Segundo
a reportagem apurou, esse será o recado que a Saab dará nesta terça (23) em
reunião marcada com o ministro Raul Jungmann (Defesa). A delegação sueca será
chefiada pelo presidente da empresa, Hakan Buskhe.
Em
2013, o avião sueco venceu uma longa concorrência internacional contra o
francês Dassault Rafale e o americno F/A-18, da Boeing.
O
contrato foi assinado em 2014 e o financiamento, em 2015. Por 39,3 bilhões de
coroas suecas (R$ 15,7 bilhões), entregará 36 aviões até 2024.
O
pulo do gato foi a obrigatoriedade de transferência de tecnologia para a FAB e
empresas nacionais -capitaneadas pela Embraer, que produzirá parcialmente 8 e
totalmente 15 dos aparelhos.
A
objeção sueca de compartilhar procedimentos industriais e de integração de
sistemas com os concorrentes americanos eleva o cacife brasileiro na
negociação, ainda que a interrupção do contrato já em andamento seja altamente
improvável.
A
Embraer deixou de ser estatal em 1994, e 85% de seu controle está na mão de
investidores estrangeiros. Mas o governo mantém uma ação especial, chamada
“golden share”, que lhe dá poder de veto a novos negócios.
O
motivo é a interligação da fabricante com a FAB e outros setores estratégicos.
O governo é a favor de associações, mas não aceita uma Embraer controlada pela
Boeing.
Também
quer entender como a empresa americana poderá ofertar salvaguardas de soberania
a seus projetos.
Os
americanos apontam para o fato de que Boeing e Saab serem sócias no
desenvolvimento de um avião de treinamento nos EUA como prova de que a questão
não é intransponível. Apresentam também alternativas, já que têm operação
industrial na área de defesa no Reino Unido e na Austrália.
O
governo ainda não se convenceu dessas opções, uma vez que a Embraer já é uma
empresa estabelecida nos ramos comercial, executivo e militar, com forte
indução tecnológica a partir de demandas do governo.
Uma
separação de áreas é dificultada pelo entendimento de que a divisão de defesa
da Embraer é um celeiro de inovação para a área civil.
A
famosa linha regional ERJ-145 só saiu do chão porque antes a empresa aprendeu a
lidar com aparelhos a jato subsônicos ao coproduzir o caça AMX com a Itália.
A
concorrência vencida pelo Gripen emulava o desenho, e o sueco tinha como ativo
o fato de a geração ofertada (chamada E/F) estar em desenvolvimento.
As
negociações continuam, com opções inicialmente rejeitadas pela Boeing, como a
formação joint-ventures específicas, de volta à mesa.
A
Boeing precisa da Embraer para fazer frente à rival europeia Airbus, que
comprou a linha de aviões regionais da canadense Bombardier em outubro passado.
A
brasileira é líder do nicho, e nenhum de seus outros competidores (Comac
chinesa, Sukhoi russa ou Mitsubishi japonesa) é parceiro viável para os
americanos.
Além
disso, os brasileiros têm mão de obra qualificada à disposição para ajudar a
desenvolver novos produtos.
Para
a Embraer, a associação pode abrir praças e garantir sua saúde financeira
futura, já que faz algo que a Boeing não produz, mas não tem como competir no
mercado de aviões maiores.
Fonte:
JORNAL O ESTADO
https://www.oestadoce.com.br/economia/negocio-boeing-embraer-pode-afetar-caca-da-fab
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