Após
meses de confrontos, as Forças Democráticas da Síria (FDS), uma aliança
encabeçada por milícias curdas e apoiada pelos Estados Unidos, libertaram nesta
terça-feira (17/10) a cidade de Raqqa, antigo bastião do grupo jihadista
"Estado Islâmico" (EI), no noroeste da Síria. A cidade era a capital
autoproclamada do grupo extremista.
A
informação sobre a libertação foi divulgada pelo porta-voz das FDS, Talal Silo,
que disse que a aliança assumiu o controle total sobre a província de Raqqa.
Segundo Silo, as operações militares terminaram dentro da cidade, e as FDS
agora vasculham a cidade em busca dos últimos jihadistas e artefatos
explosivos, como minas terrestres.
Em
junho, as FDS haviam iniciado uma ofensiva para expulsar o EI de Raqqa. Com a
queda da cidade síria, que os islamistas haviam conquistado em 2014, a milícia
terrorista perdeu seu segundo mais importante bastião na área, depois de ter
sido expulso também da cidade de Mossul, no norte do Iraque.
Segundo
serviços secretos no Ocidente, nos últimos anos, o EI planejou em Raqqa
atentados e ataques de grande porte. No passado, a cidade tinha 200 mil
habitantes.
Nos
últimos dias, centenas de combatentes sírios do "Estado Islâmico" já
haviam se rendido na cidade à beira do Rio Eufrates. No final, apenas algumas
dezenas de jihadistas estrangeiros ofereceram resistência no centro da cidade.
Milhares de civis conseguiram fugir da aglomeração sitiada.
Resistência
de militantes do EI
Após
a libertação do hospital nacional em Raqqa – que também servia como um centro
de comando do grupo – e da praça Naim – onde, nos últimos anos, membros do EI
encenaram execuções públicas e decapitações –, os extremistas controlavam
apenas um estádio no centro da cidade. O local ficou conhecido como prisão do
grupo.
Segundo
relatos de habitantes de Raqqa, a praça Naim costumava ostentar os corpos e as
cabeças dos executados – colocadas em postes – por vários dias. Os corpos eram
identificados com etiquetas que descreviam os crimes alegadamente cometidos
pelos mortos para que o público os visse.
Nos
últimos meses, o EI perdeu as regiões mais importantes de seu autoproclamado
"califado" na Síria e no Iraque. Depois de serem obrigados a
retroceder em quase todas as frentes, os extremistas só dominavam Raqqa e
algumas zonas do deserto.
Apoio
internacional
Durante
a batalha por Raqqa, as FDS receberam apoio da força aérea da coalizão
internacional encabeçada pelos Estados Unidos e de unidades especiais em terra.
Os
bombardeios da aliança internacional também causaram a morte de centenas de
civis. A situação humanitária em Raqqa se tornou desastrosa nos últimos meses,
e os combates levaram centenas de milhares de civis a fugir da região.
As
FDS são lideradas pelas chamadas Unidades de Proteção Popular (YPG, uma milícia
curda) e incluem também combatentes árabes. A ofensiva das FDS sobre Raqqa foi
iniciada em novembro do ano passado. Uma vez cercada a cidade, no início de
junho deste ano, começou o ataque ao bastião dos extremistas do EI, deixando um
rastro de devastação e edifícios em ruínas.
DW
- Deutsche Welle
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