Brasília,
08/06/2018 - Os Ministérios da Defesa; da Saúde; da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações; e a Marinha do Brasil (MB) realizaram, nesta
sexta-feira (8), no Centro Industrial Nuclear de Aramar (Iperó-SP), com a
presença do Presidente da República e autoridades civis e militares, a
cerimônia de Lançamento da Pedra Fundamental do Reator Multipropósito
Brasileiro (RMB) e de início dos testes de integração dos turbogeradores do
Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE).
Desde
os anos 70, o governo brasileiro vem investindo recursos na área nuclear com o
objetivo de dotar o país com capacidade plena sobre o domínio do ciclo de
produção de combustível nuclear e de produção de reatores de pesquisa e de
potência, elementos fundamentais na busca pela inovação e por soluções nas
áreas de energia e de saúde.
Com
os progressos alcançados, a Marinha do Brasil projetou, construiu e operou
conjuntos de ultracentrifugadoras, inicialmente no campus da USP e depois no
Centro Experimental de Aramar, ratificando a conquista de complexa tecnologia,
alcançada de forma autóctone pelo país. Na sequência, finalizou o projeto e
iniciou a construção do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica
(LABGENE), que replicará, em terra, o sistema de propulsão do futuro submarino
com propulsão nuclear, incluindo o Reator Nuclear de Potência.
Quando
estiver pronto, o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) será capaz de produzir
os radioisotópicos que o Brasil precisa, e que hoje são importados, reduzindo
os riscos de desabastecimento e diminuindo os custos para a produção dos
radiofármacos, o que permitirá maior volume de exames e tratamento de doenças,
em especial de diferentes tipos de câncer. Isto significará melhores condições
para o investimento na área médica, com a consequente ampliação do atendimento
em medicina nuclear, para maior contingente populacional. O lançamento da pedra
fundamental do RMB eleva o Brasil a um novo patamar no desenvolvimento
científico e social do país, em especial com a futura produção autônoma de
radioisótopos.
O
comandante da Marinha ressaltou a atuação pioneira e visionaria do almirante
Álvaro Alberto, a partir da qual um crescente conjunto de notáveis brasileiros
e instituições dedicaram-se a busca do domínio pleno do ciclo nuclear. E
destacou que para a construção do Reator, a Marinha cedeu um milhão e duzentos
mil metros quadrados de sua área para a construção e participou das negociações
para a assinatura dos projetos detalhados de engenharia e dos sistemas
associados do RMB.
Discorrendo
sobre a contribuição da Marinha do Brasil (MB) para o Programa Nuclear
Brasileiro e para o país registrou que cerca de 300 teses de doutorados e
dissertações de mestrados foram realizadas por profissionais integrantes do
programa; que há mais de 500 engenheiros e técnicos qualificados e com
conhecimento na área nuclear; e que cerca de 3.000 empregos diretos foram
gerados em organizações militares da MB localizadas em São Paulo e no Rio de
Janeiro, representando ganhos significativos em termos técnicos e profissionais
para o país.
Agradeceu
a participação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações,
por meio de instituições expoentes no segmento nuclear como a Comissão Nacional
de Energia Nuclear (CNEN) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
(IPEN). E enalteceu a participação do Ministério da Saúde (MS) no projeto do
Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que segundo o almirante, demonstrou a
disposição do MS em investir em uma iniciativa que trará a capacidade de
produção radioisótopo utilizados na medicina nuclear trazendo enormes
benefícios para a população brasileira.
“Certamente
o arrasto tecnológico decorrente do Reator Multipropósito Brasileiro e do
Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica será reconhecido num futuro
próximo”. concluiu o comandante da Marinha.
