No documento, verdadeiro "Compromisso Imortal", há, também,
providências que, hoje, seriam consideradas mobilização de Reservas:
"Nós abaixo assinados nos conjuramos e prometemos em serviço da
liberdade, não faltar a todo o tempo que for necessário, com toda ajuda de
fazendas e de pessoas, contra qualquer inimigo, em restauração da nossa pátria;
para o que nos obrigamos a manter todo o segredo que nisto convém (...)".
Estava criado, segundo o mestre Capistrano de Abreu, o sentimento da
existência nacional brasileira, que iria se fortalecer ao longo dos próximos
dois séculos, até a Independência, em 1822.
Paralelamente, surgia, consolidado, o Exército de Patriotas, formado
pela fusão das três etnias - branca, negra e índia - com suas miscigenações.
Nascia o Exército Brasileiro, democracia multirracial, sem discriminações e
preconceitos, sem cotas, numa pluralidade étnica e social, unida pela alma de
combatente do nosso soldado.
Em 19 de abril de 1648, uma força holandesa, com 7.400 homens, marchou
no sentido Barreta-Guararapes, tendo como objetivo final apoderar-se do cabo de
Santo Agostinho. O Exército Patriota, de 2.200 homens, deslocou-se para
interceptar o invasor. O Sargento-Mor Antônio Dias Cardoso, "soldado mais
prático e experiente", sugeriu que o melhor campo de batalha seria o
Boqueirão dos Guararapes.
Na manhã de 19 de abril, primeiro domingo após a Páscoa
("pascoela"), dia de Nossa Senhora dos Prazeres, o Sargento Dias
Cardoso, no comando de 200 homens, investiu contra a vanguarda inimiga para, em
seguida, retrair em direção ao interior do Boqueirão, onde o restante do nosso
Exército estava escondido, pronto para a batalha. Ao comando de "ás de
espadas", os patriotas lançaram-se sobre o inimigo.
O terço (regimento) de Pernambuco, comandado por João Fernandes Vieira,
auxiliado por Dias Cardoso, rompeu o inimigo nos alagados. Os índios de Felipe
Camarão assaltaram a ala direita dos holandeses. O terço dos negros de Henrique
Dias atacou a ala esquerda, ficando as tropas de Vidal de Negreiros em reserva.
Os batavos contra-atacaram com suas reservas de 1.200 homens, enquadrando o
terço de Henrique Dias.
Os patriotas, habilmente, lançaram a reserva de Vidal de Negreiros no
momento adequado. Foram quatro horas de confronto, entre alagados e morros. Ao
final, o exército holandês, derrotado, retirou-se com pesadas perdas: 1.038
combatentes, entre mortos e feridos.
Menos de um ano depois, em 19 de fevereiro de 1649, patriotas e
holandeses enfrentaram-se na segunda e derradeira Batalha dos Guararapes.
Novamente derrotados, os batavos fugiram para Recife, ainda sob o controle
holandês, deixando para trás 927 mortos, 89 feridos e 428 prisioneiros, contra
45 patriotas mortos e 245 aprisionados.
Em 14 de janeiro de 1654, o Exército Patriota atacou o último reduto
holandês em Recife. Após dez dias de combates, a cidade foi reconquistada. No
dia 26 de janeiro, na Campina da Taborda, os holandeses assinaram a rendição e
retiraram todas as suas forças no Brasil.
O Decreto do Presidente da República, de 24 de março de 1994, instituiu
o Dia do Exército Brasileiro em 19 de abril, data da primeira Batalha dos
Guararapes (1648), quando se uniram, no nascedouro, os conceitos de Pátria e de
Exército.
Decorridos 370 anos do sacrifício daqueles bravos que, ao expulsarem o
invasor holandês, deram origem ao Exército Brasileiro (instituição detentora
dos maiores índices de confiabilidade do nosso povo), paira sobre a data um
injustificável silêncio. São tempos estranhos, em que as comemorações ficam
restritas, praticamente, ao meio militar. A quase totalidade da mídia ignora o
acontecimento e os meios educacionais e culturais se omitem, contaminados pela
nefasta doutrina do "politicamente correto".
A história do Exército Brasileiro confunde-se com a da Pátria. Os Soldados
de Caxias - povo brasileiro em armas - participaram, intensa e decisivamente,
dos acontecimentos mais relevantes de nossa jornada como Nação. O Exército
atual é a mesma Pátria em armas do passado. Os soldados de hoje em nada diferem
dos militares de ontem, eis que seus princípios, valores e atributos são
imutáveis.
O espírito do Pacificador gera não só tolerância, paciência, grandeza,
compreensão e capacidade de perdoar, mas também, firmeza, decisão, energia,
coragem, retidão de propósitos, nobreza de ideais, culto à verdade e um
inquestionável amor ao Brasil.
Ainda hoje, quando vivenciamos um cenário em que maus brasileiros
promovem a degradação dos princípios e valores que forjaram a nacionalidade, os
herdeiros de Caxias, de Tamandaré e de Eduardo Gomes são a grande reserva moral
e ética que leva milhões de brasileiros às ruas e redes sociais, clamando por
seu vigoroso Braço Forte e fraterna Mão Amiga. Os soldados brasileiros de
terra, mar e ar são exemplos de cidadãos, e a Nação neles reafirma a sua
irrefutável confiança.
Soldado do Brasil! ... Presente!
2º Ten R/2 Art Sérgio Pinto Monteiro
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