Jair
Bolsonaro sofreu o esfaqueamento no dia 6 de setembro de 2018, e desde então se
encontra hospitalizado. Infelizmente, pouco sabemos acerca do atentado. O
sujeito que atacou o candidato não era um suicida e certamente não agiu
sozinho. Ele pode até não ter contado com a possibilidade de vir a ser contido
pelos próprios populares na multidão, mas certamente ele tinha um plano para se
aproximar, atacar e fugir. Num local cheio como aquele, ele poderia envolver um
diversionismo para causar pânico e facilitar a sua fuga, em meio à multidão.
Talvez, como um “Bucha”, haja sido manipulado e deixado “no fogo”; como os
terroristas que portavam as bombas que explodiram no transporte público na
Espanha, em 11 de março de 2004, os quais não sabiam que transportavam as
bombas reguladas para não lhes dar chance de fuga.
Nós
ainda teremos de aguardar por informações que indiquem o mandante (ou os
mandantes) do crime. Sinceramente, não creio que tal informação, capaz de
alterar todo o rumo do processo eleitoral do país, vá ser disponibilizada para
o público antes da eleição. A verdade é que, ao mesmo tempo em que toda a
opinião pública permanecerá ignorando quem está por trás do atentado contra o
candidato favorito da eleição presidencial de 2018, esses mesmos perpetradores
estarão livres e empenhados para ter sucesso num segundo ataque.
Eu
não tenho a pretensão de competir com videntes, astrólogos ou pais-de-santo ao
antever a possibilidade de um novo ataque contra o Bolsonaro; contudo isso para
mim é mais do que uma probabilidade, infelizmente essa perspectiva é uma
certeza!
Tudo
que está em jogo na arena política, mais do que justifica tal preocupação!
É
objetivo da segurança antecipar-se às ações de atentado, determinando os
prováveis inimigos, seus meios de ação, apontando as deficiências de
procedimentos, vulnerabilidades dos locais onde a autoridade habita e por onde
normalmente circula ou trabalha, de forma a poder estabelecer os cursos de ação
adequados à equipe de segurança.
Embora
todo profissional dessa praia devesse saber de antemão todas as implicações do
seu trabalho, nunca é demais lembrar que agentes de segurança devem estar
literalmente “preparados para tudo”. Fidel Castro teria escapado à ingestão de
sorvete envenenado e depois disso até seus charutos, talheres e guardanapos
eram inspecionados cotidianamente pela segurança… Nos idos dos anos 60, a
Extrema-Direita francesa, após sucessivas e espetaculares tentativas
frustradas, pretendeu eliminar o Presidente De Gaulle envenenando as hóstias da
igreja onde o chefe de estado costumava comungar… Em Junho de 2000, cartas
contendo uma substância radioativa (tório em pó) foi enviada para o Primeiro-Ministro
japonês, Yoshiro Mori e a diversas outras personalidades públicas locais e não
são poucas as histórias de envenenamento envolvendo supostos “alvos” dos
serviços de inteligência da Rússia…
Para
nós, brasileiros, tais ações podem beirar à ficção “Jamesbondiana” mas não
esqueçamos que, embora a proteção de dignitários procure melhorar com o passar
dos anos, o problema é que normalmente aprendemos com nossos próprios erros:
existe uma forte tendência natural (inclusive de parte das próprias autoridades
protegidas) de se menosprezar aquilo que não se vê, que “só muito raramente
acontece” ou que “só ocorre em outros países”, e são justamente estas falhas as
maiores responsáveis pelos êxitos dos criminosos quando do cometimento de
atentados. O lado preocupante da “Globalização” para a segurança de uma forma
geral é que, aquilo que hoje acontece com alguém no exterior, poderá ser
repetido amanhã, contra quem quer que necessitemos proteger.
