A
Alemanha decidiu nesta quarta-feira (07/06) retirar suas tropas da base aérea
de Incirlik, no sul da Turquia, numa decisão que reforça o momento de
instabilidade nas relações entre os dois países, em crescente deterioração nos
últimos meses.
O
motivo para a retirada, anunciada pela ministra da Defesa Ursula von der Leyen,
foi a decisão de Ancara de não permitir uma visita de parlamentares alemães à
base, próxima à fronteira com a Síria.
A
Alemanha tem cerca de 270 militares estacionados em Incirlik. É de lá que
partem seus jatos Tornado e um avião para reabastecimento que apoiam a coalizão
internacional na luta contra o "Estado Islâmico".
As
tropas serão realocadas na Jordânia, num processo que deve demorar dois meses.
"Estamos preparados para a transferência. Encontramos uma alternativa
similar no aeroporto de Al-Azrak, na Jordânia", disse Von der Leyen.
A
retirada de Incirlik não representa, porém, a saída total das tropas alemães da
Turquia: há também um contingente na base da Otan em Konya, no centro-sul do
país. Até agora, não houve resistência turca à visita de políticos alemães à
base.
A
disputa sobre Incirlik marca mais um ponto de fricção nas relações entre
Alemanha e Turquia, marcadas nos últimos meses pela tensão.
As
tensões entre Berlim e Ancara já haviam se agravado nos últimos meses com
aprisão do jornalista teuto-turco Deniz Yücel na Turquia, que gerou uma onda de
indignação por parte do governo, políticos e intelectuais alemães. Erdogan
acusou o correspondente do jornal Die Welt de ser um agente da Alemanha e
integrante do banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Durante
a campanha para o referendo constitucional turco, em março e abril, a Alemanha
proibiu comícios de vários políticos turcos, o que levou o presidente Recep
Tayyip Erdogan a acusar Berlim de "práticas nazistas".
Alemanha
e Turquia são, além disso, parceiros importantes na crise migratória. Mais de
um milhão de refugiados – em sua maioria sírios – entraram na Alemanha desde
2015. E foi só o acordo firmado entre a União Europeia e a Turquia para impedir
a chegada de migrantes ao continente, em vigor desde março de 2016, que
conseguiu sustar decisivamente o fluxo migratório.
DW
- Deutsche Welle
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