Pela segunda vez no Haiti, o ministro Jungmann, ressaltou que o
componente militar deixa o país caribenho, mas não o Brasil, que continuará
suas relações em outras áreas, como saúde e assistência humanitária. “Somos
muito agradecidos ao povo do Haiti, com o qual nós ganhamos laços de amizade
que serão absolutamente permanentes. Tenho certeza que tenderão a ser
ampliados, para o benefício de nossos dois países”, afirmou.
Antes da solenidade, o ministro da Defesa, Raul Jungmann foi recebido
pelo primeiro-ministro do Haiti, Jack Guy Lafontant, na sede do governo
haitiano. Sobre o encerramento da MINUSTAH, o representante do governo haitiano
afirmou ter de enfrentar com os próprios meios os desafios do país, mas conta
com o apoio de países amigos como o Brasil. “Isso nos permitiu ter uma
estabilidade política no Haiti e esperamos mantê-la”, disse.
Cerimônia de encerramento
Na chegada à base brasileira, na área do Batalhão Brasileiro de Força de
Paz (BRABAT), o ministro Raul Jungmann recebeu as honras militares e foi
acompanhado pelo Force Commander da MINUSTAH, general Ajax Porto Pinheiro, que
mostrou ao ministro o monumento construído em homenagem aos militares mortos na
ocasião do Terremoto de 2010.
Antes do evento de encerramento, o ministro Jungmann esteve ainda, em
reunião fechada, com a representante especial do secretário geral da ONU, chefe
da MINUSTAH, Sandra Honoré.
A solenidade de despedida teve início com a formatura do 26º Contingente
Brasileiro, o último a atuar na MINUSTAH, cantando a canção do Expedicionário.
Logo em seguida, após a apresentação da tropa pelo comandante do BRABAT,
coronel Alexandre Catanhede, à chefe da missão, Sandra Honoré, o contingente
cantou os hinos do Haiti, do Brasil e da ONU.
Em seu discurso o Force Commander, general Ajax, lembrou que a missão no
Haiti é a maior mobilização de tropas brasileiras no exterior, numa missão
real, desde da guerra da Tríplice Aliança. Ainda mencionou a perda de 25
militares durante os 13 anos de atuação e os momentos marcantes que envolveram
os contingentes anteriores, como os enfrentamentos violentos do início, o
terremoto, o furacão Mathew e as eleições. “O trabalho feito por aquelas tropas
permitiu que nós estivéssemos chegando ao final da missão com o dever
cumprido”. Nunca se esqueçam, vocês já estão partindo, mantenham o seu coração
de soldado e a alma de peacekeeper (mantenedores da Paz)”, finalizou o general.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann falou da capacidade do Brasil de ser
provedor de paz e suas demais atuações. “Esta missão, em que pese ser uma
missão com mandato de estabilidade e de resgatar a segurança no Haiti, mas ela
tem outras dimensões. Dimensão do apoio a infraestrutura, o trabalho que foi
feito, extraordinário, pela companhia de engenharia; o trabalho que foi feito
com o maior programa de cooperação na área de saúde, igualmente na área
agrícola, da assistência social e da capacitação profissional”, destacou.
Jungmann, durante sua mensagem, pediu um minuto de silêncio a todos em
homenagem aos peacekeepers brasileiros falecidos na missão, ao todo 25,
incluindo dois oficiais generais.
“Nós nos comprometemos nos últimos 13 anos no empreendimento conjunto
com as autoridades haitianas para construir uma base sólida, para uma
estabilidade duradoura de um futuro melhor para o país." Estas foram as
palavras da representante da ONU e chefe da MINUSTAH, Sandra Onoré. Ela afirmou
ainda que o grau de segurança e estabilidade que o povo haitiano aproveita hoje
é em parte devido ao trabalho da MINUSTAH.
“26º contingente brasileiro, unidos pela paz, bon bagay, missão
cumprida”, assim se despediu Sandra Honoré, da última tropa brasileira no
Haiti. Bon bagay é a expressão em creole, língua do Haiti, que significa boa
gente, usada comumente em referência aos brasileiros.
A representante da ONU ressaltou que a contribuição do contingente
brasileiro reafirmou o espírito humanitário das operações de manutenção da Paz
e é uma fonte de orgulho para as Nações Unidas.
O País foi o maior contribuidor de tropas na MINUSTAH, mas para Sandra
Onoré fez muito mais. "O Brasil forneceu apoio crítico para garantir a
efetiva tomada de decisões sobre a implementação do mandato da MINUSTAH e sobre
o ambiente operacional da missão”, completou a representante da ONU.
Ainda compareceram à cerimônia de encerramento das operações do
contingente os comandantes da Marinha, Leal Ferreira; da Aeronáutica,
brigadeiro Nivaldo Rossato; do Comando Militar do Sudeste, general Campos
(representando o comandante do Exército); o chefe de Operações Conjuntas do
Ministério da Defesa, general César Augusto Nardi; o Embaixador do Brasil no
Haiti, Fernando Vidal; os embaixadores, do Ministério das Relações Exteriores,
Fernando Simas, Nelson Tabajara e Maria Luzia Escorel; o presidente da Comissão
de Relações Exteriores, senador Fernando Collor e a presidente da Comissão de
Relações Exteriores e Defesa Nacional, deputada Bruna Furlan, além de outras
autoridades.
Mais de 37 mil militares brasileiros em 13 anos de MINUSTAH
A MINUSTAH contou com a participação do Brasil desde 2004, sempre com o
maior contingente de tropa, além da honra e responsabilidade de manter um
oficial general como Force Commander do componente militar.
Mais de 37 mil militares brasileiros estiveram na Operação de Paz no
Haiti nesses 13 anos. Eles cumpriram os objetivos destinados ao componente
militar: contribuir para a manutenção do ambiente seguro e estável no Haiti;
cooperar com as atividades de assistência humanitária e de fortalecimento de
instituições nacionais; e realizar operações militares de manutenção da paz na
sua área de responsabilidade.
Os maiores desafios enfrentados pela tropa brasileira foram a
pacificação de Cité Soleil, no início da missão, além da atuação nos episódios
do terremoto em 2010 e do Furacão Mathew, em 2016.
O 26º Contingente, que a partir de hoje (01) encerra suas operações, é
constituído pelo Batalhão de Infantaria de Força de Paz (BRABAT), que tem 181
militares da Marinha do Brasil, 639 do Exército Brasileiro, 30 da Força Aérea
Brasileira e uma Companhia de Engenharia de Força de Paz (Braengcoy), composta
por 120 do Exército.
O Ministério da Defesa, por meio do Estado-Maior Conjunto das Forças
Armadas (EMCFA) e sua Subchefia de Operações de Paz, trabalha na coordenação
dos acertos finais da desmobilização. Até 15 de setembro, quando 90% do efetivo
deverá ter deixado o país caribenho.
Para o chefe de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa, general
César Augusto Nardi de Souza, esses 13 anos foram importantes para a
pacificação do Haiti. "Nossa participação foi fundamental, junto com
outras nações, para o estabelecimento de uma situação estável e segura no
Haiti, sem a qual o desenvolvimento econômico e social não aconteceriam. Além
disso, para as Forças Armadas foi uma grande experiência na parte operacional,
logística e a projeção do País no conceito entre as demais nações com o
profissionalismo das tropas brasileiras", comentou o general.
Sobre a próxima missão de Paz na qual as Forças Armadas Brasileiras poderão
ser empregadas, segundo o ministro da Defesa, já foi citada a República Centro
Africana, porém depende de decisão do presidente da República e do Congresso
Nacional.
Ministério da Defesa
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