'Minha
aproximação com os Estados Unidos é econômica, mas pode ser bélica também', diz
presidente.
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que aceita
discutir "no futuro" a instalação de uma base militar dos Estados
Unidos no território brasileiro e mostrou preocupação com a relação entre
Venezuela e Rússia.
"De acordo com o que possa vir a acontecer no mundo, quem sabe você não
tenha que discutir essa questão no futuro", declarou o presidente em
entrevista ao SBT. "A questão física pode ser até simbólica, porque hoje
em dia o poderio das Forças Armadas americanas, chinesas, russas, alcança o
mundo todo, independentemente de base."
Bolsonaro já havia se reunido antes, na quarta-feira, com o secretário
americano de Estado, Mike Pompeo, com quem se comprometeu a incrementar a
cooperação no âmbito comercial, da segurança e do combate a "regimes
autoritários", referindo-se a Cuba e Venezuela.
O presidente manifestou sua "preocupação" com as manobras militares
realizadas no início de dezembro entre Venezuela e Rússia em solo venezuelano,
para as quais foram enviados bombardeiros russos.
"Como estava previsto, a Rússia fez uma manobra na Venezuela, nós sabemos
qual a intenção do governo de Maduro, da ditadura do Maduro, e o Brasil tem que
se preocupar com isso", disse Bolsonaro. "Nós não queremos aqui ter
um superpoder na América do Sul, mas devemos ter, ao meu entender, a
supremacia", acrescentou.
Sobre a relação com o governo americano, declarou: "Minha aproximação com
os Estados Unidos é econômica, mas pode ser bélica também. Podemos discutir
esta questão no futuro".
O presidente afirmou ainda que nos últimos "20 ou 25 anos" as Forças
Armadas brasileiras foram "abandonadas por uma questão política",
porque "são o último obstáculo para o socialismo".
O líder venezuelano, Nicolás Maduro, acusou recentemente os Estados Unidos de
coordenarem um complô para gerar incidentes armados nas fronteiras da Venezuela
com Brasil e Colômbia visando a justificar uma intervenção militar.
Na mesma entrevista ao SBT, Bolsonaro confirmou sua presença no Foro Econômico
Mundial, em Davos. "Pretendo ir à Suíça, para Davos, para participar desse
encontro lá. Será minha estreia fora do Brasil", disse.
Bolsonaro participará do encontro — entre 21 e 25 de janeiro — que reúne a
elite econômica e política mundial, acompanhado de seu todo poderoso ministro
da Fazenda, Paulo Guedes.
O presidente explicou que para poder viajar a Davos retardou em alguns dias —
segundo ele, "até 28 ou 29 de janeiro" — a cirurgia para retirar a
bolsa de colostomia que carrega desde o atentado que sofreu em Juiz de Fora durante
a campanha eleitoral. Após a intervenção médica, Bolsonaro deverá permanecer no
hospital entre cinco e sete dias, segundo especialistas.
O Globo
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