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2 de abril de 2025

Grupo EDGE - Investimentos estratégicos impulsionam setor de defesa no Brasil

Por Ricardo Pereira
Jornalista e editor-chefe

Com aportes que ultrapassam R$ 3 bilhões no país, o Grupo EDGE vem consolidando sua presença no Brasil e expandindo suas operações. A empresa, reconhecida globalmente por suas inovações tecnológicas, prevê a inauguração de novas fábricas na região em 2025.

Desde a instalação de um escritório regional em Brasília até aquisições estratégicas, o conglomerado reforça seu compromisso com o avanço do setor de defesa e tecnologia no país. Em entrevista exclusiva ao Assuntos Militares, Tiago Silva, CEO do Grupo EDGE para a América Latina, detalha os planos da companhia para a região, abordando investimentos, parcerias estratégicas e o impacto das novas tecnologias no setor.

O Assuntos Militares agradece a Tiago Silva por compartilhar sua visão e perspectivas sobre o futuro da indústria de defesa no Brasil e no mundo.


Assuntos Militares - Você poderia comentar sobre a identidade do Grupo EDGE e quais são os principais produtos e serviços oferecidos na América Latina atualmente?

Tiago Silva - Fundado em 2019, o Grupo EDGE completou cinco anos de existência em novembro de 2024. Nesse curto espaço de tempo, a EDGE expandiu seu portfólio de produtos de 30 para 218 soluções de ponta nos domínios aéreo, terrestre, marítimo e cibernético - um crescimento de mais de 550% em apenas cinco anos. Durante esse período, a EDGE também expandiu significativamente sua presença global, com suas soluções chegando agora a clientes em 91 países. Os pedidos internacionais aumentaram de US$ 18,5 milhões em 2019 para mais de US$ 2,1 bilhões em 2024, destacando a crescente influência global do grupo no setor de tecnologia avançada e defesa. Além disso, a receita anual atingiu US$ 4,9 bilhões em 2024, refletindo o notável crescimento financeiro impulsionado por seus investimentos estratégicos e inovação.

Na América Latina, começamos a operar em 2023, com o estabelecimento de nosso escritório regional em Brasília. As operações na América Latina têm se concentrado principalmente em segurança nacional e segurança interna, com ênfase na vigilância de fronteiras.

Na LAAD 2025, apresentaremos mais de 80 produtos de diferentes domínios - armas autônomas e inteligentes; soluções de guerra eletrônica e segurança cibernética - que estão muito alinhados com a demanda regional.


Assuntos Militares
 - O Brasil foi escolhido como o primeiro país fora dos Emirados Árabes Unidos a sediar um escritório regional do Grupo EDGE. Quais os critérios e motivações que levaram a essa decisão?

Tiago Silva - Para a EDGE, o plano estratégico para o Brasil era único, diferente de outros mercados. O estabelecimento de um escritório regional no Brasil é um sinal claro da confiança da EDGE nos mercados de todo o continente e nas oportunidades valiosas que eles apresentam para o desenvolvimento de negócios internacionais, compartilhamento de conhecimento e maior prosperidade. No Brasil, além do escritório regional - que ajuda a estabelecer um diálogo constante na região - nosso foco está em várias áreas e iniciativas estratégicas, não apenas do ponto de vista comercial, mas também tecnológico. Contamos com a experiência de empresas consolidadas e criativas com preços competitivos. Estamos confiantes de que teremos mais sucesso no Brasil, estruturando também cadeias de suprimentos para fabricação e exportação, além de fortalecer nossas operações em todo o ecossistema de defesa em evolução no país.



Assuntos Militares
 - O Grupo EDGE já adquiriu participações em duas importantes empresas brasileiras do setor de Defesa/Segurança Pública, a SIATT e a CONDOR. Como essa parceria contribuirá para os objetivos do Grupo?

