O ministro da Defesa, Raul Jungmann, presidiu a cerimônia e falou sobre
o importante papel da participação brasileira na Missão. “A MINUSTAH foi
emblemática e está em ponta de linha com o nosso papel, enquanto provedores de
paz”. Ele lembrou ainda que, em 24 de outubro próximo, a Organização das Nações
Unidas (ONU) estará comemorando os 72 anos de sua criação. “Em todos esses
anos, participamos de 50 missões de Paz. Hoje, estamos a participar, de forma
individual ou coletiva, de 13 missões em todo globo. Destaco aqui, a Força
Marítima no Líbano, coordenada pela Marinha do Brasil”, ressaltou.
Durante a cerimônia, o toque de silêncio e uma salva de quinze tiros
executada pelo navio patrulha Gurupi, da Marinha, lembrou os 26 brasileiros que
morreram no cumprimento do dever no Haiti, 24 militares e dois civis, sendo 18
militares, devido ao terremoto que atingiu o país em 2010.
Jungmann falou do orgulho de todo o povo brasileiro e dos desafios enfrentados pelos 26 Contingentes que foram desdobrados ao longo desses 13 anos, 4.745 dias. “Enfrentamos lá dias difíceis. Inicialmente, o desafio de Cité Soleil, numa demonstração do nosso profissionalismo, da nossa capacidade, do preparo de nossas tropas. Superamos, e de forma absolutamente reconhecida”, disse.
Os ex-Force Commanders do componente militar, ex-comandantes da Brigada de Força de Paz e das tropas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, que integraram o Contingente Brasileiro, também foram homenageados. Receberam das mãos do ministro Jungmann e de autoridades do Ministério da Defesa um diploma de reconhecimento pela missão cumprida em prol da paz mundial.
O capitão de Mar e Guerra, fuzileiro naval Alexandre José Gomes Doria, foi o comandante do 26º Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais e um dos homenageados. “Nós sentimos a missão muito bem cumprida, deixando no Haiti um legado muito importante, que foi a ajuda humanitária e a segurança que nós devolvemos ao país. Esse diploma representa o reconhecimento não só do Brasil, mas também das Nações Unidas perante a missão realizada”, disse o comandante Doria.
Após a entrega dos diplomas aos homenageados, ao som de “Barão do Rio
Branco”, “Fibra de Heróis” e da canção de cada uma das Forças, os boinas azuis
desfilaram em continência ao ministro da Defesa.
Em seguida, a aeronave C-130 Hércules, da Força Aérea Brasileira,
realizou um desfile aéreo. O Brasil foi o único país que utilizou suas próprias
aeronaves para transportar e suprir sua tropa no Haiti. Ao longo da missão
foram utilizados também o KC-137, o C-105 Amazonas, o C-99 e, a partir de 2016,
o C-767.
Ainda abrilhantou o evento a Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros
Navais, que, em sua apresentação, escreveu os nomes “Haiti” e “Brasil”, durante
as execuções de seus 96 integrantes.
Para encerrar, o ministro Jungmann solicitou uma salva de palmas para a
tropa presente, em demonstração de respeito e orgulho por todos que
participaram da MINUSTAH.
Estavam ao lado do ministro da Defesa no evento o ex-ministro-chefe do
Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general José
Elito Siqueira; o diretor-geral do Pessoal da Marinha, almirante Ilques Barbosa
Junior, como comandante interino da Marinha; o comandante do Exército, general
Eduardo Dias Da Costa Villas Boas; o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças
Armadas, almirante Ademir Sobrinho; o ex- comandante do Exército, general Enzo
Martins Peri; o diretor geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo,
brigadeiro Jeferson Domingues de Freitas, representando o comandante da
Aeronáutica; o primeiro Force Commander da MINUSTAH, general Heleno Ribeiro
Pereira.
