Policiais e militares começaram a conversar sobre o uso compartilhado
dos vants da PF há alguns meses. No último dia 14, uma comissão de militares
chegou a fazer uma visita à base de São Miguel do Iguaçu (PR) para checar as
condições das aeronaves e dos demais equipamentos necessários ao seu
funcionamento. Depois da inspeção, surgiram rumores de que a polícia faria uma
doação à Força Aérea Brasileira (FAB ) e, com isso, abandonaria de vez o
projeto, considerado polêmico desde que foi lançado, em 2008, na gestão do
ex-diretor da PF Luiz Fernando Corrêa.
Num ofício encaminhado ao Tribunal de Contas da União, o Sindicato dos
Policiais Federais do Distrito Federal pediu que o TCU interfira e impeça a
"doação". Os equipamentos fariam parte do patrimônio da polícia e,
por isso, não poderia ser cedidos aos militares. Na quarta-feira, procurada
pelo GLOBO, a direção da Polícia Federal confirmou as negociações com a
Aeronáutica, mas negou, de forma enfática, que haverá doação de equipamentos.
Segundo a PF, trata-se de um acordo operacional entre a polícia e a FAB.
"Encontra-se em processo de desenvolvimento um acordo operacional
entre Polícia Federal e as Forças Armadas do Brasil, que visa a operação
conjunta de todos os VANTs sob o comando de um Centro de Operação Conjunta,
visando a otimização na utilização e custeio da ferramenta", diz o texto.
Segundo a PF, os vants "não serão doados às Forças Armadas". A
polícia argumenta ainda que a parceria com os militares dará maior liberdade
operacional das aeronaves, "uma vez que a contará com maior
disponibilidade de pilotos e operadores especializados, além de maior liberdade
de utilização do espaço aéreo para realização das missões".
Uma autoridade da área militar tem uma versão diferente para as
tratativas em curso. Segundo esta fonte, eles seriam transferidos para a FAB
operar. A instituição ficaria encarregada da guarda e da manutenção dos
equipamentos. A partir daí, se quisesse usar os equipamentos em alguma operação
específica a polícia teria que bancar os custos. Os pilotos também seriam da
Aeronáutica, e não da polícia.
A compra e uso de vants pela PF é considerado tema sensível. O assunto
já foi alvo de intensa polêmica entre a polícia e a FAB e, também, dentro da
própria polícia. As aeronaves são equipamentos de guerra e até serem adquiridos
pela PF nunca tinha sido testados como instrumento de polícia. Pela proposta
inicial de Corrêa, o governo brasileiro iria comprar 14 vants da empresa
israelense IAI ao custo total de US$ 1,5 bilhão. Os custos englobariam quatro
bases operacionais, parte da manutenção e o treinamento dos pilotos.
Mas, com falta de dinheiro e de resultados práticos, o Ministério da
Justiça decidiu reduzir o projeto aos dois primeiros equipamentos adquiridos.
Os vants chegaram até a ser usados em voos noturnos em favelas do Rio durante a
Copa de 2014. Desde então, devido aos altos custos e a divergências policiais,
a proposta acabou sendo relegada a segundo plano. Os dois equipamentos já
comprados custaram R$ 150 milhões aos cofres públicos e não decolam desde
fevereiro do ano passado.
GS Noticias
http://www.gsnoticias.com.br/noticia-detalhe/gestao-e-trabalho/policia-federal-vai-compartilhar-uso-veiculos-aer
Nenhum comentário:
Postar um comentário