Tiago Silva - Desde que entrou no mercado brasileiro, a EDGE adquiriu participações de 50% e 51%, respectivamente, em duas das maiores empresas estratégicas de defesa do país, a SIATT e a CONDOR. No caso da SIATT, o objetivo estratégico da aquisição foi permitir que a EDGE desenvolvesse um produto competitivo altamente especializado com a empresa de São José dos Campos e aumentasse a produção para exportação internacional. Após um grande investimento da EDGE, a SIATT está agora desenvolvendo o Míssil Antinavio Nacional da Marinha (MANSUP), com um alcance de 70 quilômetros, em parceria com a Marinha do Brasil, e a versão estendida do MANSUPER, com um alcance de 200 quilômetros.

No caso da CONDOR, a EDGE analisou o potencial de exportação de um dos maiores especialistas mundiais em tecnologias não letais, que possui fortes canais de distribuição em mais de 85 países, e adquiriu uma participação de 51% na empresa. Como resultado, a CONDOR conseguiu aproveitar imediatamente a presença estabelecida da EDGE em vários mercados africanos e asiáticos e fechou um contrato de mais de US$ 10 milhões para os produtos da CONDOR em um país africano não revelado.

A parceria está produzindo resultados. A CONDOR esteve recentemente em Abu Dhabi para apresentar seus produtos ao Ministério da Defesa. A empresa sediada no Rio de Janeiro também tem planos de abrir uma fábrica nos Emirados Árabes Unidos para facilitar a logística de transporte de seus produtos para a região, além de uma nova unidade em São Paulo com investimentos da EDGE.


Assuntos Militares
 - Após a aquisição das participações na SIATT e na CONDOR, o Grupo EDGE ainda está analisando o setor brasileiro com vistas a possíveis aquisições futuras? Em caso afirmativo, quais segmentos seriam visados?

Tiago Silva - O Brasil tem grandes oportunidades em diferentes setores de defesa e segurança pública. Como um grupo líder mundial em tecnologia avançada e defesa, a EDGE está sempre aberta a avaliar investimentos em todo o mundo, inclusive no Brasil e na América Latina, o que nos permitiria expandir nossa presença e construir novas parcerias valiosas.


Assuntos Militares
 - Como o Grupo EDGE vê o futuro do míssil MANSUP e de sua versão de alcance estendido, o MANSUP-ER, tanto no mercado brasileiro quanto no cenário internacional? Poderia, se possível, citar alguns dos países que já demonstraram interesse?

Tiago Silva - O MANSUP é um excelente exemplo do sucesso proporcionado pela combinação de tecnologia de ponta, mão de obra altamente qualificada e profissional, investimentos significativos e sólidas parcerias governamentais, institucionais e industriais.

O contrato assinado em setembro de 2024 prevê o desenvolvimento completo do MANSUP até o final de 2025, alinhado com sua integração planejada ao novo programa da fragata Tamandaré.

Notavelmente, mesmo durante sua fase de desenvolvimento, a EDGE assinou um contrato de US$ 300 milhões com as Forças Armadas dos Emirados Árabes Unidos para vender o sistema MANSUP. Além disso, estão em andamento negociações com potenciais compradores na África, Ásia e América Latina.


Assuntos Militares
 - Como o Grupo EDGE está usando sua forte presença internacional para promover os produtos SIATT e CONDOR em países estrangeiros, e que efeitos já estão sendo sentidos?

Tiago Silva - O Brasil é um centro importante para a América Latina e tem o potencial de ser um centro para a África também. A EDGE já tem um relacionamento estabelecido com alguns países do continente e isso pode ser ainda mais fortalecido com os produtos da CONDOR e as exportações de mísseis com a SIATT, por exemplo.

Um exemplo é que, após a aquisição em abril de 2024, a CONDOR conseguiu aproveitar imediatamente a presença estabelecida da EDGE em vários mercados africanos e asiáticos e fechou um contrato multimilionário para os produtos CONDOR em um país africano não revelado.

A parceria está produzindo resultados também no Brasil. Recentemente, na IDEX, a CONDOR assinou um contrato inicial de vários milhões de reais como parte de um projeto maior que deverá investir R$ 45 milhões com a Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN) para tecnologia não letal.



Assuntos Militares
 - Que resultados positivos o Grupo EDGE já viu como resultado dos vários acordos que foram assinados com entidades do governo civil em vários níveis?

