Agência
Estado Constança Rezende
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, descartou nesta terça-feira, 25, a possibilidade de as Forças Armadas atuarem no policiamento das ruas do Rio. Segundo ele, desta vez os militares apenas darão apoio a operações de inteligência das polícias Militar, Civil e Federal.
Jungmann
também não quis adiantar quando acontecerão essas ações, que, afirmou, vão
durar até o final de 2018. Em entrevista à Rádio CBN, ele comparou a
participação militar na segurança pública ostensiva - que já aconteceu em
outras ocasiões - a um período de férias para os criminosos.
"Há
uma sensação (de segurança) que todos têm quando se vê um soldado patrulhando a
rua. Só que aquilo são férias para bandido, porque eles sabem que nós temos que
sair, que não é possível permanecermos por tempo indefinido. E aí eles
simplesmente se retraem, tiram férias, e voltam em seguida à nossa saída. O que
precisa fazer é ir aonde está o comando do crime e seus instrumentos, suas
ferramentas. Aí você tem, de fato, condições de reduzir a criminalidade,
tornando a segurança não algo que vai e vem a reboque da presença de forças
ostensivas, mas de fato reduzindo a capacidade da criminalidade. Isso só se faz
com inteligência e ação integrada", defendeu.
Jungmann
afirmou ainda que a atuação militar no policiamento das ruas custa caro e só é
usada quando há um "esgotamento da capacidade de manter a segurança".
A ocupação do Complexo da Maré durante um ano e meio, lembrou, custou R$ 400
milhões aos cofres federais. Na Olimpíada, o envio de 23 mil homens consumiu R$
3 bilhões. Em sua opinião, os custos inviabilizam a generalização dessa
experiência. "Imagina fazer isso em todo o Rio", disse.
Para
o ministro, há criminosos ligados ao poder público no Rio. "O Rio tem um
problema que é a criminalidade e outro que é aquela parte do Estado e do poder
público que foi capturada pelo crime. Ou seja, o crime conseguiu se infiltrar
nas diversas esferas governamentais do Estado do Rio. Não só apenas nas forças
policiais, é muito mais amplo. Você viu o que aconteceu no Tribunal de
Contas", disse. Segundo o ministro, o avanço do crime ocorre em todo o
País, mas no Rio está num estágio mais avançado.
"Há
800 comunidades que estão sob o controle do crime organizado (no Rio de
Janeiro). Ora, quem controla território tem voto. Quem tem voto elege seus
representantes ou seus aliados. Isso significa que o crime tem capacidade de
colocar no Legislativo do Rio alguns de seus representantes", acusou.
Jungmann
também anunciou que irá ao Rio, ainda nesta semana, para se reunir com as
autoridades de segurança Pública do Estado. O assunto será as operações das
Forças Armadas com as polícias do Rio.
ESTADÃO
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