Por Bruno Góes Publicada Em 09/04 - 20h55
BRASÍLIA — O Brasil desistiu de enviar tropas em missão de paz à
República Centro-Africana. A informação foi confirmada ao GLOBO, nesta
segunda-feira, pelo Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx). O país
vai rejeitar o pedido da ONU, que queria 750 militares para atuar na região. O
governo brasileiro considerou que não há dinheiro para custear a missão.
No mês passado, a ONU pressionou o Ministério da Defesa para que o país
se posicionasse sobre o assunto, segundo fonte ouvida pelo GLOBO. Em 2017, a
diplomacia brasileira havia sinalizado às Nações Unidas que participaria da
missão. A área técnica do governo chegou a diminuir o orçamento para o primeiro
ano de ação para R$ 280 milhões — inicialmente, eram R$ 400 milhões.
Mas, quando o assunto chegou à mesa do presidente Michel Temer, a
conclusão a que se chegou foi a de que há restrição orçamentária. E a
prioridade, para o governo, é a intervenção federal no Rio de Janeiro.
A ONU contava com a presença de tropas brasileiras e chegou a avisar que
não tinha plano B, ou seja, não cogitava ocupar a região com tropas de outro
país. Agora, terá que procurar outro parceiro. Em novembro do ano passado,
Jean-Pierre Lacroix, chefe das operações de manutenção de paz da ONU, declarou
publicamente que a experiência do Brasil no Haiti seria importante para a
missão na África.
A missão era vista por militares como uma continuidade do trabalho
bem-sucedido no Haiti, que durou entre 2004 e 2017.
Durante as negociações, a Defesa explicou à ONU que o país está em ano
eleitoral e com dificuldades para fechar o orçamento. Em novembro do ano
passado, as Nações Unidas fizeram o convite oficial para o Brasil participar da
missão. À época, pedia o reforço das tropas "o mais breve possível".
A guerra civil na República Centro-Africana fez com que meio milhão de
pessoas se refugiassem em países vizinhos, segundo a Agência da ONU para
Refugiados (ACNUR). Em janeiro, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR)
afirmou que metade da população necessitava de ajuda humanitária.
O Globo
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