Em
resposta ao ataque químico na Síria, que deixou dezenas de mortos no começo da
semana, os Estados Unidos bombardearam o país, na noite desta quinta-feira (6),
de acordo com a Casa Branca. Esse foi o primeiro ataque americano direto na
Síria durante o governo do presidente Donald Trump.
O
ataque surpresa marca uma reviravolta para Trump, que durante sua campanha
rejeitou a ideia de os EUA serem arrastados para a guerra civil daquele país.
Após o ataque químico que matou inclusive crianças, o presidente disse que o
ocorrido era uma "desgraça para humanidade" e que "ultrapassou
muitos limites".
Cerca
de 60 mísseis Tomahawk disparados de navios de guerra no Mar Mediterrâneo
miraram em uma base aérea síria, em retaliação ao ataque químico que Washington
acredita ter sido conduzido pelo regime de Bashar al-Assad.
Trump
não anunciou o ataque com antecedência, embora ele e outras autoridades de segurança
nacional tenham aumentando os alertas contra o governo sírio ao longo desta
quinta-feira (6).
O
ataque acontece enquanto o republicano recebe o presidente chinês, Xi Jinping,
em uma reunião em que devem discutir os lançamentos de mísseis pela Coreia do
Norte. As ações de Trump na Síria podem sinalizar à China que o novo presidente
não tem medo de tomar medidas militares unilaterais.
Forças
armadas da Síria dizem que seis pessoas morreram em ataque a base aérea
As
forças armadas da Síria afirmaram que seis pessoas morreram no ataque americano
à base aérea de Shayrat, na madrugada desta sexta-feira (no horário local).
O
general Ali Ayyoub disse ainda, em declaração lida em transmissão televisiva,
que a ação dos Estados Unidos foi uma agressão que vai afetar as operações de
contraterrorismo no país.
Ataque à Síria é de 'vital interesse' para os EUA, diz Trump
O
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que o ataque com mísseis
contra uma base aérea da Síria, na noite desta quinta-feira (6), foi de
"vital importância" para os interesses de segurança nacional dos EUA.
O
republicano afirmou que o seu país precisa "prevenir e evitar a propagação
e o uso de armas químicas mortais". Ele afirmou que "não há
contestação de que a Síria usou armas químicas proibidas", referindo-se à
ofensiva que matou dezenas de pessoas no começo da semana.
Trump
falou a repórteres após se encontrar com o presidente Xi Jinping, na Flórida,
enquanto as forças americanas lançavam cerca de 60 mísseis Tomahawk em
território sírio, no primeiro ataque do governo Trump ao país. A TV estatal da
Síria informou sobre ataque, dizendo que este foi um ato de
"agressão" dos EUA.
Em
seu comunicado, Trump disse que espera que a paz e harmonia prevaleçam.
"Deus abençoe a América e o mundo inteiro", disse o presidente
americano ao encerrar seu pronunciamento.
Rússia
suspende acordo com EUA para evitar choques em espaço aéreo sírio
O
governo russo indicou que está suspendendo o acordo que tinha com os EUA de
coordenar ações militares na Síria para evitar qualquer tipo de choque entre
aeronaves que estejam sobre o espaço aéreo do país em conflito.
A
iniciativa é uma resposta aos ataques americanos contra uma base aérea síria. O
entendimento entre militares das duas potências seria para permitir que ambos
pudessem lutar contra o terrorismo, sem que a aviação russa ou americana fossem
afetadas por disparos. A cada operação contra grupos terroristas, americanos e
russos trocavam informações sobre a trajetória de seus ataques, suas posições e
seus alvos.
O
temor era de que, sem essa coordenação, incidentes pudessem ocorrer, levando a
uma escalada militar entre os dois governos que, no cenário sírio, tomam
posições diferentes em relação ao presidente sírio, Bashar al-Assad.
Em
sua primeira reação aos ataques do governo americano na Síria o Kremlin alertou
na manhã de sexta-feira que considerou a iniciativa de Donald Trump como um
"ato de agressão contra um estado soberano" e alertou que pode
representar um "golpe significativo nas relações entre americanos e
russos, que já estavam em uma situação deplorável".
Principal
aliado do regime de Bashar al-Assad, o presidente russo, Vladimir Putin, vinha
rejeitando dar seu voto a uma resolução no Conselho de Segurança da ONU para
condenar os ataques químicos ocorridos na Síria nesta semana.
"Trata-se
de uma agressão contra um estado soberano em violação ao direito internacional
e sob um falso pretexto", disse Dmitry Peskov, porta-voz de Putin. Para
ele, a questão das armas químicas não está provada.
Moscou
insiste que a Síria não conta com armas químicas e que sua destruição, desde
2013, foi monitorada por observadores internacionais.
Para
ele, não existe dúvida de que o ato terá consequências nas relações entre a
Casa Branca e o Kremlin, às vésperas de uma reunião entre ministros dos dois
países.
Há
ainda uma contradição entre as informações sobre até que ponto russos e
americanos trocaram informações sobre o ataque, antes de sua realização. O
secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, indicou que "não
houve discussão com Moscou ou contato, e nem depois dos ataques".
Mas
o Pentágono indicou que a Rússia havia sido alertada antes, por meio de canais
militares. De acordo com o porta-voz da instituição, Jeff Davis, Moscou foi
informada "em múltiplas conversas" durante o dia de quinta-feira.
Isso teria ocorrido entre a base americana no Catar com a base russa em Latakia,
na Síria. "Existiam russos na base (atacada) e tomamos medidas
extraordinárias para não atingir as áreas onde os russos estão", disse.
Estadão
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