"Esse
projeto surgiu durante minha primeira reunião com o Estado-Maior da Armada,
logo após eu assumir o Ministério. A Marinha nos deu um quadro muito realista -
e tinha que dar - da situação da nossa Armada. Estávamos vendo um processo de
obsolescência e não tínhamos um programa de modernização", relatou o
ministro durante a cerimônia de chamamento público.
Durante
o encontro, que reuniu militares do Alto Almirantado, representantes de
entidades e federações, empresários brasileiros e estrangeiros, Jungmann também
ressaltou que devido o agravamento da crise fiscal foi preciso "pensar
fora da caixa" para encontrar alternativas. "Foi isso que foi feito
com muita engenhosidade, dedicação e trabalho, da parte da Marinha e da
Secretaria de Produtos de Defesa do Ministério. Nós temos a EMGEPRON, uma
empresa pública, que não é dependente do Tesouro, e portanto, fora dos limites
do teto de limites de gasto. Metade do caminho, nós tínhamos trilhado.
Encontramos uma válvula onde poderíamos alocar projetos", contou o
ministro.
De
acordo com Jungmann era preciso capitalizar a EMGEPRON: "E começou uma
outra dura batalha de convencimento e contamos com a compreensão dos ministros
Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento), e
particularmente, com o apoio firme do presidente Michel Temer. E assim uma
solução foi encontrada. É algo que nos toca muito, a necessidade que tem o
Brasil de contar com meios, sejam eles da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, compatíveis, e de manter sua capacidade de dissuasão. Muita gente
acha que, porque há 147 anos não temos nenhum conflito interestatal, reduza-se
a capacidade operacional e de dissuasão e as ameaças brotam", alertou
Jungmann.
O
ministro também falou sobre a compra do navio multifunção Ocean, da Marinha
inglesa. "E também estamos negociando a construção de navios
patrulha."
Em
sua mensagem, o comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal
Ferreira, agradeceu o empenho do ministro Jungmann e falou da expectativa da
Marinha com os novos navios. "Neste momento que reunimos representantes de
diversas empresas nacionais e internacionais, federações das indústrias,
associações e sindicatos, estaleiros, gostaria de tecer alguns comentários
sobre as corvetas Classe Tamandaré, que representa importante marco na retomada
da construção de meios para o Núcleo do Poder Naval", disse o almirante.
Segundo
o almirante, a história da indústria naval brasileira é caracterizada por
períodos cíclicos de incentivos e realizações. "Ora capitaneados pelo
setor petrolífero, ora pelo setor de transporte marítimo, ou ainda, pelo
próprio setor de Defesa. A Marinha se sente muito orgulhosa com o sucesso e
desenvolvimento de diversos projetos, em parceria com o setor privado e que
ressalta o comprometimento e a confiabilidade da Força em relação aos
compromissos por ela assumidos", destacou o comandante.
Coube
ao diretor de Gestão de Programas da Marinha, almirante Petrônio Augusto
Siqueira de Aguiar, detalhar os principais pontos do Modelo Global de Negócios
previsto na RFP, a ser distribuído ao mercado nacional e internacional, logo
após o encerramento a cerimônia. O processo de seleção analisará apenas uma
proposta, por proponente, que pode ser uma proposta de propriedade intelectual
da Marinha do Brasil ou da empresa selecionada.
O
documento contempla ainda a manutenção pós-venda, a utilização de empresas
instaladas no Brasil, além de conter no mínimo 30% de conteúdo local, no
primeiro navio, de transferência de tecnologia. "A RFP traz uma
obrigatória participação de empresas brasileiras, preferencialmente, empresas
estratégicas de defesa, com expertise em sistemas de comando e controle. Todo
esse processo deverá garantir envolvimento pleno da Marinha, afim de assegurar
total domínio e conhecimento gerado do desenvolvimento e da integração,
sensores e armamentos", finalizou o almirante Petrônio.
Ministério
da Defesa
Por
Alexandre Gonzaga
Nenhum comentário:
Postar um comentário