Participaram também do evento os demais Force Commanders, membros do
almirantado, do Alto Comando do Exército e da Aeronáutica, do Corpo
Diplomático, Secretários do Ministério da Defesa, oficiais generais das Forças,
representantes do Legislativo, do Executivo e do Judiciário, adidos
estrangeiros, ex-combatentes e militares integrantes dos Contingentes.
Bon Bagay, Missão Cumprida!
O cessar das operações do Brasil no Haiti e o processo de
desmobilização, coordenado pelo Ministério da Defesa, foi iniciado em agosto
deste ano, em Porto Príncipe, e concluído no dia 15 de outubro, quando se
encerraram as medidas de repatriação de pessoal e material.
“Realizar a etapa de desmobilização com a magnitude de materiais a serem
repatriados possibilitou as Forças Armadas brasileiras adquirirem uma
experiência na parte logística que poderá ser levada para as próximas missões”,
explicou o comandante do último Batalhão de Infantaria de Força de Paz (26º
BRABAT), coronel do Exército, Alexandre Cantanhede, sobre o trabalho da tropa
ao deixar o Haiti.
Esse trabalho é reconhecido pelo povo haitiano, que, em diversas
situações, se referiu aos brasileiros como “bon bagay" (boa gente, em
creole), e por autoridades internacionais pela capacidade de alinhar funções
militares às atividades de cunho humanitário.
O principal objetivo do CONTBRAS foi contribuir com o Componente Militar
da MINUSTAH na manutenção do ambiente seguro e estável no Haiti, apoiar as
atividades de assistência humanitária e de fortalecimento das instituições
nacionais, e realizar operações militares de manutenção da paz na sua área de
responsabilidade.
Para o encerramento da MINUSTAH, o 26º CONTBRAS foi composto por 970
homens e mulheres, sendo 120 da Companhia de Engenharia do Exército Brasileiro
e 850 do Batalhão Brasileiro (181 da Marinha, 639 do Exército e 30 da Força
Aérea), que desenvolveram suas atividades no país até o cessar das operações.
Com a retirada do Componente Militar do Haiti, a missão prossegue tendo
como foco o ambiente político e jurídico, bem como a finalização da formação da
Polícia Nacional Haitiana, sob a égide da ONU, sendo ativada a Missão das
Nações Unidas para Apoio à Justiça no Haiti (MINUJUSTH).
Moção de Louvor
A Câmara dos Deputados, por intermédio da Comissão de Relações
Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), nos termos do artigo 117, do seu
Regimento Interno, manifestou, em 5 de setembro de 2017, voto de louvor aos
militares brasileiros que integraram a MINUSTAH, em razão do trabalho
desempenhado.
O requerimento sobre a Moção de Louvor foi aprovado por unanimidade e
destaca o empenho e a excelência profissional das tropas, principalmente na
ocasião dos desastres naturais vividos pelo Haiti.
Novas Missões
O Brasil permanecerá com suas Forças Armadas em condições de enviar
efetivos para atuarem no exterior, especificamente em Missões de Paz sob o
comando das Nações Unidas.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, sinalizou a preparação da tropa
brasileira para uma próxima missão. “Seja onde for, tenho certeza que esse
profissionalismo, a nossa cultura democrática e respeito ao outro serão levados
aos outros cantos do mundo. As Forças Armadas do Brasil entendem que nós
precisamos mais de missões de Paz e muito menos de guerra e de conflitos. Por
isso, seja na República Centro Africana, seja em qualquer outro país, lá
estaremos, em nome do entendimento, enfim, da paz mundial”, afirmou o ministro.
O Ministério da Defesa e o Ministério das Relações Exteriores ainda
avaliam as demandas internacionais que possam implicar o envio de tropas de paz
para outros países e ainda o interesse nacional em atender à solicitação.
*Boinas azuis: assim são conhecidos os militares integrantes das missões
da ONU.
Por Sylvia Martins
Ministério da Defesa
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