O
ministro da Defesa (MD), Joaquim Silva e Luna, destacou que o MD considera
prioritários os investimentos em projetos tecnológicos da área de Defesa, em
face do impacto no desenvolvimento nacional, por meio da geração de empregos
qualificados na Base industrial de Defesa, da absorção de tecnologias avançadas
e da geração de oportunidades de exportação, contribuindo sobremaneira para o
fortalecimento da economia nacional e para a projeção do Brasil no cenário
internacional. Diante disto, a Estratégia Nacional de Defesa (END) estabelece
três setores tecnológicos como essenciais para a Defesa Nacional: o nuclear, o
cibernético e o espacial. Esses setores estratégicos apresentam elevada
complexidade, necessitando de uma liderança centralizada para a estreita
coordenação e integração de diversos atores e áreas do conhecimento. E
ressaltou que “a materialização desse projeto demonstra a maturidade com que
nossas instituições tratam a questão nuclear e sinaliza que a ação conjunta e
sinérgica dos atores do Setor Nuclear é capaz de transpor os desafios inerentes
a obtenção de tecnologias sensíveis”.
“Este
é um momento que traz justificado orgulho para todos os brasileiros”. Com estas
palavras o presidente Michel Temer iniciou o seu discurso. Ressaltou ainda, a
perseverança, o talento científico, e o compromisso com o país dos que
viabilizaram a empreitada. Destacou que os dois projetos que era celebrado, o
RMP e o LABGENE, eleva o patamar em ciência e tecnologia e promove o
desenvolvimento do Brasil.
“Parabenizo
todos que, irmanados sob o mesmo ideal, trabalharam para que a pedra
fundamental do Reator Multipropósito Brasileiro e dos testes de integração dos
turbogeradores do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica, fosse
lançada no dia de hoje”. Disse o ministro Silva e Luna.
Para
o presidente, a área da saúde se fortalece muito com a construção do reator, pois
hoje somos obrigados a importar radiofámacos para o combate a várias doenças,
principalmente o câncer. E o tratamento fica mais complicados e naturalmente
mais caros por que dependemos de fornecedores estrangeiros. Considerou o grande
fundamento social que reveste a construção do reator, pois com o mesmo vai se
produzir insumos para o Sistema Único de Saúde (SUS), a preços mais baixos,
tornando as terapias muito mais acessíveis, aumentando os atendimentos e
elevando a esperança de quem precisa de ajuda. Destacou que o governo
brasileiro e o Argentino viabilizaram o contrato para execução do projeto.
Quanto
ao LABGENE disse que entende que o mesmo possui um forte potencial social, pois
poderá ser utilizado para diversos fins, desde a dessalinização de água do mar
até a geração de energia de pequenos porte para o atendimento das regiões mais
remotas do país.
Disse
ainda que o submarino de propulsão nuclear brasileiro é uma aspiração que com
tenacidade e disciplina está sendo concretizado e que o seu otimismo é
absoluto. e completou dizendo que era um privilégio assistir o nascimento de
dois projetos magníficos, o RMP e o LABGENE, que consagra a posição de Iperó e,
por extensão, de toda a região.
"Vamos
nos inspirar neste momento para dizer: vamos ser otimistas na convicção mais
absoluta de que o Brasil merece este otimismo”. Concluiu o presidente.
O
Reator Multipropósito Brasileiro (RMB)
O
RMB é um reator nuclear que tornará o Brasil autossuficiente na produção de
radioisótopos – insumo fundamental para a fabricação de rádiofármacos, de
grande importância para o tratamento de doenças em diversas áreas da Medicina,
como a cardiologia, oncologia, hematologia e neurologia. O RMB será capaz de
produzir os radioisótopos que hoje são importados, reduzindo os riscos de
desabastecimento e diminuindo os custos para a produção dos radiofármacos, o
que permitirá maior volume de exames e tratamento de doenças.
O Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE).
O
LABGENE – parte essencial do Programa Nuclear da Marinha (PNM) – é o protótipo,
em terra, da planta nuclear do futuro submarino com propulsão nuclear
brasileiro, a fim de possibilitar a simulação, em condições ótimas de
segurança, da operação do reator e dos diversos sistemas eletromecânicos a ele
integrados.
Ministério
de Defesa
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