O prolongamento da recessão fez
com que os gastos militares brasileiros encolhessem no ano passado, na
contramão do resto do mundo.
De acordo com o relatório
"Tendências dos gastos militares no mundo", divulgado pelo Instituto
de Pesquisa pela Paz Internacional de Estocolmo, o Brasil caiu da 12ª para a
13ª posição no ranking que avalia 172 países.
Em 2016, os gastos militares
brasileiros foram de US$ 23,7 bilhões ou 1,3% do PIB (Produto Interno Bruto, ou
soma de todas as riquezas produzidas pelo país), queda de 7,2% na comparação
com o ano anterior.
Já os gastos globais subiram 0,4%
no mesmo período, para US$ 1,686 trilhão, ou 2,2% do PIB mundial.
A alta foi puxada pelo
crescimento desse tipo de despesa nos Estados Unidos, China e Rússia.
Segundo o relatório, os gastos
continuaram a crescer na Ásia e Oceania, na Europa Central e do leste e no
norte da África. Por outro lado, caíram na América Central e Caribe, no Oriente
Médio, na América do Sul e na África subsaariana.
Brasil
No Brasil, os gastos militares
caíram por causa do "fracasso para revitalizar uma economia mergulhada em
recessão", informou o estudo.
O Brasil é o país que mais investe
em defesa na América do Sul.
Como o governo brasileiro reduziu
os gastos militares no ano passado, isso acabou puxando para baixo o desempenho
da região como um todo, que registrou queda de 7,5% em relação a 2015, apesar
de um incremento nas despesas da Argentina (12%) e da Colômbia (8,8%).
"A queda nos gastos
militares na América do Sul (7,5%) pode ser principalmente atribuída ao
ambiente de segurança favorável, ao maior impacto da queda dos preços do
petróleo em países exportadores da matéria-prima e aos problemas econômicos do
Brasil", destacou o levantamento.
Estados Unidos
Os Estados Unidos permaneceram
como o país com os maiores gastos militares anuais no mundo. As despesas
subiram 1,7%, para US$ 611 bilhões.
Já os gastos militares na China,
que ocupa a segunda posição no ranking, aumentaram 5,4%, para US$ 215 bilhões,
uma taxa de crescimento inferior à dos últimos anos.
Ultrapassando a Arábia Saudita, a
Rússia aparece em terceiro lugar, com gastos totais de US$ 69,2 bilhões, alta
de 5,9% em relação a 2015.
As despesas militares na Arábia
Saudita caíram 30%, para US$ 63,7 bilhões, apesar do envolvimento contínuo do
país em guerras regionais.
A Índia ocupa a quinta posição,
com alta de 8,5%, para US$ 55,9 bilhões.
"O crescimento dos gastos
militares dos Estados Unidos em 2016 pode sinalizar o fim de uma tendência de
redução desse tipo de despesa, resultado da crise econômica e da retirada das
tropas americanas do Iraque e do Afeganistão. Apesar disso, os gastos militares
no ano passado permaneceram 20% menores do que no pico, em 2010", afirma o
relatório.
A Europa Central (2,4%) também
aumentou os gastos militares no ano passado. A região concentra os países com o
maior crescimento relativo de despesas militares.
Segundo o levantamento, isso se
dá pela "percepção de que a Rússia representa uma ameaça ainda
maior".
Países exportadores de petróleo
A queda no preço internacional do
petróleo também impactou os gastos militares de países que dependem da matéria-prima
para gerar receitas.
Esse foi o caso da Venezuela
(-56%), Sudão do Sul (-54%), Azerbaijão (-36%) e Arábia Saudita (-30%). Angola,
Equador, Cazaquistão, México, Omã e Peru também apresentaram queda.
Apenas dois dos 15 países com as
maiores quedas nos gastos militares no ano passado não são exportadores de
petróleo. São eles: Guiné e Zâmbia.
No entanto, diz o relatório, uma
pequena parcela dos países exportadores de petróleo, como Argélia, Irã, Kuwait
e Noruega, tinha melhores condições econômicas para enfrentar os choques dos
preços de petróleo e conseguiu manter estáveis seus planos de gastos.
BBC - Brasil
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