Igor Gielow
A primeira unidade do novo caça da Força Aérea Brasileira chegou ao país na manhã deste domingo (20) a bordo de um navio vindo da Suécia, onde foi fabricado o Gripen de matrícula FAB 4100.
A aeronave sueca foi transportada no navio Elke, de bandeira de Antígua e Barbuda, que havia saído deixado o porto de Norrköping (Suécia) no dia 29 de agosto.
Ele
chegou ao Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes, que ocupa as margens da
foz do rio Itajaí-açu, separando as cidades catarinenses.
Uma delicada operação de transporte, com segurança reforçada, levará o caça até
aeroporto de Navegantes, que fica próximo ao terminal privado no qual está
atracado.
A aeronave será rebocada pelas ruas de Navegantes assim que a Receita Federal a
liberar. No aeroporto, uma equipe de técnicos da fabricante sueca Saab e de sua
parceira brasileira Embraer irão fazer a montagem final e testes na aeronave imagens
mostram o Gripen sem os trens de pouso completos, por exemplo.
De lá, o avião levantará voo provavelmente na sexta (25) para Gavião Peixoto
(SP), onde fica a fábrica da Embraer que irá no futuro produzir as versões
nacionais do Gripen.
Lá existe um centro conjunto da fabricante brasileira e da Saab. Dos 36 Gripen
encomendados em 2014 pelo Brasil por 39,3 bilhões de coroas suecas (R$ 24,2
bilhões hoje), 15 deverão ser produzidos lá.
O avião chegou de navio por diversos motivos. O principal, é mais barato e
seguro. Mas também se trata de uma aeronave de testes, ainda não considerada
operacional. O FAB4100 voou pela primeira vez em agosto de 2019 e, em setembro
daquele ano, foi apresentada oficialmente.
Agora, o avião continuará sua campanha de ensaios no Brasil, devendo entrar em
operação na FAB no segundo semestre de 2021, quando devem ser entregues outras
unidades do Gripen.
Ele é o modelo E, de um assento. Foram comprados 28 desses. Já o Gripen F, de
dois lugares, está sendo desenvolvido em conjunto pela Saab, Embraer e duas
outras empresas. As primeiras peças dele já estão sendo fabricadas na Suécia, e
sua fuselagem adaptada foi desenhada no Brasil.
As dúvidas sobre o fluxo financeiro do programa por ora estão resolvidas, dado
que o governo Bolsonaro privilegiou a execução de programas militares nas
rubricas de investimento do Orçamento.
No Brasil, o Gripen ganhará a denominação F-39 na FAB. Ele é o resultado de uma
longa novela para a renovação da frota brasileira de aviões de combate,
iniciada com uma concorrência frustrada em 2001 e por outra, que se arrastou de
2006 a 2014.
Até aqui, mais de 230 engenheiros brasileiros foram treinados para o
desenvolvimento do projeto conjunto. As entregas devem ocorrer de 2021 a 2026,
e o pagamento será amortizado por 25 anos.
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, já se queixou de que o país perdeu uma
década no processo. Do lado positivo, a escolha tardia permitiu uma grande
integração com a indústria nacional, Embraer à frente, em especial no
desenvolvimento conjunto da versão de dois lugares do avião.
Foram produzidos até aqui 271 aviões. Seis Aeronáuticas operam o Gripen, nas
suas duas primeiras gerações (A/B e C/D). A Suécia encomendou 60 caças da nova
versão, incorporando algumas das soluções brasileiras, como uma tela única
multifuncional no painel de controle da aeronave, em vez das três dos modelos
anteriores.
Outros países analisam a possibilidade de comprar o modelo, como Finlândia e
Canadá. O Gripen, um aparelho leve e de um motor, tem como ponto de venda a
tecnologia embarcada, que o permite operar de forma conectada a outras caças e
aviões-radar como o Embraer R-99, usado pela FAB.
Hoje, toda a defesa aérea do Brasil recai sobre os 46 antigos F-5 americanos,
caças recebidos nos anos 1970, parte deles modernizada pela Embraer.
Folha UOL
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