Hoje, 19 de dezembro de 2022, o Brasil oficialmente coloca em serviço o Saab Gripen E, designado localmente como F-39 Gripen, adicionando-o à frota de aeronaves de combate de sua força aérea.
Os primeiros dos cinco F-39, entregues da Suécia entre dezembro de 2021 e abril de 2022, estão agora na Base Aérea de Anápolis, perto da capital federal, Brasília.
O Tenente-Coronel Aviador Gustavo de Oliveira Pascotto, Comandante do 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA), e o Tenente-Coronel Aviador Ramon Lincoln Santos Fórneas, pilotaram, respectivamente, os F-39E Gripen (FAB-4103 e FAB 4104) no primeiro voo operacional do modelo no Esquadrão Jaguar.
Este marco também marcará o início da aposentadoria dos F-5EMs atualmente utilizados pelas unidades de primeira linha da Aviação de Caça Brasileira.
Aeronaves entregues:
F-39E FAB 4100 - chegada em 20/09/2020
F-39E FAB 4101 - chegada em 01/04/2022
F-39E FAB 4102 - chegada em 01/04/2022
F-39E FAB 4103 - chegada em 25/09/2022
F-39E FAB 4104 - chegada em 25/09/2022
O caça Gripen E tem envergadura de 8,6 metros, 4,5 metros de altura, 14 metros de comprimento, atinge velocidade máxima de 2,4 mil km/h e chega a voar acima de 16 mil metros de altitude. Segundo a FAB, o F-39 Gripen é usado por forças aéreas em todo o mundo.
• RWR - Alerta de detecção de radar: Confirma a localização dos sinais emitidos por qualquer radar no solo, no mar ou no ar que esteja buscando o Gripen;
• ECM - Contramedidas eletrônicas: O sistema de guerra eletrônica do Gripen confunde os radares de busca e de tiro do inimigo, seja interferindo ou saturando com múltiplos sinais “fantasmas”, evitando que o Gripen real seja marcado como alvo;
• MAWS - Alerta de aproximação de mísseis: Alerta sobre a aproximação de mísseis disparados contra o Gripen.
• Míssil BVR Meteor: Míssil além do alcance visual (BVR) de última geração, com alta energia e longo alcance, garantindo maior zona sem possibilidade de fuga e alta probabilidade de acerto contra o alvo;
• Datalink / Link 16 / Link tático: As capacidades de datalink garantem a superioridade da informação e o compartilhamento de fusão de dados em tempo real para a tomada de decisões rápidas;
• Ataque Eletrônico com LADM: Supressão adicional de guerra eletrônica com uso de míssil leve, que atua como interferidor, apoiando a operação do Gripen em espaço aéreo negado com a presença de sistemas antiaéreos;
• Ataque Eletrônico com EAJP: O Electronic Attack Jammer Pod (EAJP) transportado pelo Gripen interfere e satura eletronicamente os sistemas antiaéreos inimigos, permitindo a sua operação em espaço aéreo contestado;
• CAS/GAAI - Suporte para forças em solo: Apoio Aéreo Aproximado/Interdição Aérea assistida por equipes de militares em solo por meio dos sistemas de auxílio digital a bordo como VMF, Link-16 e link de vídeo em tempo real (VDL);
• ISR - Inteligência, vigilância e reconhecimento: Cobertura 360 graus de sensores ativos e passivos que provém consciência situacional colaborativa no cenário tático operacional;
• LADM - Gerando alvos falsos: O LADM tem a capacidade de gerar alvos falsos para confundir e saturar os radares de busca e de tiro inimigos;
• IFF - Identificação amigo/inimigo: Identifica e confirma quais são as forças amigas e inimigas num cenário tático e operacional;
• Míssil WVR IRIS-T: O míssil IRIS-T, de alcance visual (WVR), é o mais avançado da sua categoria, principalmente em engajamentos fora da linha de visada da aeronave, sendo o seu emprego complementado pelo uso do HMD para que o piloto possa fazer a mira contra o alvo.
• Chaff/flare/despistadores: Dispositivos ativos e passivos de autoproteção para confundir mísseis guiados por radar, por infravermelho e radares de controle de fogo inimigo.
De acordo com a ficha técnica da Saab, o tempo para reabastecer, rearmar e fazer uma inspeção técnica no avião para uma missão de defesa aérea é de 10 minutos.
A equipe necessária para essa manutenção deve ser formada por cinco militares, que pode ser de recrutas que estejam cumprindo o serviço militar e após fazerem treinamento de 10 semanas.
A disponibilidade do Gripen para voos é um dos diferenciais em relação a outros modelos, sendo projetado para ter intervalos de inspeções de 2,5 horas a cada 7,6 horas voadas.
Armamentos
O Gripen E tem 10 pontos externos para fixação de armamentos de diversos tipos de mísseis de curto e longo alcance, bombas e mísseis guiados por laser, radar ou sistema eletro-óptico para emprego contra alvos no céu, terra e mar.
A sua arquitetura permite ainda a integração de armas que já se encontram disponíveis nos arsenais das Forças Aéreas que escolherem o Gripen. Para missões de manutenção da supremacia aérea, o Gripen E leva até 7 mísseis ar-ar de longo alcance (BVRAAM) Meteor e dois 2 mísseis de curto alcance (WVR) IRIS-T.
A ficha técnica destaca que o caça pode levar uma combinação de armamentos e sensores externos para cumprir um variado leque de tarefas numa mesma missão, que pode ser de defesa aérea e ataque sem precisar voltar para a base e mudar sua configuração.
História da Defesa Aérea
No dia 6 de abril de 1973, os oito Dijon Boys, pilotos brasileiros escolhidos e enviados à França para realizarem o curso de pilotagem da primeira aeronave supersônica brasileira, o Mirage IIIE/D, sobrevoaram Brasília (DF), a bordo de seis aeronaves Mirage III EBR/DBR. Assim, marcou-se o início de uma era onde o Brasil efetivamente passava a exercer a completa e exclusiva soberania do espaço aéreo sobre o seu território e respectivas águas territoriais, conforme afirmou à época o Ministro da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Joelmir Campos de Araripe Macedo.
O Mirage III não trazia ao Brasil apenas à era supersônica, fazia parte de um projeto muito mais ambicioso, isto é, a implantação do Sistema Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo, composto da cobertura radar do espaço aéreo, das redes de comunicações seguras e da solidificação das missões de interceptação e de Defesa Aérea.
A criação da 1ª Ala de Defesa Aérea (ALADA), localizada na cidade de Anápolis (GO), deu-se no dia 5 de abril de 1972, com o objetivo de servir como organização modelo para sediar a primeira unidade capaz de realizar, única e exclusivamente, as missões relativas à Defesa Aérea. Pouco tempo depois, a fim de se adequar à estrutura organizacional da Força Aérea Brasileira, a 1ª ALADA deixou de existir, dando origem à Base Aérea de Anápolis e ao 1º Grupo de Defesa Aérea, isso no dia 11 de abril de 1979.
O Sistema de Defesa Aérea foi colocado à prova também no mês de abril. A noite de 09 de abril de 1982 foi testemunha da primeira interceptação real da Força Aérea Brasileira. Dois Mirage III decolaram de Anápolis com a missão de interceptar a aeronave ILYUSHIN-62, que havia adentrado sem permissão no espaço aéreo brasileiro. Inicialmente, a aeronave incursora não obedecia nem respondia aos chamados dos controladores. Essa postura mudou completamente quando o piloto da aeronave interceptada foi ordenado a observar as suas asas e, então, percebeu um Mirage em cada lado de sua aeronave. A partir desse momento, a aeronave ILYUSHIN-62 acatou as ordens de pousar em Brasília para a realização das medidas de controle de solo.
Os Mirage III (F-103) foram operados pelo 1º GDA desde o ano de 1973 (voo inaugural no Brasil) até o ano de 2005, atingindo a marca de 66.948:10 horas de voo. A partir de 2006, os Mirage 2000 (F-2000) voaram e ostentaram a bolacha do 1º GDA em suas fuselagens. O F-2000, em conjunto com o F-5 modernizado das demais unidades de primeira linha da Aviação de Caça, foram os meios aéreos que serviram de assimilação e implementação do Combate BVR (do inglês, Beyond Visual Range – além do alcance visual, em português) na Força Aérea Brasileira. As aeronaves F-2000 foram aposentadas no ano de 2013, mesmo ano em que foi definido o Gripen E como vencedor do Programa FX-2. Desde então, o 1º GDA opera as aeronaves F-5EM e se prepara para o recebimento de mais aeronave F-39 Gripen.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.