minuciosos e têm o objetivo de dotar a
Força Aérea Brasileira de capacidades estratégicas voltadas para manter a
soberania do espaço aéreo brasileiro e para integrar o território nacional, com
vistas à Defesa da Pátria.
Tenente-Brigadeiro
do Ar Nivaldo Luiz Rossato
Comandante
da Aeronáutica
Nenhum comentário:
Postar um comentário