Os
Estados Unidos reúnem nesta quarta-feira os 68 países que lutam contra o grupo
Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria, com o presidente Donald Trump
prometendo "destruir" os extremistas, apesar de uma coalizão
enfraquecida por divergências estratégicas.
Será
um batismo de fogo para o secretário de Estado americano Rex Tillerson, que
receberá dezenas de colegas estrangeiros, incluindo os mais próximos aliados
europeus e árabes da América, alguns temerosos com o risco de unilateralismo da
administração Trump.
O
novo presidente americano foi eleito com um programa nacionalista e
isolacionista e quer aumentar o orçamento da defesa em 10%, enquanto diminui em
28% os recursos da diplomacia. Neste contexto, pediu ao Pentágono um plano
abrangente para "destruir" o grupo EI.
Ao
receber na segunda-feira na Casa Branca o premiê iraquiano, Haider al-Abadi,
Donald Trump reafirmou a sua determinação de "se livrar" da
organização ultrarradical sunita, elogiando os progressos das forças de Bagdá
para retomar Mossul, a segunda cidade do Iraque.
Abadi
pediu que os Estados Unidos "acelerem" sua ajuda, lançando uma
alfinetada ao ex-presidente Barack Obama considerando seu sucessor "mais
envolvido" na luta contra o terrorismo.
-
Fim do Daesh -
"Estamos
matando o Daech", insistiu o líder iraquiano, incentivando seus
"aliados e amigos a manter o foco para evitar que uma organização
terrorista semelhante retorne".
As
forças iraquianas, apoiadas pela coalizão internacional sob comando americano,
lançaram em 17 de outubro a ofensiva para retomar Mossul, último grande reduto
do EI no Iraque. Após reconquistar a zona leste em janeiro, os militares
conduzem desde 19 de fevereiro de uma operação no oeste da cidade.
No
Pentágono, estima-se que a vitória é inevitável em Mossul, embora combates
intensos ainda sejam previstos no centro histórico.
Quanto
à Síria, a capital autoproclamada dos extremistas, Raqa, está praticamente
isolada, com as principais vias de comunicação cortadas pelas forças
curdo-árabes aliadas da coalizão.
Os
militares americanos acreditam que em breve o EI não poderá mais controlar esse
reduto no vale do Eufrates.
No
total, o Pentágono estima que o grupo perdeu 65% dos territórios que detinha em
seu apogeu em 2014.
-
Coalizão enfraquecida -
Ainda
assim, a coalizão está enfraquecida por divergências entre alguns países
membros sobre a estratégia a adotar.
Por
exemplo, os Estados Unidos e a Turquia discordam sobre a força que deve liderar
o assalto final a Raqa. Os turcos não querem a participação das milícias curdas
YPG, consideradas pelo Pentágono como as mais eficazes e preparadas para
retomar rapidamente Raqa.
Uma
opção seria equipar os curdos com armas pesadas. Outra opção mais aceitável
para Ancara seria enviar reforços americanos (artilharia, helicópteros de
ataque, conselheiros militares) para apoiar as Forças Democráticas Sírias, sem
a entrega de novas armas.
O
Pentágono pretende enviar cerca de mil soldados a mais para a Síria, o que
dobraria o contingente de cerca de 850 militares americanos implantado neste
país devastado pela guerra desde março de 2011, com mais de 320.000 mortos.
Além
disso, a coalizão deve responder à questão do futuro dos territórios libertados
ma Síria: autonomia sob uma forma ou outra, ou devolução ao regime sírio.
Revitalizadas
pelo apoio militar russo desde setembro de 2015, as forças sírias fizeram
progressos no norte e estão agora perto de Minbej, uma cidade libertada pelas
FDS.
A
ofensiva em Mossul, que poderia ser concluída no verão, também cria divisões
entre os aliados.
"Não
é apenas o aspecto militar, devemos falar sobre a reconstrução e
governança", argumentou uma fonte diplomática francesa, preocupada com
Trump, que tem cortado os orçamentos da diplomacia e assistência internacional
e reduzido as contribuições dos Estados Unidos para programas da ONU.
Agence France-Presse (AFP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário