![]() |
General de divisão Elias Rodrigues Martins Filho
|
O anúncio ocorre na mesma semana em que o Brasil negou pedidos da ONU
para enviar tropas para duas missões no continente: na República
Centro-Africana e na própria República Democrática do Congo. O motivo foi a
restrição orçamentária num momento em que ocorrem a intervenção federal no Rio
de Janeiro e a recepção de refugiados venezuelanos em Roraima.
Em entrevista ao UOL, o general Elias Martins Filho disse que é possível
que o Brasil mande um contingente de tropas ao Congo no futuro. "No
momento não estamos com capacidade financeira, mas nada impede que na virada do
ano mandemos um contingente. Um adoraria receber um batalhão brasileiro na
República Democrática do Congo", disse.
Martins filho chefiará um força de mais de 16.500 militares da ONU de quase 50 nacionalidades diferentes. Sua missão prioritária, afirmou, será organizar eleições presidenciais em dezembro deste ano. O atual ciclo eleitoral deveria ter acontecido no fim de 2017, mas vem sendo adiado.
O presidente Joseph Kabila, que está no poder desde 2011 (apos suceder o
pai na Presidência) não deve concorrer. Mas o país sofre com a ação de dezenas
de milícias e grupos rebeldes - alguns deles financiados, armados e treinados
secretamente por nações vizinhas.
![]() |
Blindado da ONU circula em Beni, na República Democrática do Congo
|
Entre esses grupos os mais fortes são o ADF (sigla para Forças
Democráticas Aliadas), de Uganda, o FDLR (siglas das Forças Democráticas para a
Libertação de Ruanda) e coalizões de grupos Mai-Mai (milícias regionais de
autodefesa). Eles lutam pelo controle territorial, para desestabilizar o governo
e por uma gama de recursos minerais como diamantes, ouro, petróleo e urânio.
Alguns também usam o Congo para organizar ataques contra outros países.
Essa é a segunda vez que um general brasileiro assume um comando na missão, conhecida pela sigla de Monusco. Entre 2014 e 2016, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz liderou a então recém-criada Brigada de Intervenção -a primeira força de caráter ofensivo das Nações Unidas. A unidade é armada com artilharia, blindados e aviação de combate para fazer frente ao tipo de armamento usado pelos grupos rebeldes.
Ao lado do Exército da República Democrática do Congo, ele venceu em uma
série de batalhas o grupo rebelde M23 (Movimento 23 de Março), apoiado de forma
velada por Ruanda e que tentava dominar o leste do país militarmente. Santos
Cruz era subordinado ao comandante da força, posto que será ocupado a partir de
agora pelo general de divisão Martins Filho. Santos Cruz hoje é secretário
executivo do Ministério da Segurança Pública do Brasil.
O general Martins Filho tem uma longa carreira no Exército, onde entre
outras tarefas reformulou a estrutura da Escola de Comando e Estado-Maior, que
lida com estudos táticos e estratégicos do Exército.
Ele ainda serviu como chefe do escritório de Organizações Internacionais do Ministério da Defesa do Brasil. Também trabalhou no departamento de missões de paz da ONU entre 2005 e 2008, na representação do Brasil na ONU entre 2001 e 2003 e em uma missão das Nações Unidas em Angola entre 1995 e 1996 - trabalhos que fizerem dele um dos maiores especialistas do Exército em operações de paz.
"Pessoalmente eu recebo a missão com muita alegria. Ela significa o
reconhecimento de quase 40 anos de carreira militar. É um motivo de muita
alegria por um lado e por outro lado preocupação por não poder contar com
tropas brasileiras", disse.
Martins filho levará um pequeno grupo de assessores pessoais, mas não há
previsão oficial para que tropas brasileiras sejam mandadas. Ele atribui a
indicação a um esforço do comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas,
à boa reputação que o Brasil tem em missões de paz e ao grande desempenho de
seu antecessor, general Santos Cruz, na República Democrática do Congo.
Noticias UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário