Os
primeiros Marines americanos retornaram a Helmand, província do sul do
Afeganistão controlada em parte pelos talibãs e da qual haviam se retirado em
2014 sem conseguir controlar os rebeldes.
Os
primeiros trinta Marines - fuzileiros navais -, de um destacamento total de 300
que serão mobilizados prgressivamente, chegaram nos últimos dias, informaram
vários deles à AFP.
O
destacamento se mobiliza em meio ao início da ofensiva de primavera dos
talibãs, motivada pelas recentes conquistas territoriais.
Uma
cerimônia que contará com a presença do general John Nicholson, chefe das
forças americanas no Afeganistão, marcará o retorno deste corpo de prestígio
que sofreu grandes perdas nesta agitada província, centro de produção de
papoula no país.
O
envio deste destacamento é realizado no âmbito das rotações do exército
americano, que conta com 8.400 homens mobilizados sob o mandato da Otan no
país, sobretudo em apoio às forças afegãs em sua luta contra os combatentes
islamitas. No entanto, 2.150 deles dirigem missões contra grupos acusados de
terrorismo.
Diferentemente
de suas estadias anteriores, desta vez não está previsto que os Marines
participem diretamente do combate aos rebeldes. Sua missão consistirá em
treinar e assessorar os comandos do exército e da polícia afegãos.
Na
província de Helmand, fronteiriça com o Paquistão, os Estados Unidos e o Reino
Unido sofreram no passado centenas de baixas em suas fileiras.
Helmand
também é a província onde se cultiva a papoula, de onde se extrai o ópio, a
droga da qual os talibãs obtêm a maioria de suas receitas através das taxas
impostas aos proprietários dos cultivos.
Os
talibãs ameaçam se apropriar da capital da província de Helmand, Lashkar-Gah.
-
Talibãs e criminosos -
"O
Corpo de Marines tem um passado operacional no Afeganistão, especialmente na
província de Helmand", disseram os responsáveis. "Assessorar e ajudar
as forças de segurança afegãs contribuirá para preservar as conquistas obtidas
junto aos afegãos" em anos anteriores, estimam.
"Se
as forças afegãs e os Marines combaterem juntos o terrorismo em Helmand,
podemos esperar resultados tangíveis", confidenciou o especialista militar
Mirza Mohammad Yarman, general reformado.
As
forças afegãs perderam terreno para os talibãs nos últimos tempos e agora só
controlam 57% dos 460 distritos do país.
Além
disso, desde a retirada dos Marines e da maioria das forças de combate
ocidentais, no final de 2014, o grupo extremista Estado Islâmico se instalou no
leste do país, em alguns distritos de Nangarhar.
A
situação de Helmand é particular, como apontou no último inverno o general John
Nicholson: o problema não é apenas bloquear os talibãs, mas também as redes
criminosas que prosperam com o tráfico de drogas, explicou.
"Não
se pode ver apenas um confronto entre o governo e os talibãs", declarou.
"O que vemos na província de Helmand são redes de criminosos em conexão
com os rebeldes que lutam para conservar a sua capacidade de ganhar
dinheiro".
O
Afeganistão é o maior produtor mundial de ópio. A ONU avaliou a produção de
2016 entre 4.600 e 6.000 toneladas, em forte aumento (3.300 toneladas em 2015),
com um crescimento das áreas cultivadas de 10% em um ano.
Agence
France-Presse (AFP)
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