Os
defensores do tratado o enxergam como um feito histórico, mas os Estados
nucleares o consideram irrealista, considerando que não terá nenhum impacto
sobre a redução do estoque global de cerca de 15.000 ogivas nucleares.
Liderados
por Brasil, Áustria, México, África do Sul e Nova Zelândia, 141 Estados
participaram das três semanas de negociações do tratado, que recomenda uma
proibição total do desenvolvimento, armazenamento e ameaça de uso de armas
nucleares.
Seus
simpatizantes esperam que o tratado aumente a pressão sobre os Estados
nucleares para que levem mais a sério o desarmamento.
"Será
um momento histórico", declarou a embaixadora da Costa Rica, Elayne Whyte
Gomez, que preside a conferência da ONU sobre o tratado. "O mundo espera
há 70 anos esta norma legal", assegurou.
Nenhum
dos nove países que possuem armas nucleares - Estados Unidos, Rússia, Reino
Unido, China, França, Índia, Paquistão, Coreia do Norte e Israel - participou
nas negociações.
Mesmo
o Japão, único país a ter sofrido um ataque nuclear em 1945, boicotou as
negociações, bem como a maioria dos países da Otan.
"Essa
iniciativa claramente descondiera a realidade do ambiente de segurança
internacional", disseram embaixadores da ONU de Estados Unidos, Reino
Unido e França.
"Esse
tratado não traz nenhuma solução para a grave ameaça da Coreia do Norte, nem
lida com outros desafios de segurança que tornam a disuassão nuclear
necessária," disseram num pronunciamento conjunto.
-
Meio de dissuasão -
O
tratado será aplicável apenas aos Estados signatários.
Uma
fonte diplomática de um dos países que se opõem a este texto acredita que
"dá falsas esperanças" em relação "ao que realmente é possível
para o desarmamento nuclear".
"Este
tratado só irá enfraquecer o regime global de não proliferação", considera
esta fonte que prefere a ideia de um desarmamento progressivo.
A
embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, declarou na abertura das
negociações, em 27 de março: "Não há nada que eu queira mais para a minha
família do que um mundo sem armas nucleares, mas temos de ser realistas".
"Quem acredita que a Coreia do Norte irá aceitar a proibição de armas
nucleares?"
As
potências nucleares alegam que o seu arsenal serve de dissuasão a um eventual
ataque nuclear e lembram que continuam compromissados com o Tratado de
Não-Proliferação Nuclear (TNP).
Este
tratado de 1968, torna os signatários responsáveis pela redução de seus
estoques.
A
Coreia do Norte tem acelerado seu programa de armas nucleares e de mísseis
apesar do TNP e testou na terça-feira pela primeira vez um míssil
intercontinental.
Os
Estados Unidos, apoiados por vários aliados, pediram um reforço das sanções
contra Pyongyang, e sugeriram que a opção militar permanece na mesa.
Mas
a impaciência é crescente entre os países não-nucleares, que denunciam o ritmo
lento do desarmamento e temem que essas armas de destruição em massa acabem por
cair em mãos erradas.
Durante
uma sessão da Assembleia Geral da ONU, o tratado deverá ser adotado por
consenso entre os Estados que o negociaram. Após a adoção, será aberto à
ratificação a partir de 20 de setembro e entrará em vigor após a assinatura de
50 países.
Agence
France-Presse (AFP)
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