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A Força Aérea se ressente dessa falta de recursos. É relativamente grave. O
país parou de investir enquanto o custeio não para de aumentar. Isso acaba
degradando em parte o sistema, a confiabilidade é prejudicada - alertou.
De
acordo com o comandante, os recursos são contingenciados apesar de serem
oriundos de tarifas com destinação específica para o setor, não provenientes do
Tesouro Nacional.
Amazônia
O
comandante também reclamou pelo fato de o Ministério dos Transportes não estar
mais repassando à Força Aérea a parte equivalente à manutenção da Comissão de
Aeroportos da Região Amazônica (Comara).
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A Comara está há dois anos à míngua. Ou voltam esses repasses ou vamos fechar a
Comara, porque essa estrutura deteriora rapidamente sem manutenção - lamentou.
Por
isso, ele pede uma ação no âmbito do Legislativo ou por meio do próprio
Ministério dos Transportes para o retorno desses recursos, que chegaram a
representar R$ 300 milhões por ano. O setor, segundo o comandante, está
consciente da atual conjuntura de restrições orçamentárias, mas acredita que a
sociedade brasileira não pode abrir mão de investir pelo menos R$ 100 milhões
por ano.
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Talvez seja esse o interesse de grande parte do mundo, que deixemos a Amazônia
para que seja transformada numa reserva internacional. Se queremos nossa
presença lá, esta é uma responsabilidade da Força que tem que ser dividida com toda
a sociedade brasileira - afirmou.
O
comandante também pediu atenção urgente para a necessidade de modernizar a
frota de aviões-radares, que fazem a vigilância das fronteiras. A quantidade
desses instrumentos também vem caindo devido à falta de investimentos, informou
Rossato.
Argentina
Outro
setor negligenciado cronicamente pelo país, segundo o comandante da
Aeronáutica, é o de pesquisas espaciais. O Brasil, informou Rossato, investe
somente 0,06% do PIB nessa área, cerca de U$ 100 milhões. A Argentina, observou
ele, tem investido cerca de U$ 1,2 bilhão por ano, 12 vezes mais que o Brasil.
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A Argentina, à despeito de ter as mesmas dificuldades que nós, tem percebido
melhor a potencialidade do espaço - disse o militar, lembrando que outros
países, como EUA, Rússia, China e Índia, investem ainda mais.
O
lançamento do satélite geoestacionário no último dia 4 de maio foi um grande
passo na avaliação do comandante. Para ele, a iniciativa deve melhorar muito a
infraestrutura de comunicação militar e dos serviços de banda larga, inclusive
para a Região Amazônica. Por isso, Rossato disse que a Força Aérea está
trabalhando na efetivação de um segundo satélite dessa modalidade.
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Investir em satélites, não só o geoestacionário, que ainda não temos, é
fundamental para aumentar a produtividade na agricultura e no controle das
fronteiras - explicou.
A
efetivação dos caças Grippen, uma parceria com a Suécia, e da parceria
público-privada visando à gestão da rede de comunicações integradas da
Aeronáutica foram outras notícias relacionadas à área destacadas por Rossato
durante a audiência na CRE.
Caráter
estratégico
O
presidente da CRE, senador Fernando Collor (PTC-AL), disse acreditar que as
necessidades básicas de recursos da Força Aérea brasileira precisam ser
providas pelo governo "de alguma forma", devido a seu caráter
estratégico e a sua importância para a soberania nacional.
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Se vizinhos nossos estão investindo muito mais, temos que estar alertas, não
podemos perder essa vantagem que sempre tivemos, mas estamos perdendo -
lamentou.
Os
senadores Jorge Viana (PT-AC) e Ana Amélia (PP-RS) também manifestaram
preocupação com os investimentos em pesquisas espaciais. Viana sugeriu que a
CRE tenha como compromisso suprapartidário suprir a Aeronáutica dos recursos
mínimos demandados, em suas emendas ao Orçamento.
Agência
Senado
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