Tiago Silva
Como parte de nossa estratégia de longo prazo para construir parcerias, desde que começou a operar no Brasil, o Grupo EDGE tem se associado a instituições estratégicas como a Marinha do Brasil, a Força Aérea Brasileira e o Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil. O relacionamento da EDGE com o Brasil também tem marcos importantes, como um memorando de entendimento com a cidade de São José dos Campos em 2024 para expandir a colaboração nas áreas de segurança, educação e cidades inteligentes.

A EDGE também liderou compromissos com governos estaduais e municipais para encontrar maneiras de colaborar e também com órgãos governamentais como o CENSIPAM e a Emgepron.

Nos últimos 18 meses, a EDGE provou ser um parceiro importante para o Brasil, assim como o Brasil se tornou um parceiro vital tanto para a empresa quanto para os Emirados Árabes Unidos. Ao desenvolver capacidades com potências emergentes como o Brasil, os EAU estão reduzindo sua dependência dos mercados tradicionais de defesa e, ao mesmo tempo, capitalizando a crescente demanda da América Latina por soluções de segurança modernizadas.


Assuntos Militares
 - Deixando de lado as áreas de Defesa e Segurança Pública, em quais outros setores o Grupo EDGE pretende expandir sua presença no Brasil e na América Latina a curto e médio prazo?

Tiago Silva - A EDGE entende que, no vasto universo da defesa e da segurança pública, a tecnologia é um ativo cada vez mais fundamental. Sendo assim, a EDGE pode aproveitar muitas das tecnologias avançadas que temos e que desenvolverá ainda mais com o avanço da IA em sistemas autônomos, sensores e capacidades de guerra eletrônica para fornecer a capacidade de monitorar essas grandes fronteiras.


Assuntos Militares
 - Quais são os planos de crescimento do Grupo EDGE em escala global, e qual o papel do Brasil nessa estratégia de expansão?

Tiago Silva - A presença da EDGE é reforçada por um total de 13 aquisições internacionais e investimentos estratégicos, incluindo participações em empresas importantes, como as líderes brasileiras de defesa CONDOR e SIATT.  A empresa também investiu pesadamente no estabelecimento de uma rede de 24 joint ventures, ampliando sua vantagem competitiva em domínios importantes. Recentemente, anunciamos uma joint venture com a CMN Naval. Em maio de 2024, a EDGE e a gigante da construção naval Fincantieri formalizaram o lançamento da MAESTRAL, uma joint venture estratégica de construção naval em Abu Dhabi. Em dezembro de 2024, a EDGE formalizou uma joint venture - PULSE - com a Indra Sistemas da Espanha para desenvolver e fabricar sistemas de radar nos Emirados Árabes Unidos, reforçando a presença de mercado e a força tecnológica da EDGE.

O Brasil e a América Latina são parte integrante da estratégia global, colaborando com desenvolvimentos estratégicos; aumento das exportações e um pool contínuo de talentos excepcionais.



Assuntos Militares
 - Qual é a sua avaliação da recente LAAD 2025 em termos de potenciais benefícios comerciais para o Grupo EDGE?

Tiago Silva -
O evento bienal é a maior e mais importante feira comercial de defesa e segurança da América Latina, o que o torna uma oportunidade ideal para a EDGE apresentar seu diversificado portfólio de produtos. Com um foco claro em sistemas autônomos, armas inteligentes e guerra eletrônica, a EDGE destacará o vasto potencial de exportação de seus produtos e soluções de defesa de tecnologia avançada para o mercado brasileiro e em todo o continente, bem como para novas parcerias comerciais e de segurança.



Assuntos Militares
 - O Exército lançou recentemente uma consulta pública e uma consulta de preços com relação ao possível fornecimento futuro de SARPs Catg E. O Grupo EDGE tem interesse em se envolver nessa questão, por meio de alguma de suas subsidiárias?

Tiago Silva - Como uma empresa global que busca expandir seus negócios e parcerias, a EDGE está sempre acompanhando as tendências e os desenvolvimentos relevantes no universo da defesa e das Forças Armadas, mas não podemos comentar sobre consultas públicas específicas.


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