Após
o mal-estar gerado na recente cúpula da Otan pelas acusações feitas pelo
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a seus parceiros europeus – em
especial, à Alemanha –, o ex-ministro alemão do Exterior, Sigmar Gabriel, pediu
uma "resposta europeia dura, mas acima de tudo, conjunta" ao líder
americano.
A
Alemanha "não deve mais alimentar ilusões" quanto a Trump,
acrescentou Gabriel em entrevista divulgada pelo portal de notícias Spiegel
Online nesta sexta-feira (13/07).
No
encontro da Aliança Atlântica realizado nesta semana em Bruxelas, o presidente
americano pressionou os parceiros europeus a elevarem suas contribuições
financeiras à Otan para 4% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país,
percentual que corresponde ao dobro do que as nações aliadas prometeram atingir
até 2024. O americano reclamou que seu país gasta bilhões de dólares para
garantir a segurança da Europa, recebendo muito pouco em troca.
Trump
adotou um tom agressivo durante a cúpula, questionando os valores da aliança,
que definiu décadas da política externa americana, e chegou a pôr em dúvida as
relações da Alemanha com a Rússia. Ele disse que a importação de gás russo faz
com que a Alemanha seja "totalmente" controlada por Moscou, que teria
Merkel como uma "prisioneira".
Gabriel
disse que as acusações de Trump são inaceitáveis. "Se ele quiser ser
ressarcido pelos bilhões de dólares das Forças Armadas dos EUA que foram
gastos, temos então que exigir ressarcimento pelos bilhões de dólares que
gastamos com os refugiados que as fracassadas intervenções militares
americanas, no Iraque, por exemplo, geraram", afirmou.
O
ex-ministro disse que os EUA sob o governo de Trump não são parceiros
confiáveis. "Ele dá garantias de sobrevivência ao ditador da Coreia do
Norte e, ao mesmo tempo, quer uma mudança de regime na Alemanha, o que não
podemos aceitar", alertou.
Gabriel
defende que a Alemanha deve buscar contatos diretos com governadores, senadores
e com os jovens americanos.
"A
América está mudando. Em poucos anos a maioria dos cidadãos americanos não será
de raízes europeias, mas asiáticas, latino-americanas e africanas, o que fará
uma América diferente da que conhecemos há 70 anos, e também diferente da
América de Trump. Esta é uma grande oportunidade para nós", afirmou.
O
social-democrata disse que o governo alemão deve encontrar soluções criativas
para atingir a meta de dedicar 2% do PIB do país para a defesa.
"Poderíamos
investir anualmente 1,5% [do PIB] na Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) e 0,5%
na defesa da Europa, por exemplo, no Leste Europeu, através da Otan, disse
Gabriel. "Até o momento, apenas os EUA fazem isso."
Assim,
a Alemanha mostraria que "também assume a responsabilidade pela segurança
no Leste Europeu, nos Bálcãs e na Polônia, por exemplo, que se sentem ameaçados
pelo reforço da presença militar russa". "E nos tornaríamos mais
independentes dos EUA", afirmou.
Deutsche
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