Em
caso de sucesso, venda representará o contrato mais importante entre os dois
países, dizem especialistas militares. Otan e preços podem, porém, impedir
avanço dos acordos.
O
presidente russo Vladímir Pútin, e seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan,
abordaram a possibilidade de a Rússia fornecer sistemas de defesa antiaérea
S-400 à Turquia. A conversa aconteceu no último dia 10 de março, em Moscou, mas
a notícia só veio a pública uma semana depois.
O
porta-voz da presidência russa, Dmítri Peskov, e o ministro da Defesa, Serguêi
Choigu confirmaram que as partes estão estudando a questão.
O
S-400 é um sistema de defesa antiaérea que pode ser usado tanto contra a
aviação como contra os mísseis de cruzeiro e balísticos de um potencial
inimigo. Tem alcance de até 250 km de distância.
A
Turquia está agora avaliando características técnicas do sistema russo, assim
como o preço, os prazos de entrega e etc. Se as partes chegarem a um acordo
sobre tais questões, a encomenda será formalizada.
Otan
como barreira
“A
Turquia é membro da Aliança do Tratado do Atlântico Norte, e Bruxelas e
Washington tentarão evitar o acordo”, diz o coronel aposentado e editor-chefe
da revista russa “Arsenal da Pátria”, Víktor Murakhovski.
“Os
países vão pressionar por seus interesses e começarão a dizer que o S-400 não
cumpre com os padrões da aliança, que não pode ser integrado ao sistema
antiaéreo comum e etc. O mesmo aconteceu com os S-300 que a Rússia forneceu à
Grécia (outro membro da Otan). Na ocasião, porém, a Rússia foi capaz de reter o
cliente e vender 12 unidades a Atenas”, acrescenta Murakhovski.
Segundo
ele, os EUA tentarão ainda fazer lobby com seu sistema de defesa aérea Patriot,
um análogo do russo S-400.
“Esse
sistema é mais caro e inferior ao russo em muitos parâmetros: raio de alcance,
possibilidade de interceptar objetos balísticos, tempo necessário de ativação,
entre outros. Mas, como os EUA e a Turquia são aliados da Otan, entrarão em
jogo ameaças políticas e econômicas por parte do Congresso norte-americano”,
continua o coronel aposentado.
Uma
divisão de S-400 (com oito unidades de lançamento, mais equipamento de apoio e
um estoque de mísseis) custa cerca de US$ 500 milhões. “A questão é saber
quantas divisões a Turquia quer comprar, e, considerando a modernização das
empresas da indústria russa de defesa, Moscou poderá começar a fornecer seus
sistemas apenas em três anos, se todas as negociações correrem bem.”
Pechincha
turca
Nem
todos os especialistas avaliam de forma positiva as perspectivas de venda de
sistemas S-400 para a Turquia. “As palavras ‘interesse’ e ‘avaliação’ por si só
não significam que Ancara vá assinar um contrato para a compra de armas
russas”, diz o analista militar da agência TASS Víktor Litóvkin.
“Por
enquanto, são apenas palavras ao vento. Em determinado momento, os turcos
também negociaram conosco a compra de sistemas S-300. Descobriu-se, porém, que
seu objetivo era que os chineses baixassem o preço dos sistemas antiaéreos
HQ-9”, relembra.
Fato
semelhante aconteceu com os helicópteros Ka-52 para a Força Aérea da Turquia.
Embora a Rússia tenha adaptado seus equipamentos para as necessidades de
Ancara, o país acabou assinando contrato para a compra dos norte-americanos
Bell.
“Mas,
caso a negociação seja bem-sucedida, será o maior contrato militar entre os
dois países”, conclui Litóvkin.
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