É
objetivo da segurança antecipar-se às ações de atentado, determinando os
prováveis inimigos, buscando antever seus meios de ação, apontando as
deficiências de procedimentos, vulnerabilidades dos locais onde a autoridade
habita e por onde normalmente circula ou trabalha, de forma a poder estabelecer
os cursos de ação adequados à equipe de segurança. Bolsonaro é o inimigo número
um de toda a esquerda brasileira, antagoniza com José Dirceu, com o PT, o Foro
de São Paulo, o PSDB e também não é bem quisto pelas grandes redes de mídia,
pelos criminosos do tráfico… São muitos aqueles que gostariam de vê-lo fora do
páreo presidencial e muitas dessas potenciais forças hostis tem dinheiro e
gente com qualificação para apurar seu modus operandi numa próxima ação.
Como
Sun Tzu ensinou, não se deve subestimar ninguém. Os comunistas cubanos tem
grande experiência legada do antigo KGB e não dá pra descuidar, inclusive no
que tange a envenenamentos (com curare, rícina, clostridium botulinium etc) ou
exposição a materiais perigosos ou radioativos; os colombianos das FARC possuem
grande know-how na fabricação de artefatos explosivos…
O
tempo está passando, a votação está chegando e não dá pra relaxar! Todo cuidado
é pouco para garantí-lo agora. Além do óbvio cuidado quanto ao credenciamento e
controle de acesso no hospital, Jair Bolsonaro vai precisar ser guardado de
perto, 24h por dia, e a segurança em seu hospital redobrada. Infelizmente sua
liberdade não mais poderá ser exercida como antes. Onde quer que ele vá ou
esteja, nada poderá ser como era. Muitos daqueles que querem vê-lo pelas costas
se notabilizaram por fazer seus deveres de casa direitinho e certamente não se
deterão em tentar eliminá-lo uma segunda vez!
Sobre
o autor Vinícius Cavalcante
VINICIUS
DOMINGUES CAVALCANTE, CPP
Profissional
de segurança desde 1985. Detém 25 cursos e estágios na área de segurança e
inteligência, tendo participado de treinamentos na Colômbia e também na
Grã-Bretanha. Atua como consultor em segurança nas áreas de planejamento e
normatização, inteligência, segurança pessoal e treinamento. Foi um dos
profissionais internacionalmente certificados pela American Society for
Industrial Security (www.asisonline.org) no Brasil, sendo certificado em 2004.
Diretor
regional da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança
(www.abseg.com.br) no Rio de Janeiro, há 26 anos integra a diretoria de
segurança da câmara municipal do Rio de Janeiro como servidor público
concursado. É membro do conselho de segurança da Associação Comercial do rio de
Janeiro. Atua na segurança de pessoas de notável projeção bem como treinou
efetivos de segurança pessoal de diversas instituições públicas e privadas. É
instrutor convidado em cursos na PMERJ, ACADEPOL (RJ), SECRETARIA NACIONAL DE
SEGURANÇA PÚBLICA E CENTRO REGIONAL DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A PAZ, o
desarmamento e o desenvolvimento social na América Latina e Caribe (UN-LIREC).
É articulista em publicações especializadas em segurança do Brasil e do
exterior, como o Jornal da Segurança, as revistas Proteger, Security, Segurança
Privada, Revista Sesvesp, Segurança & Defesa, Tecnologia & Defesa no
Brasil, bem como Seguridad Latina e Global Enforcement Review e Diálogo
Américas, nos Estados Unidos, e International Fire and Security.
Possui
artigos sobre segurança publicados nos jornais o Globo e Monitor Mercantil.
Autor de três DVDs com video-aulas sobre segurança abordando segurança de
dignitários, ocorrências envolvendo artefatos explosivos e espionagem e
contra-espionagem no meio empresarial, produzidos e distribuídos pelo Jornal da
Segurança para todo o Brasil.
Site da Segurança
http://www.sitedaseguranca.com.br/e-eles-devem-tentar-de-novo-vinicius-cavalcante/
Site da Segurança
http://www.sitedaseguranca.com.br/e-eles-devem-tentar-de-novo-vinicius-cavalcante/
Nenhum comentário:
Postar um comentário