O
ministro de Defesa da Argentina, Oscar Aguad, afirmou neste domingo (18/11) que
não existe tecnologia capaz de retirar o submarino ARA San Juan, que foi
localizado no sábado a 900 metros de profundidade no Oceano Atlântico, do fundo
do mar.
"A
Argentina não conta com meios técnicos para resgatar ou emergir o submarino.
Não deve haver no mundo tecnologia para retirar 2.300 toneladas de peso do
fundo do mar", afirmou Aguad.
Em
entrevista à Rádio Mitre, o ministro explicou que o governo tem dinheiro para
contratar uma empresa especializada nesse tipo de operação caso necessário, mas
ressaltou que, caso haja tecnologia para fazer a retirada, o processo deve
demorar muitos anos.
Criticado
pelos parentes dos tripulantes que estavam a bordo do submarino na hora do
desaparecimento há mais de um ano, Aguad ressaltou que sempre disse a verdade
aos familiares das vítimas e que a localização da embarcação é uma prova disso.
"Ele
afundou por uma implosão, não por fatores externos. Não estou e nem estive em
condições de mentir aos familiares. Não temos capacidades técnicas para
trazê-lo do fundo do mar", afirmou. A descoberta do ARA San Juan foi
divulgada no sábado (17/11). O submarino argentino desapareceu no dia 15 de
novembro do ano passado com 44 tripulantes a bordo, quando se dirigia de
Ushuaia a Mar del Plata.
Segundo
a Marinha, as imagens dos destroços sugerem que a embarcação sofreu uma
"implosão" no fundo das águas do oceano em razão da pressão externa
do mar ter superado a de dentro do submarino.
Perguntado
sobre a responsabilidade jurídica do governo em resgatar o submarino, o
ministro disse que a juíza responsável pela investigação do desaparecimento,
Marta Yáñez, terá papel fundamental na decisão. No entanto, reconheceu que não
considera que ela tenha poder para decidir uma questão desta natureza.
"Sobre
a busca, esse caso terminou porque ficou provado que o submarino implodiu e
naufragou duas horas depois da última comunicação. Resta a que vai determinar
quais são as responsabilidades da Marinha", explicou o ministro
Já
a juíza Marta Yáñez disse neste domingo que pode delegar ao governo a decisão
de retirar o equipamento do fundo do mar. Ela também descartou para já a
hipótese de tentar erguer os destroços do fundo do oceano, como reclamam as famílias
dos 44 tripulantes mortos.
"Trata-se
de uma embarcação cheia de água que pode pesar 2.500 toneladas, não vou correr
o risco de a puxar, pode partir-se", afirmou Yáñez aos jornalistas.
"Prefiro conservar a prova como está, porque a eventual subida à
superfície implica uma possível ruptura ou só se conseguirá cortando-a em
partes", acrescentou.
Para
a magistrada, esta é uma questão emocional e não interfere na investigação
sobre o que ocorreu com o submarino. Perguntada sobre a sequência das investigações
pela imprensa argentina, a juíza explicou que a empresa americana Ocean
Infinity, contratada pelo governo para encontrar o submarino, enviará 67 mil
fotos e registros em vídeo para auxiliar no trabalho.
"Vamos
contar com uma análise pormenorizada da situação de como o submarino está e das
condições que ele ficou", afirmou.
Além
disso, a juíza explicou que as três fotos divulgadas ontem, vistas também pelos
familiares dos 44 tripulantes do submarino, não serão utilizadas nas
investigações sobre o caso.
"Chegado
o momento, depois de conseguirmos reconstruir o que ocorreu com imagens e
vídeos, se entenderem ser necessária a retirada da embarcação, que entendo que
é muito difícil e cara, seria preciso fazer um estudo para verificar se isso
tudo é possível", disse a magistrada na entrevista.
Yáñez
explicou que o caso sobre a busca do submarino deve ser encerrado agora que o
equipamento foi encontrado. No entanto, ela considera que alguns dos familiares
podem processar o governo por negligência ou imperícia nos trabalhos de
resgate.
A
juíza também afirmou que focará agora para entender como o submarino afundou,
um caso, segundo ela, "sem antecedentes" e "muito
complexo".
Deutsche
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