A Embraer e a Boeing já
prepararam os memorandos de entendimento e solicitaram ao governo uma reunião
para apresentá-los. Os documentos estabelecem a associação das duas empresas
mediante uma joint venture com controle da Boeing, multinacional americana, e
participação minoritária da Embraer. Por esse acordo, a parte da defesa ficaria
em uma empresa separada e integralmente controlada pela atual Embraer.
A expectativa de quem está
acompanhando de perto as conversações é de que a reunião para apresentação dos
memorandos de entendimentos será marcada para as próximas duas semanas.
Executivos das duas empresas
estiveram reunidos na semana passada em Évora, Portugal, onde a companhia
brasileira possui uma fábrica. As notícias, segundo disse um ministro ao Valor,
são de que "as coisas estão caminhando bem".
No governo, o tema vem sendo
monitorado por representantes dos Ministérios da Fazenda e da Defesa, do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Aeronáutica.
Enquanto fontes no mercado falam em um acordo próximo, a pasta da Defesa trata
a informação ainda como "especulação".
Os memorandos de entendimento
detalham como ficam o desenvolvimento da pesquisa no Brasil, o emprego dos
engenheiros, a divisão dos ativos, as compras conjuntas e o uso da joint
venture para impulsionar as vendas da Embraer defesa. O desfecho das
negociações entre as duas empresas está próximo.
Fontes do governo atribuem às
duas empresas as maiores dificuldades em todo o processo. No início, o único
reparo do governo, quando soube do interessa da Boeing em adquirir ou fazer uma
parceria com a Embraer, foi manifestar preocupações quanto ao que poderia
acontecer com o braço de defesa da Embraer e com a continuidade da pesquisa no
Brasil.
A área de defesa da Embraer opera
muito próxima da área comercial e as inovações dos projetos de defesa acabam,
não raro, sendo utilizados na área comercial da companhia. Ao governo
interessava saber como, em uma eventual fusão, ficaria o formato e, também,
quais as restrições que o governo americano poderia colocar no braço de defesa
da Embraer no caso de uma aquisição.
A primeira abordagem da Boeing
foi a possibilidade de uma aquisição quase que integral da Embraer e eventual
fechamento de capital da empresa. Tal proposta, porém, nem chegou a ser
apresentada ao conselho de administração da empresa brasileira e o governo deixou
claro que teria restrições a esse modelo, dada a importância da Embraer na
pesquisa e em projetos de defesa no país.
Em fevereiro, quando as
considerações do governo brasileiro foram levadas à Boeing, ficou claro para as
duas empresas que a saída seria uma parceria. De março para cá, as maiores
dificuldades nas negociações foram as restrições impostas pelo conselho da
Embraer.
Nos dois últimos meses, maio e
junho, ambas passaram a trabalhar em uma associação por meio de uma joint
venture com controle da Boeing e com participação minoritária da Embraer. A
área de defesa, nesse modelo, seria apartada e ficaria sob o guarda chuva de
uma nova empresa controlada 100% pela atual Embraer.
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