Quando
foi decretada a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Rio, em 28 de julho do ano
passado, o general de divisão foi escolhido para assumir o comando operacional
das tropas, por ser considerado um estrategista nato. Esta semana, na ausência
de Braga Netto, que ficou em Brasília desenhando o plano da intervenção com
foco, principalmente nas questões jurídicas das ações, Sinott foi o maestro da
intervenção federal no Rio. É ele que, com sua equipe, dividida por setores,
vem recebendo as informações das diferentes áreas da segurança e organizando as
tarefas para as ações no futuro.
O
general traz na bagagem a experiência de já ter comandado tropas em
comunidades. Em 2014, foi um dos comandantes da Força de Pacificação do
Complexo da Maré. Em setembro do ano passado, foi o coordenador das operações
das Forças Armadas no Rio durante as operações de ocupação da Rocinha. Na
época, deixou claro que prefere trabalhar com ações de longo prazo. E que
acredita na tática de conquistar a confiança da população. Em entrevista ao
GLOBO na ocasião, afirmou que os homens do Exército, da Marinha e da
Aeronáutica não tinham prazo para sair da Rocinha. E reiterou a importância de
os moradores “vencerem o medo” e denunciarem.
—
Quando eu estava na Maré, um morador ligou para rádio e perguntou: general, e
quando vocês forem embora, como vai ficar? Vai voltar tudo como era antes? Eu
lembrei a ele o seguinte: sua pergunta está errada: Você deveria me perguntar:
general, o que eu posso fazer agora para, quando a tropa sair, não voltar a ser
o que era antes. Porque estou dizendo isso? Para reforçar que a comunidade é
que detém esta oportunidade de contribuir para que este trabalho que estamos
fazendo agora se perpetue por muito tempo. Eles são as pessoas que podem nos
ajudar a limpar por um longo tempo a comunidade — afirmou na época.
O
general assumiu o comando da Força de Pacificação do complexo de favelas da
Maré em 30 de maio e ficou à frente da tropa até 31 de julho, quando acabou o
prazo para a atuação das Forças Armadas na região. Quando chegou, afirmou que
ia manter o perfil de trabalho de seu antecessor, general Roberto Escoto,
acrescentando que pretendia investir na integração com a comunidade:
—
Vamos continuar a manter contatos e a fazer reuniões quinzenais com associações
de moradores e ONGs da região — declarou.
Sinott
é duas turmas anteriores a de Braga Netto e assumiu o comando da 1ª Divisão de
Exército do Rio em 31 de julho de 2016. Ele nasceu na cidade de Pelotas, no Rio
Grande do Sul, em 3 de dezembro de 1959. Entrou no Exército em 28 de fevereiro
de 1977, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas, São Paulo.
De acordo com o seu currículo, tornou-se aspirante a oficial da Arma de
Cavalaria, em 1983, na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende,
no Rio. Começava aí seus primeiros contatos com o estado. Em áreas de risco, o
militar comandou o 2º Contingente da Operação São Francisco, no Complexo da
Maré, região que conhece como ninguém.
Foi
Sinott quem, durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, ao lado do
amigo Braga Netto, chefiou o Comando Conjunto de Prevenção e Combate ao
Terrorismo.
É
considerado um dos mais preparados oficiais do Exército. Além dos cursos de
formação, de aperfeiçoamento e de altos estudos militares, fez os treinamentos
em área como o paraquedismo, operações na selva, ações de comandos. Ele ainda é
mestre de salto, básico de salto livre e técnico de blindados. Mas um dos
cursos que mais lhe dá orgulho é o de Forças Especiais, os conhecidos FEs. São os
militares que, no jargão militar, levam "a faca nos dentes". Os FEs
são equiparados, pelos militares brasileiros, como os "Navy Seals"
americanos do Exército Brasileiro, por ser uma tropa altamente treinada para
missões de extrema periculosidade. Os Navy Seals dos Estados Unidos são os
militares responsáveis pela morte do terrorista Osama Bin Laden.
Durante
sua vida militar, Sinott foi ainda comandante de pelotão e de esquadrão de
cavalaria, além de instrutor dos cursos de Comandos e Forças Especiais, da
Academia Militar das Agulhas Negras. Mas as habilidades do general não se
restringem ao campo operacional. Ele também é analista no Centro de
Inteligência do Exército, daí a árdua tarefa que lhe coube de ser o maestro da
integração dos serviços de informação das duas polícias (Civil e Militar), da
subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança, da Secretaria de
Administração Penitenciária (Seap) e do Corpo de Bombeiros, durante a
intervenção federal. A ideia é fazer com que os analistas de informação não
levem os dados de inteligência num pendrive, quando deixarem os cargos, ação
comum ao término de cada gestão. Tal prática é bastante corriqueira entre as
polícias, mas a palavra de ordem no gabinete provisório do CML é
"compartilhamento de dados".
Sinott
assumiu ainda outras funções durante a carreira: a de chefe do Estado-Maior da
23ª Brigada de Infantaria de Selva, em Marabá, no Pará; a de comandante do
Centro de Blindados, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul; e a de comandante da
6ª Brigada de Infantaria Blindada, na mesma cidade. O general foi o comandante
também do Comando de Operações Especias, em Goiânia, Goiás, centro de formação
dos Forças Especiais.
A
vasta experiência se estende também para fora do Brasil. Foi comandante do
Destacamento de Segurança da Embaixada do Brasil na Colômbia, e Adido do
Exército e Força Aérea junto à Embaixada do Brasil em Portugal.
Dentre
as condecorações nacionais e estrangeiras com que foi agraciado, destacam-se: a
Ordem do Mérito Militar e as Medalhas Militar de Ouro, do Pacificador, Medalha
D. Afonso Henriques (Mérito do Exército de Portugal), Medalha do Guardião e
Medalha Pedro Ludovico Teixeira.
https://oglobo.globo.com/rio/conheca-general-que-o-braco-direito-do-interventor-na-seguranca-do-rio-22421631
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